Semana passada, deparei-me com uma matéria da Revista HSM, que abordava sobre algumas soft skills demandadas ao profissional do século XXI e me encantei por um termo denominado "antifrágil".
De acordo com a reportagem, ser antifrágil vai
além de sermos resilientes: foca-se no autoconhecimento e na inteligência
emocional, onde reconhecemos nossas forças, e ao mesmo tempo, identificamos o
que precisamos melhorar.
Além disso, o antifrágil traz a ciência ao
indivíduo de suas vulnerabilidades e a humildade de reconhecer que não sabe
tudo e, ainda assim, incentiva-o a munir-se de coragem para aceitar novos
desafios na jornada pessoal e profissional de evolução contínua, tendo
autocompaixão e olhando para frente.
Porém, não basta identificar o erro que se
comete frequentemente: cabe a nós, como antifrágeis, aprendermos com ele e
evoluirmos, tentando não repeti-los com a mesma frequência.
É aí que entra a famigerada atitude de
Rodolffo, participante do Big Brother Brasil 2021: o sertanejo comparou a
peruca de uma fantasia de homem das cavernas (que teve que usar na punição na
brincadeira do Monstro), com o cabelo de um dos participantes da casa, João, o
qual tem um black power e que ficou imensamente chateado com o comentário
racista.
Errar faz parte do processo de aprendizagem,
porém, o problema aqui é que Rodolffo sempre incorre nos mesmos erros, tem
dificuldade de pedir desculpas de maneira genuína, já que após o
"arrependimento" da boca pra fora, acaba falando que o mundo está
cheio de mimimi para outros participantes, e ainda diz que as pessoas da casa
deveriam explicar para ele quando ele erra e ensiná-lo, ao invés do cantor, um
homem privilegiado, endinheirado e com acesso à informação, procurar aprender
por si, para minimizar seus erros.
Lembrando que Rodolffo já teve outras atitudes
machistas (ao alegar que Carla Diaz não ganhou o anjo do seu companheiro, pois
não era leal a ele, sendo que sempre esteve ao lado de Arthur), homofóbicas (ao
trocar de ambiente, quando o participante Gil do Vigor estava perto dele, por
ser um homem afeminado, ou falar mal dos trejeitos de Gil pelas costas, além da
"brincadeira" com a roupa de Fiuk, por ele usar uma camiseta que se
assemelha a um vestido) e racistas (Rodolffo nunca se aproxima de Camilla de
Lucas, mesmo que a influencer nunca tenha feito nada diretamente para ele).
Ou seja, para sermos antifrágeis, não basta
pedirmos desculpas e jogarmos nossas palavras ao vento: precisamos de fato nos
arrependermos genuinamente e, com muita humildade, aprendermos com os nossos
erros para minimizá-los.
Além disso, li na mesma reportagem um estudo,
denominado Institute of Business Value (IBV), realizado pela IBM com
aproximadamente seis mil executivos em 48 países, que mostra que as principais
prioridades dos CEOs em termos de skills críticos estão associadas a
habilidades comportamentais.
No paredão do BBB, Rodolffo pode sair por conta
de suas atitudes, e no "paredão da vida", muitas pessoas, mesmo
possuindo currículos invejáveis, são demitidas por jogarem a responsabilidade
de sempre incorrerem nos mesmos erros em outras pessoas, ao invés de assumirem
seus "B.O.s", não se desculparem e seguirem em frente, aprendendo
genuinamente a não repetirem os velhos padrões.
Espero que, ao sair do BBB, Rodolffo compreenda
que brincar com o cabelo dos outros, rebaixar as mulheres não tem mais graça.
Brincadeiras deixam de ser mimimi, a partir do momento que as pessoas morrem
por sua cor de pele, etnia, raça, preferência sexual e por ser mulher.
Fica agora uma reflexão: em que área de nossas
vidas estamos sendo o Rodolffo? O que precisamos admitir que precisamos evoluir
e buscarmos uma desconstrução?
Evoluir dói, mas é necessário. Um outro termo
muito interessante demandado ao profissional do século XXI e que Rodolffo
também precisa praticar, o lifelong learner, o qual nos ajuda a desenvolver a
capacidade de desaprender velhos hábitos e aprender rapidamente novos conceitos
e práticas.
Desejo a nós uma década com mais humanidade,
pessoas abertas a aprenderem e evoluírem, afinal, as empresas e o século XXI
precisam cada vez mais de pessoas inspiradoras, que não necessariamente tenham
um cargo de liderança para inspirar outras, mas que, por meio de um olhar de
empatia, sejam exemplo e compreendam o lugar do outro.
Que possamos, por meio do antifrágil e do
lifelong learner, ser a diferença que queremos no mundo, em tempos de tanto
caos e falta de empatia.
Mariana Munis - mestre em Administração e professora de Marketing e
Comportamendo do Consumidor na Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.
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