Resultados preliminares são de estudo conduzido pelo HCor e Hospital Moinhos de Vento e reforçam importância de iniciar reabilitação antes da alta hospitalar
Dados preliminares de um estudo conduzido pelo HCor - hospital
multiespecialista em São Paulo - e pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto
Alegre, apontam que 88% dos pacientes internados com diagnóstico positivo de
Covid-19 apresentam quadros de disfagia em algum grau, variando de leve a
grave.
A disfagia é uma alteração no processo de deglutição,
caracterizadas pela dificuldade para engolir alimentos, líquidos ou saliva, em
qualquer etapa do trajeto da boca ao estômago. Sua ocorrência pode levar à
desnutrição, desidratação, repercussão pulmonar, além de interferir na
qualidade de vida desses pacientes.
Os participantes são pacientes internados em ambas as instituições
ao longo de 2020. Os dados foram coletados inicialmente por meio da consulta do
prontuário clínico de cada paciente e, posteriormente, com questionamentos ao
próprio indivíduo ou familiar responsável, seguida de avaliação
fonoaudiológica.
Os primeiros resultados envolvem 129 pacientes, com média de idade
de 72 anos, sendo 54% do sexo masculino. Dentre os participantes, 59% precisou
de intubação orotraqueal para o tratamento e 11% foram submetidos à
traqueostomia devido à gravidade da doença.
"A disfagia nos pacientes com infecção pelo vírus não está
ligada somente aos casos de intubação prolongada, mas, sim, a casos de
alterações respiratórias importantes mesmo sem intubação", explica José
Ribamar do Nascimento Junior, coordenador do setor de Fonoaudiologia do HCor e
pesquisador responsável do estudo.
Entre os participantes, 40% tinham doenças cardíacas de base, 38%
doenças neurológicas prévias e 7% apresentavam antecedentes de doenças
pulmonares. Os pacientes com maior tempo de intubação apresentaram maior a
gravidade da disfagia. A presença de comorbidades também aumentou a piora do
quadro disfágico.
Reabilitação e alta
A liderança do serviço de Fonoaudiologia do Hospital Moinhos de
Vento, Camila Ceron, que coordenou a pesquisa em Porto Alegre, ressalta a
importância da detecção precoce da disfagia, ainda durante a internação
hospitalar. "A avaliação e atuação fonoaudiológica são essenciais para
identificar a disfagia e iniciar a reabilitação, visando minimizar sequelas,
reduzir risco de pneumonias aspirativas, diminuir tempo de internação nas unidades,
bem como o tempo de internação hospitalar, garantindo boas práticas de
segurança ao paciente e permitindo assim melhores condições de desfecho clínico
e qualidade de vida", ressalta Camila.
Para Nascimento, com a mudança no perfil dos internados nos serviços
de saúde em 2021 é necessário que as equipes estejam preparadas para dar
assistência a esse tipo de sequela. "Temos visto muitos jovens que ficam
hospitalizados por um período maior, devido a quadros mais graves de Covid-19.
Por isso, a incidência de disfagia pode apresentar alta prevalência, demandando
preparo da equipe também no cuidado desse quadro", comenta.
Sobre a disfagia
Caracterizada pela dificuldade para engolir alimentos, líquidos ou
saliva em qualquer etapa do trajeto da boca ao estômago, a disfagia pode ser
comum em idosos e pacientes acometidos por tumores de cabeça e pescoço,
Acidente Vascular Cerebral, cardiopatias e alguns tipos de doenças neurológicas
- como Doença de Parkinson e Alzheimer.
A dificuldade com frequência é acompanhada de
engasgos e, algumas vezes, regurgitação de líquidos pelas cavidades do nariz.
Há possibilidade de aspiração dos líquidos e alimentos, que podem acarretar
desenvolvimento de pneumonias e, até mesmo, levar ao óbito.
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