As pessoas almejam longevidade com qualidade de vida. Alinhar saúde, tanto física como emocional, além de bem-estar, socialização, segurança e outros aspectos da vida, é fundamental durante o envelhecimento. Muitos familiares de pessoas com mais de 60 anos se questionam como proporcionar o cuidado adequado e acredito que promover discussões sobre o tema nos ajuda a lembrar que essa parcela crescente da população precisa ser ouvida, respeitada e priorizada. Como sociedade é nosso dever falar sobre a importância de uma atenção direcionada aos idosos.
Na fase idosa, é preciso lembrar que, além do
apoio de familiares e amigos, uma equipe multidisciplinar pode ajudar a atender
as necessidades de cada um. Costumo dizer que, quando esses especialistas se
unem com foco no indivíduo, vemos o progresso desse paciente. É o que chamo de cuidado
singular. Vai além de atender a pessoa no consultório, pois é praticar a escuta
ativa e entender que o idoso tem anseios, dúvidas, sentimentos, deseja que suas
vontades e particularidades sejam atendidas, mesmo que com algumas limitações
ou restrições. Posso resumir em: ter empatia.
Considerando que precisamos, cada vez mais, falar
sobre como proporcionar esse cuidado singular, separei três dicas essenciais
que familiares e amigos de idosos precisam estar atentos e podem aplicar no dia
a dia:
1. Adaptações na casa
Parece algo simples, mas muitas pessoas esquecem
que um fio exposto ou tapete pode causar uma queda ou acidente. O processo de
envelhecimento faz com que algumas pessoas tenham suas capacidades funcionais
motoras reduzidas, por isso, é essencial pensar em maneiras de cuidar
adequadamente dessa nova necessidade. Um corrimão e adesivos antiderrapantes na
escada proporcionam segurança, por exemplo. Algumas famílias optam por rampas,
barras de apoio, eliminam os tapetes, escolhem pisos que não sejam muito lisos.
São várias adaptações até nos móveis, como a cama, cadeiras e sofá, que, muitas
vezes, estão ou muito baixos ou altos e afetam a mobilidade e conforto dos
idosos.
As quedas em idosos podem causar fraturas,
luxação, entre outras lesões, sejam leves ou graves. É importante reforçar que
os ossos da pessoa idosa não são mais tão fortes e a recuperação após uma queda
é mais lenta. Para preservar a segurança de seu familiar idoso é fundamental
olhar para o seu ambiente e pensar: "Como posso adequar e proporcionar
conforto?".
2. Pratique a escuta ativa e se lembre da
importância do cuidado singular
É comum as pessoas pensarem que, porque seu
familiar se tornou idoso, ele se transformou em uma criança, cheia de manias, e
que os outros adultos devem escolher tudo por eles. Desde a comida até a
programação diária. Agir dessa maneira até pode ocasionar doenças emocionais
como estresse, depressão e ansiedade nos idosos, pois eles sentem que sua
identidade, gostos e preferências não são mais importantes. Eles querem e
precisam ser ouvidos. Muitas vezes, será necessário paciência, porque eles
passam a ter algumas limitações e, até se adaptarem a elas, leva tempo. Mas
então entra em cena aquela palavra que falei no começo do texto: empatia.
Quando alinhamos essas duas palavras com o respeito passamos ouvir mais e
cuidar com foco em atender às necessidades individuais daquela pessoa.
3. Proporcione atividades de relaxamento
Todos precisam de um tempo para descansar e
relaxar. Isso é ter saúde e qualidade de vida. Como já mencionei no artigo
sobre a atenção que a população idosa necessita nessa época de distanciamento
físico, devido à pandemia, manter-se ativo é fundamental e relaxar faz parte
disso. Cada pessoa tem uma forma de descansar a mente e o corpo, seja
praticando meditação ou yoga, cozinhando, pintando, lendo, assistindo um filme
ou série. O importante é encontrar uma maneira de fugir da rotina de correr com
mil afazeres do dia a dia e reservar um tempo de autocuidado. Relaxar repõe as
energias, traz prazer e proporciona alegria.
Os idosos devem escolher como e o que desejam
fazer. Os familiares podem incentivar essas atividades de relaxamento, mas não
devem impor ou forçar, para o que deveria ser prazeroso não se torne
estressante, já que o objetivo é totalmente o oposto.
Nesse momento, o cuidado e a preocupação com
aqueles que amamos precisam de um olhar ainda mais atento. Carinho e amor são
essenciais. Obviamente, a saúde tanto física quanto emocional deve ser vista
como prioridade. Precisamos lembrar constantemente que nossos idosos necessitam
de atenção direcionada para que a longevidade com qualidade de vida seja
colocada em prática.
Mini Bio Dra. Ana
Catarina Quadrante - Geriatra
e coordenadora médica da Cora Residencial Senior, formou-se na Faculdade de
Ciências Médicas de São Paulo e fez residência em clínica médica no Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e, também, em geriatria e
gerontologia. Tem pós-graduação em aperfeiçoamento em cuidados paliativos pelo
Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa. Atuou como clínica médica do
Instituto do Câncer de São Paulo e como médica geriatra nos hospitais: Santa
Cruz, Sírio Libanês, Alemão Oswaldo Cruz. Além disso, também foi médica da
equipe de cuidado paliativos do Hospital Metropolitano do Butantã.
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