Cataratas do Iguaçu. Crédito: Pixabay |
Além de incentivar
a visitação de patrimônios naturais no país, atividade turística responsável
promove a consciência ambiental, preservação do meio ambiente e gera
oportunidades de emprego e renda para comunidades locais
A conservação da natureza tem enorme potencial de
desenvolvimento socioeconômico, sendo o turismo uma das atividades com maior
capacidade de proteção ao meio ambiente e geração de renda e empregos. Ao
atrair pessoas para conhecerem, de maneira responsável, paisagens e belezas
naturais do país, o setor – um dos mais impactados pela pandemia de Covid-19 –
mostra que é possível unir esses dois pontos. Uma das opções de turismo mais
promissoras e seguras para este momento em que se deve evitar aglomerações é o
turismo em áreas naturais. O Dia Nacional do Turismo Ecológico,
celebrado em 1º de março, foi instituído justamente para incentivar a conexão
entre as pessoas e a natureza, além de promover a consciência ambiental e a
importância da preservação da fauna e da flora.
“A busca por contato com a natureza e a visitação
de espaços naturais sempre foi de grande importância para a humanidade. A
indústria do turismo busca se apropriar do desejo humano de contato com
paisagens extraordinárias e, em última análise, com a natureza, como motor
econômico. A forma que esta exploração econômica se dá é determinante para a
sustentabilidade das próprias paisagens e atributos naturais”, afirma o professor do Instituto de Biociências da Unirio e
membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Carlos
Augusto Figueiredo.
Segundo dados da Confederação Nacional de Comércio,
Serviços, Bens e Turismo (CNC), o segmento do turismo é responsável por mais de
3,5% do Produto Interno Bruno (PIB) do Brasil e, entre março e dezembro de
2020, por conta da pandemia, acumulou prejuízo de R$ 261,3 bilhões.
Por ser uma das principais atividades da economia
brasileira, o investimento em políticas públicas para a conservação da natureza
é essencial, somada à conscientização da população para que a atividade não
seja predatória e continue gerando renda de forma sustentável para as
comunidades locais. “O turismo ecológico é uma atividade que propicia aliar
conservação de biodiversidade com a promoção de atividades socioeconômicas,
fomentando ainda o bem-estar das pessoas e a saúde do ambiente”, exalta o
professor titular do Departamento de Ecologia da Universidade de São Paulo
(USP) e também membro da RECN, Jean Paul Metzger.
“A natureza cada vez mais
estará no centro da atividade turística. O longo período de isolamento social
provocado pela pandemia tem realçado a importância de valorizarmos e
protegermos nossos ambientes naturais, que têm um papel importantíssimo para o
bem-estar e a saúde das pessoas. O turismo em áreas naturais está entre as
experiências que mais trazem segurança ao viajante neste cenário de Covid-19.
São espaços abertos, com opções perto de casa e custos adaptáveis a diversos
bolsos”, explica o gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza, Emerson Oliveira, ressaltando
que qualquer atividade turística exige cuidados individuais para evitar
aglomerações e deve respeitar as recomendações das autoridades.
Neste contexto, não faltam lugares para serem
conhecidos no Brasil. Fernando de Noronha (PE), Chapada dos Guimarães (MT),
Bonito (MS), Chapada Diamantina (BA), Chapada dos Veadeiros (GO), Lençóis
Maranhenses (MA), Jalapão (TO), Cataratas do Iguaçu e a Reserva Natural Salto
Morato (PR) e Brotas (SP) são algumas das opções para respirar ar puro e entrar
em contato com ambientes de belezas espetaculares.
Inovação
Propostas de roteiros e
experiências que aliam conservação, turismo responsável e fortalecimento das
populações locais estão atraindo cada vez mais o interesse dos viajantes. Em
busca de soluções para incentivar o turismo de natureza e promover a proteção
do meio ambiente, a Fundação Grupo Boticário selecionou, em 2020, projetos
inovadores para receber apoio financeiro e serem desenvolvidos a partir deste
ano. As iniciativas, descritas a seguir, são escalonáveis e com capacidade de
serem replicadas em todo o país.
O eTrilhas é uma
plataforma digital que permite a conexão entre três vetores das trilhas
ecológicas: as unidades de conservação, o visitante e a cadeia produtiva do
entorno, potencializando uma relação de consumo sustentável entre eles. A
ferramenta pode ser customizada para diferentes áreas geográficas e unidades de
conservação e seu gerenciamento é realizado de forma descentralizada,
garantindo escalabilidade global à solução. Nessa linha, a plataforma espera
engajar o público na visitação de trilhas ecológicas em todo o Brasil e
conscientizar os praticantes sobre a importância da preservação. Ao dar mais
visibilidade para a prática, o eTrilhas também ampliará o alcance dos
prestadores de serviços locais, criando um ciclo virtuoso de preservação
ambiental e geração de renda.
Outro
exemplo é o projeto Vivalá, que desde 2017 promove
expedições turísticas para unidades de conservação (UCs), com foco na interação
com a natureza e com as comunidades locais. A empresa atua com o volunturismo e
o turismo de base comunitária, modalidades de visitação responsável em que os
viajantes podem contribuir positivamente com as pessoas e as regiões que estão
sendo visitadas. Além de atuar como operadora turística, a Vivalá tem um braço
de capacitação profissional voltado para micro e pequenos empreendedores
locais. O objetivo é que os serviços contratados durante as expedições sejam
oferecidos pelas próprias comunidades do entorno das UCs, garantindo emprego e
renda por meio da atividade turística sustentável.
O bem-estar também é foco de projetos inovadores
nesta área. O e-Natureza, da Sociedade Beneficente Israelita
Brasileira Albert Einstein, tem por objetivo oferecer um conjunto de
experiências para promover a saúde e o bem-estar de quem visita áreas naturais
e comunidades vizinhas. A iniciativa irá desenvolver um manual de boas práticas
para o turismo de bem-estar na natureza, que inclua ações como cursos de
formação on-line para gestores de unidades de conservação e profissionais de
saúde, além de atividades em campo, como contemplativas, observação de aves e
natureza, banhos de floresta e interpretação ambiental. Com isso, espera
qualificar, com fundamentação científica, o setor em expansão de turismo de
bem-estar na natureza.
Fundação Grupo Boticário
Rede de Especialistas em Conservação da Natureza
(RECN)
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