“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”, define a Organização Mundial de Saúde, OMS. Um ano depois dos acontecimentos que mudaram o mundo para sempre, há reflexos visíveis no bem-estar físico e mental das pessoas de todas as idades. Diversos hábitos adquiridos nesse tempo colaboraram com uma piora na qualidade de vida, acarretando mais doenças mentais, físicas e coletivas. Entretanto, aos poucos, há uma maior conscientização da necessidade da mudança de costumes.
“A ansiedade
contribuiu com o aumento da hipertensão e casos de AVC”, afirma a cardiologista
e diretora técnica do Hospital Águas Claras, Núbia Welerson Vieira. De acordo
com a médica, a hipertensão aumentou por três principais fatores: ansiedade
(medo do futuro); diminuição da atividade física e descontrole alimentar.
"Perdeu-se o controle da pressão arterial sem o exercício físico e, até
agora, não houve um retorno adequado nem consistente das práticas”, comenta.
Além disso, a médica alerta que "a comida foi utilizada como válvula de
escape. Com isso, veio o aumento de peso, outro fator de descontrole da pressão
arterial”.
Núbia
Welerson destaca que não existe uma “receita de bolo” para resolver o problema,
especialmente na pandemia. Mesmo assim, é possível estar em isolamento ou
distanciamento social e promover uma melhora na qualidade de vida a partir de
pequenas atitudes. O segredo está na consistência. “Começar, mesmo que aos
poucos, a rotina de exercícios físicos, tomar medicamentos adequadamente,
alimentar-se em família, ser consciente ao comer e buscar outras formas de
aliviar a ansiedade sem ser compulsivo e, principalmente, procurar ter uma
saúde mental equilibrada. Com essas dicas, é possível passar pelos momentos
mais difíceis com boa saúde e viver mais”, aconselha.
O que diz a
nutrologia:
“Assim como
as medidas de isolamento, é fundamental redobrar os cuidados com a alimentação.
Um pior estado nutricional pode deixar o organismo mais vulnerável e aumentar
ainda o risco de complicações de Covid-19. O comer associado às emoções é
comum, no entanto, é preciso ter atenção aos exageros, tanto na quantidade
quanto na frequência de consumo. Identifique os gatilhos emocionais que fazem
agir de forma impulsiva diante da comida. Perceba qual o tipo de fome está
sentindo e se pergunte antes de comer. Essas pausas podem ajudar a entender e a
lidar melhor com o que está sentindo e evitar descontroles.
Outro ponto
é o consumo de álcool, que é encarado por alguns como uma válvula de escape e
traz grande perigo à saúde. O álcool, além de viciante, possui muitas calorias
vazias, desprovidas de minerais e vitaminas. Ao consumir bebidas alcoólicas, a
pessoa se sente mais saciada, tornando muito maior a chance de pular refeições
importantes e fazer uma alimentação desequilibrada. Porém, o excesso contribui
com doenças como gastrite e úlcera estomacal, hepatites, piora da pressão alta,
AVC, cânceres, entre outras”.
Como criar melhores
hábitos à mesa mesmo com um cenário incerto?
1. Prefira
alimentos in natura ou minimamente processados;
2. Utilize óleos,
gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades;
3. Descasque mais,
desembale menos;
5. Coma regularmente
e com atenção;
6. Desenvolva suas
habilidades culinárias;
7. Planeje
seu tempo e distribua as responsabilidades com a alimentação na sua casa;
8. Beba água
regularmente.
O que diz a
geriatria:
Os idosos
foram os que mais sofreram com a pandemia. Houve aumento na depressão e na
ansiedade por conta do medo do futuro e afastamento social das pessoas amadas.
A falta de habilidade com tecnologia também descompensou os transtornos nessa
população. Alguns tiveram necessidade de aumentar ou trocar a medicação. Muitos
adiaram consultas que deveriam ter sido realizadas. Com isso, houve
desequilíbrios metabólicos que culminaram na piora de quadros como hipertensão
arterial e diabetes, redução da mobilidade e dos exercícios físicos ao ar
livre. Há também relatos de piora relacionada às dores articulares. A brusca
mudança em todo um estilo de vida, além do grupo de risco, piorou o bem-estar
dessa população.
Para que
haja melhor qualidade de vida para os idosos, é importante promover uma dieta
saudável, cuidar e controlar doenças pré-existentes, cuidar do humor e propor
experiências que tornem o envelhecimento um período mais tranquilo. A dica mais
importante é manter um ritmo de atividade física regular. Seguir as medidas de
prevenção recomendadas, escolher um lugar pouco movimentado e caminhar de 20
minutos a 30 minutos por dia, no próprio ritmo é essencial. Uma alternativa é a
dança sênior, que pode ser realizada sentado, ou com poucos movimentos em pé, e
a prática é facilmente encontrada em vídeos ou grupos de idosos na internet.
Por um tempo de saúde e
qualidade de vida
Construir um mundo
mais justo, equitativo e saudável após a Covid-19 foi a mensagem central da OMS
no Dia Mundial da Saúde, comemorado em 7 de abril. Especialistas da OMS alertam
que a promoção das melhores práticas para o desenvolvimento da saúde na
população de todas as idades começa também em ações individuais, como respeitar
os protocolos e cuidar melhor do corpo e da mente.
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