Levantamento realizado pelo IBOPE Inteligência evidencia desinformação sobre importância da rotina oftalmológica e desconhecimento sobre glaucoma; campanha a respeito da doença terá Daniela Mercury como embaixadora
Outubro é o Mês Mundial da Visão e
prezando a relevância da data e desconhecimento do brasileiro sobre o tema, são
apresentados novos recortes da pesquisa "Um olhar para o glaucoma no
Brasil". O levantamento foi realizado neste ano pelo IBOPE Inteligência
junto a 2,7 mil internautas brasileiros, a partir dos 18 anos de idade, em
diferentes estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina e São Paulo.
É evidente a falta de informação sobre a
importância com os cuidados com a visão. O levantamento destaca as faixas etárias mais jovens (18 a 24 anos),
evidenciando que um a cada cinco relata nunca ter ido ao oftalmologista (21%) e
apenas 10% visitaram uma única vez na vida. Entre todos os entrevistados,
quando perguntados sobre a frequência que vão ao especialista, 10% assumiram
que nunca foram e 25% disseram que raramente, somente quando sentem algum
incômodo nos olhos.
"Confirmar o quanto existe de
desinformação é muito preocupante. Quase metade dos entrevistados (41%) não
reconhece que a visão embaçada é algo importante para saúde dos olhos, 37% não
se preocupa com a perda parcial da visão, algo extremamente preocupante, e
quase 80% não compreende que enxergar pontos pretos pode ser um sinal de
agravamento ocular", pontua o oftalmologista Luiz Henrique Fernandes,
diretor médico LATAM da Upjohn, divisão da Pfizer focada em doenças não
transmissíveis.
Além disso, do total da amostra, 30% acreditam
que se deva procurar o oftalmologista somente depois que comece a usar óculos e
23% após perceberem alguma perda de visão. Apenas 13% acreditam que a visita ao
oftalmologista deve se tornar frequente quando a pessoa tem alguma dor nos
olhos. Já entre os entrevistados jovens adultos, com 18 a 24 anos, esse
porcentual sobe para 21%.
Glaucoma: esse
desconhecido
Mais do que indicar a falta de conhecimento
sobre a importância das consultas com especialistas, a pesquisa revela uma
forte desinformação a respeito do glaucoma, já que a OMS (Organização Mundial
da Saúde) aponta a patologia como a segunda causa de cegueira no mundo, ficando
atrás apenas da catarata. Porém, representa um desafio maior para a saúde
pública do que a catarata, porque a cegueira causada pelo glaucoma é
irreversível1 .
Mais da metade (53%) dos pesquisados desconhece
que a doença possui a maior probabilidade de um quadro de cegueira irreversível
e 41% sequer sabem o que é glaucoma. Além disso, apenas 37% entendem que a ida
ao oftalmologista com frequência é uma medida que ajuda a diminuir os riscos,
39% desconhecem sua própria probabilidade de cegueira e 15% associam a perda da
visão com o desconforto nos olhos, então entendem não estar no grupo de risco.
"O desconhecimento é preocupante, pois há
alguns públicos mais propensos ao glaucoma. Existe maior chance de
desenvolvimento em pessoas com casos na família, afrodescendentes e pacientes
com pressão intraocular elevada2", relata o mestre e doutor em
Oftalmologia, Augusto Paranhos Junior, presidente da Sociedade Brasileira de
Glaucoma (SBG). "Estima-se que entre 2 a 3% da população brasileira acima
de 40 anos possam ter a doença, o que representa cerca de 1,5 milhão de
pessoas. E o levantamento aponta que mais da metade (53%) não sabia que o
glaucoma é a doença com a maior probabilidade de causar um quadro de cegueira
irreversível, 47% desconheciam a relação com a hereditariedade, e 90% não
associavam a patologia com a afrodescendência", finaliza.
Sobre a pressão intraocular, principal exame
para prevenção e controle da doença, 60% dos pesquisados da classe C nunca
mediram, não sabiam que existia ou se o oftalmologista já mediu. Segundo
projeções do IAPB (Agência Internacional para Prevenção da Cegueira) existe
aproximadamente 80 milhões de pessoas com glaucoma em todo o mundo e estimavam
que 3,2 milhões de pessoas ficariam cegas devido à doença até o final de 20203
- mais de 90% das pessoas com deficiência visual no mundo vivem em países
pobres ou em desenvolvimento3 .
Também com base em estudos brasileiros, existe
a dificuldade de diagnóstico e baixa adesão: apenas 10% são diagnosticados e
tratados4, 41% abandonam o tratamento devido a dificuldades de
acesso5 e cerca de 50% da população com glaucoma não
sabe que têm a doença, ou seja, ainda não foram diagnosticados6.
