Muito se tem debatido sobre Educação ao longo dos anos e, em 2020, essas trocas romperam paradigmas para ir ao encontro do que seria mais adequado e factível em tempos de desafios pandêmicos: uma pausa na trilha tocada de forma habitual para uma adaptação e flexibilidade inimagináveis no curtíssimo prazo. Educadores que somos, não desistimos jamais! Na minha área de esperteza, Educação começa com L. O espectro de palavras com essa letra inicial é vasto e muitas delas podem ser usadas com a argumentação adequada. Mas, aqui, escolho o enfoque Linguístico.
Afinal, como línguas e Educação se moldam? Dominar
línguas – duas pelo menos – é chave para melhorar a vida e o trabalho dos
indivíduos no contexto de mundo atual. Além de promover a mobilidade, a
aprendizagem diversa ao longo da vida e a remoção de barreiras à inclusão
social, a melhoria da aprendizagem linguística é um facilitador fundamental
para uma educação na qual aprender, estudar e pesquisar não sejam anulados
pelas fronteiras.
O objetivo educacional e linguístico é ambicioso:
garantir que, quando os jovens deixarem o Ensino Médio, possam falar e escrever
bem em pelo menos dois idiomas - o seu idioma mãe e um idioma adicional; ter
conquistado ganhos em contextos de alfabetização/biletramento, consciência
linguística e multiculturalidade e estarem aptos para projetarem sua voz
globalmente. Cultura está relacionada a traços e características de povos que,
por coabitarem um mesmo território geográfico – a nação –, compartilham valores
e costumes comuns. Desse modo, é frequente pensarmos em cultura brasileira,
cultura inglesa ou americana, por exemplo, mas na educação com L, cultura não é
um conjunto de valores e características estáveis que faz com que os indivíduos
se comportem de certa maneira comum a todos os outros que também nasceram e
cresceram naquele território específico. É um conjunto de ferramentas
subjetivas, afetividades, memórias históricas e troca de experiências que
atraem mais consciências culturais e diversidades que vão além do local
geográfico e de uma única língua.
Há também a questão de multiletramentos, que faz
referência à multiplicidade dos meios de comunicação, ao aumento das
possibilidades linguística e (novamente) cultural presentes no mundo e aponta
para a variedade das práticas letradas e para o fato de que os modos de
representação variam de acordo com as culturas e contextos. Nessa imensa
diversidade, fronteiras deixam de ter sentido separatista e os processos de
significação levam à multiplicidade de (re)significações a partir do encontro
entre esses múltiplos discursos. Assim, a Educação com L se objetiva a:
- Expor os alunos o mais cedo possível a mais de
uma língua. Tornar-se proficiente em falar línguas é mais eficaz quando a
aprendizagem começa em uma idade mais baixa. A imersão por meio da
mobilidade, tanto real quanto virtual, também é uma das formas mais
eficazes de se tornar totalmente fluente em uma língua adicional.
- Implementar políticas escolares
bi/plurilíngues e que apoiem o desenvolvimento das línguas na
escolaridade, promovendo o bilinguismo no aluno e em seu entorno. O
biletramento transcende fronteiras linguísticas e é uma habilidade
fundamental para a aprendizagem, pois os benefícios cognitivos e
psicossociais se estendem a todos.
- Desenvolver formação de professores e ensino
(multi)colaborativo. Professores de idiomas e de disciplinas das áreas do
conhecimento precisam de formação sobre como adotar pedagogias inclusivas
e linguisticamente sensíveis e gerenciar a diversidade em sala de aula.
Oportunidades fortalecidas de mobilidade virtual na formação inicial de
professores e para professores atuantes, bem como ensino colaborativo e o
envolvimento de toda a escola, são formas eficazes de auxiliar os docentes
em sua formação constante a tornarem-se mais conscientes sobre as línguas
utilizadas na escola.
- Apoiar parcerias escolares entre escolas,
estados e nações por serem fundamentais para o desenvolvimento contínuo e
inovação na formação de professores, pois fornecem uma base para a troca
de boas práticas e o desenvolvimento de programas de mobilidade (virtual
ou presencial). A entrada de professores no conceito de conscientização
linguística é importante e pode ser aprimorada através da troca de
práticas pedagógicas com escolas de diferentes localidades.
Por tudo isso, Educação começa com L: língua,
letra(mento), limiar, longevidade… e é um processo contínuo.
Luiz Fernando Schibelbain
- especialista em ensino de Inglês e Gerente Executivo do PES Language Program
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