O diabetes é, frequentemente, uma doença
insidiosa, que não se manifesta repentinamente, o que dificulta seu diagnóstico
e aumenta a morbidade. E o pior é que ela vem crescendo: afetava 451 milhões de
pessoas em 2019 e deve chegar a 693 milhões em 2045 - cerca de 10% da população
da Terra.
Surge agora uma nova arma na luta contra a
doença: o artigo A digital biomarker of diabetes from smartphone-based
vascular signals, publicado pela revista Nature Medicine, traz os
resultados de uma pesquisa dando conta que, usando um smartphone, pode-se
identificar a presença da doença com um índice de acerto superior a 80%. E o
melhor é que para isso basta adaptar um aplicativo já existente, que foi
desenvolvido para determinar a frequência cardíaca.
Os pesquisadores levantaram a hipótese de que um
exame chamado fotopletismografia, que identifica danos vasculares causados pelo
diabetes, pode ser feito utilizando o flash e a câmera dos smartphones, que
capturariam as variações de cor das pontas dos dedos a cada batimento cardíaco;
dependendo dessas variações, pode-se avaliar o estado dos vasos sanguíneos
dessa parte do corpo, vasos esses que são afetados pelo diabetes.
Os pesquisadores criaram uma Rede Neural Profunda
(Deep Neural Network) que foi "ensinada" recebendo informações sobre
três milhões de portadores de diabetes, ficando capacitada a constatar ou não a
presença da doença ao analisar as variações de cor das pontas dos dedos de uma
pessoa.
Médicos erram ao diagnosticar e redes neurais
também erram, mas esta teve um índice de acerto de 82% ao apontar casos
positivos de diabetes e de 92% nos casos negativos. Assim, pode ser considerada
uma ferramenta útil no combate à doença, especialmente ao ajudar a detectar o
problema em pessoas assintomáticas, caso em que o tratamento pode ser iniciado
mais cedo, evitando o agravamento da doença.
Vivaldo José Breternitz - Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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