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Dados do Instituto Nacional do Câncer comprovam que mais de meio milhão de mulheres são afetadas pela doença todos os anos
Na semana passada, a apresentadora Fátima Bernardes
anunciou que foi diagnosticada com câncer de útero e pausaria as gravações de
seu programa matinal para realizar o tratamento. Felizmente ela descobriu a
doença em estágio inicial, graças a um check-up. A notícia acende um alerta
sobre a importância das consultas de rotina.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais
de meio milhão de mulheres no mundo todo são afetadas pelo câncer de colo de
útero anualmente. Com isso em mente, a Febrasgo (Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia) anunciou na última semana, em
conjunto com a OMS, uma campanha para erradicar a doença no país.
Os sintomas do câncer de colo de útero só aparecem
com sinais de corrimento alterado, dor abdominal ou pélvica, e até mesmo
sangramento fora do período menstrual, quando está num estágio muito avançado.
“O acompanhamento anual com um ginecologista, mesmo que a paciente esteja bem e
não apresente nenhum tipo de sintoma, é de extrema importância. Algumas
doenças, como o câncer de útero, no início podem ser assintomáticas”, enfatiza
doutor Fernando Prado, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução
humana.
De acordo com o especialista, o exame preventivo
inicial mais indicado para todas as mulheres que iniciaram a vida sexual é o
Papanicolau. “O exame é o responsável por detectar infecções e alterações na
região íntima, além de analisar as condições do útero, se há algum tipo de
lesão que precisa ser investigada por biopsia ou até mesmo raspagem para
descartar qualquer indicativo de câncer”, explica.
Nos casos de resultados anormais no Papanicolau, o
ginecologista pode solicitar também a Colposcopia, exame que analisa
diretamente o colo uterino, além de outras estruturas genitais.
Ao falar de câncer de útero a primeira dúvida
levantada é sobre a necessidade da remoção do órgão. “O ginecologista junto com
o time de oncologia avaliará cada caso. Primeiro deve-se analisar a extensão do
câncer, e caso seja possível, realizar uma conização, ou seja, a retirada de um
pedaço um pouco maior do tecido uterino. Desta maneira é possível remover a
parte doente sem que ela se espalhe para o resto do corpo, conservando também a
funcionalidade do útero”, esclarece doutor Prado.
Se a expansão das células cancerígenas for muito
grande também será realizado tratamento de radioterapia ou quimioterapia.
“Nessas situações é importante uma conversa com a paciente sobre o desejo de
uma gravidez futura, já que os tratamentos quimioterápicos e a radiação podem
levar a uma menopausa precoce. Quando a mulher está em idade fértil é válido
considerar deixar óvulos ou embriões congelados que podem ser fertilizados quando
a paciente estiver livre da doença”, enfatiza. Caso o câncer tenha se espalhado
para todo o órgão, é necessário realizar a remoção.
A principal causa do câncer do colo do útero é a
infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano). “Quando não causa o sintoma
mais comum das verrugas genitais, o vírus vai lesionando a parede do útero aos
poucos. Podem passar anos até que se desenvolva um câncer”, explica doutor
Fernando.
A vacinação contra o HPV tem como função prevenir
as doenças causadas por este tipo de vírus. Desde 2014 o SUS distribui a vacina
gratuitamente para meninas entre 9 e 14 anos, e meninos entre 11 e 14. A vacina
também pode ser tomada pela população com idade superior em clínicas
particulares.
Em tempos de pandemia, a busca por vacinas e até
mesmo consultas de rotina caíram bastante. “Quanto mais cedo a doença for
detectada mais fácil será o processo, então é importante manter em dia a visita
anual com seu ginecologista”, finaliza.
Fernando Prado - Médico ginecologista e obstetra, especialista em
reprodução humana, doutor pelo Imperial College London e pela Universidade
Federal de São Paulo, diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de
embriologia do Labforlife
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