"A sociedade, principalmente os
jovens adultos, desconhece a seriedade das doenças oculares e entende que deve
esperar por sintomas para buscar ajuda. Porém, a rotina na ida ao
oftalmologista é essencial para o diagnóstico precoce", explica o Luiz
Fernando Vieira, gerente médico da Upjohn. "Muitas vezes, as doenças são
assintomáticas e, no caso do glaucoma, uma vez que a visão foi perdida, não
pode mais ser restaurada. É possível estabilizar e evitar a progressão da
cegueira. Por isso, a importância do diagnóstico precoce. Porém, temos de
frisar: não existe cura e, sim, prevenção", conclui
Lançamento da
campanha: corrente e desafio nas redes sociais
|
A pesquisa é uma ampla investigação sobre o cenário do glaucoma no Brasil e a necessidade de uma nova visão sobre a doença. A iniciativa contempla também o lançamento da campanha de conscientização "Não perca seu mundo de vista, tenha um novo olhar para o glaucoma", conduzida pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) e pela Upjohn. A campanha terá diversas ações com foco no universo digital em função das orientações sanitárias com relação ao distanciamento social no combate ao Covid-19. |
Destaque para a
embaixadora da causa, a cantora baiana Daniela Mercury, uma voz
influente em todo país e, principalmente, na região Nordeste - onde está a
maior população afrodescente7, vulneráveis por fazerem parte do
grupo de risco. Ela também tem aderência com o público acima dos 40 anos, mais
suscetível ao glaucoma, e aproximação com os jovens, também importante pelo
grande desconhecimento atestado pelo levantamento "Um olhar para o glaucoma
no Brasil".
"Fiquei feliz
em vestir essa camisa e lutar por uma causa tão importante para a saúde de
todos. Por falta de conhecimento, algumas pessoas passam anos sem saber que têm
glaucoma e consultar um especialista é fundamental. Houve, por exemplo, um caso
de doença ocular na minha família e percebi o quanto um problema na visão pode
impactar na saúde geral de uma pessoa. É essencial divulgar e falar sobre esse
tema", conta a artista.
Um filtro temático e dinâmico para
Instagram foi criado, levando o efeito tubular e embaçado, com
possibilidade de avançar os estágios da doença, para percepção de como o
glaucoma atinge a visão e causa a perda de importantes momentos da vida. Já no Facebook será possível
adicionar um tema na foto do perfil que simula a fase mais avançada da doença.
"Por meio de um
discurso sensível e educacional, esperamos engajar diferentes públicos. O
insight criativo é demonstrar com o uso dos filtros que simulam o efeito do
glaucoma que a doença pode roubar as melhores cenas da vida e, para sempre. Por
isso, a importância dos cuidados com a saúde ocular", explica destaca Ana
Luiza Petry, gerente de Comunicação e Assuntos Corporativos da Upjohn.
Para dar ainda mais
visibilidade, força e o tom certo à iniciativa, um time de famosos,
influenciadores, anônimos - alguns deles pacientes diagnosticados com glaucoma
ou familiares - formarão uma corrente com postagens, mensagens de apoio e até
testemunhos que entoarão um videoclipe especial para conscientização do
Mês Mundial da Visão que também trará dados da doença e números da pesquisa.
Também será usada a hashtag #deolhonoglaucoma que será compartilhada
por todos nas plataformas digitais.
Outro ponto alto da
campanha acontece em 8 de outubro, Dia Mundial da Visão, com o desafio
que será lançado por algumas celebridades para marcarem em suas redes
sociais e engajarem mais pessoas a participarem da ativação com o uso dos
filtros e levando conhecimento sobre o tema para o maior número de brasileiros.
"Estamos falando de
uma doença de elevado potencial e que está associada a um desfecho irreversível
que é a cegueira. Por isso, reforçamos a importância de dialogar sobre o
glaucoma por meio de iniciativas de conscientização e que a frequência
oftalmológica se torne parte da rotina médica", conclui Ana.
Referências:
• Kingman L.
Glaucoma is second leading cause of blindness globally. Bulletin of the World
Health Organisation, 2004; 82 (11): 887-8.
• OttaianoJJ;
ÁvilaMP; UmbelinoCC; TalebAC. As Condições de Saúde Ocular no Brasil 2019.
Edição 1 - 2019.p14.
• Von-Bischhoffshausen
e Jiménez-Román J. GUÍA LATINOAMERICANA DE GLAUCOMA PRIMARIO DE ÁNGULO ABIERTO
PARA EL MÉDICO OFTALMÓLOGO GENERAL. 2019. IAPB.p93.
• Ramalho, Cristiana
Moraes et al. Perfil socioeconômico dos portadores de glaucoma no serviço de
oftalmologia do hospital universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
- Minas Gerais - Brasil. Arq. Bras. Oftalmol., Out 2007, vol.70, no.5,
p.809-813. ISSN 0004-2749
• Topouzis F,
Anastasopoulos E. Glaucoma - The importance of early detection and early treatment.
US Ophthalmic Review. 2007;2:12-13.
• Topouzis F,
Anastasopoulos E. Glaucoma - The importance of early detection and early
treatment. US Ophthalmic Review. 2007;2:12-13.
•
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE.
Acesso disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101707_informativo.pdf.
Acesso em: 15.09.2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário