Dra.
Maura Neves otorrinolaringologista ensina técnicas para treinar o olfato e
recuperar o sentido após a COVID-19
A perda da capacidade
de sentir cheiro ou olfato, é um dos principais sintomas da Covid19. Há vários
graus para essa perda e ela pode ocorrer em qualquer fase da doença ou até não
aparecer.
Dra. Maura Neves
Otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e
Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF explica que em muitos casos a perda do
cheiro vem associada a perda do sabor (ou paladar). O que a ciência percebeu
recentemente é que, em muitos casos, a perda de olfato pode durar meses, mesmo
após a pessoa ter se curado da Covid-19.
O que ajuda a combater
essa sequela é uma série de exercícios, uma espécie de "fisioterapia de
cheiros".
Perder o olfato pode
afetar a qualidade de vida, e leva, em alguns casos, a isolamento e até
problemas emocionais como a depressão.
Há vários tipos de
perda de olfato:
• Anosmia: é uma
ausência completa do olfato;
• Hiposmia: é um
olfato reduzido;
• Parosmia: é um
olfato distorcido, ou seja, sente um cheiro "bom", mas, o cérebro
interpreta como "ruim" ou vice versa;
• Fantosmia: é quando
você sente cheiros que não existem.
A médica explica que a
perda do cheiro também pode afetar a sensação do sabor ou paladar. "Muitas
pessoas confundem a perda do olfato com a perda do paladar (ageusia). No caso
da Covid-19 a perda do paladar é o que chama atenção para a perda do olfato na
maioria das vezes". Explica Maura Neves.
Além da Covid-19 há
outras causas de perda de olfato que devem ser investigadas. São elas:
-Gripes e Resfriados:
outros vírus podem afetar o nervo olfatório. Isso não é exclusivo do
coronavírus!
-Trauma: batida na
cabeça ou nariz pode causar perda de olfato.
-Doenças neurológicas:
Parkinson, Demência e Alzheimer podem ter redução ou perda do olfato. Nestes
casos o treinamento traz bons resultados tanto para o cheiro quanto a memória.
-Doenças nasais:
sinusites e rinites crônicas afetam a percepção de cheiro.
A
otorrinolaringologista explica que o treinamento do olfato consiste em
estimular o nervo olfatório e as conexões cerebrais com aromas específicos e
assim ajudar na sua recuperação.
Como fazer o
treinamento do cheiro (olfativo)?
São utilizadas 4
fragrâncias de óleos essenciais para estímulo do olfato. Os aromas sugeridos
são: rosa, eucalipto, limão e cravo. "Cada essência deve ser inalada por
10 segundos com intervalo de 15 segundos entre cada uma. O treinamento deve ser
feito 2 x ao dia durante 24 meses para que haja tempo de recuperação da
sensação do cheiro e da comunicação com o cérebro." Explica a médica.
Também podem ser
usadas fragrâncias "domésticas" o que torna a realização do treinamento
mais fácil. Algumas sugestões abaixo:
• Café;
• Cravo;
• Mentol;
• baunilha;
• Menta (pasta de
dente);
• Vinagre;
• Tangerina (suco).
O modo de uso das
"fragrâncias domésticas é o mesmo das essências em frequência e tempo.
Deve-se ter cuidado apenas em escolher aromas que não causem irritação no nariz
para evitar o desenvolvimento de rinite.
Mesmo que a pessoa não
sinta o cheiro de nada nos primeiros dias é importante fazer o treinamento.
Isso porque um nervo danificado tem uma boa chance de se reparar e o
treinamento é a maneira de ajudar isso a acontecer mais rápido.
Estudos recentes
mostram que pessoas que usam o treinamento olfativo se saem melhor nas áreas de
identificação de cheiros do que aquelas que não fazem nenhum treinamento. Há
outros tratamentos possíveis para a perda de olfato. Os medicamentos podem ser
prescritos caso a caso e dependem de avaliação e seguimento com médico
otorrinolaringologista.
Sobre recuperar o
olfato, um estudo brasileiro mostra que a maioria dos casos melhora e que
apenas 5% dos casos não apresenta melhora alguma. De qualquer forma, o
tratamento precoce ajuda essa recuperação e deve ser feito com orientação
médica.
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