Apesar da flexibilização da quarentena e a retomada de diversos setores, grande parte da população e empresas ainda enfrentam dificuldades financeiras e buscam alternativas para superarem esses obstáculos; especialista lista os melhores caminhos a se seguir diante dessa crise
Mesmo com a retomada da economia e dos comércios a situação está longe de voltar a antiga normalidade. Para se ter uma ideia, mais da metade dos brasileiros ficará inadimplente por ocorrência da crise causada pelo novo coronavírus, é o que diz uma pesquisa realizada pelo Boa Vista. Além disso, 80% dos consumidores já fizeram uma revisão do orçamento doméstico. Em meio a esse cenário de instabilidade, grande parte da população não consegue colocar em dia o pagamento de despesas básicas, como por exemplo, aluguel, água e energia elétrica.
Com este cenário, os Governos Estaduais e Federais possuem alguns programas que visam proteger o microempresário e as empresas de pequeno porte. “A efetividade destas medidas é objeto de grande questionamento, já que, o recurso não chega até o empresário. Temos atualmente o programa do auxílio emergencial, que tem atendido milhares de brasileiros. Mesmo com muita deficiência, a ajuda tem chegado a muitas pessoas. Para as empresas, programas como de empréstimos pelo BNDES e pelos bancos públicos, têm sido uma saída nestes tempos difíceis”, explica o advogado Dr. Denner Pires Vieira, especialista em Direito do Consumidor do RGL Advogados.
Abaixo,
ele lista as contas que podem sofrer redução. Confira:
1 - Aluguéis: em caso de salas comerciais, o primeiro passo é solicitar ao contador da empresa um levantamento financeiro dos seis primeiros meses de 2020, juntamente com o mesmo período no ano de 2019. “Separe também os extratos bancários dos mesmos períodos. Notifique imediatamente o locador ou empresa responsável pela administração do aluguel fundamentando seu pedido de renegociação/redução. Caso não obtenha sucesso, com a mesma documentação junto com a negativa da tentativa de conciliação extrajudicial, ingresse com uma ação judicial de revisão contratual”, aconselha Denner.
Ainda
de acordo com ele, é preciso ponderar com o credor a situação instável do
mercado, ou seja, ainda que com a volta de parte das atividades, o faturamento
está longe de ser o mesmo de antes da pandemia. “Além disso,o comerciante pode
argumentar seu locador situações amenas de retomada das mensalidades da
locação. Caso o locador não esteja disposto a negociar, o inquilino pode tentar
buscar seu direito na justiça”, revela o especialista.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo já possui diversas decisões no sentido de conceder descontos em locações comerciais em detrimento da situação de pandemia e instabilidade financeira. “O mesmo argumento serve para as locações residenciais, porém sua eficácia infelizmente não é a mesma do que nas locações comerciais, pois quando se trata de locação residencial, o escopo do contrato não se presta para lucro e sim para ofertar a moradia, ou seja, durante o período de pandemia o inquilino teve mais abertura do contrato, logo, teria o dever de realizar o pagamento, porém, a depender da ocasião, existem possibilidades para tentativa de realizar um acordo com o locador. Há também nestes casos a possibilidade de levar a discussão a juízo”, acrescenta Denner.
2
- Impostos municipais, estaduais e federais: verifique com sua
contabilidade os impostos que estão em atraso. “Em conjunto com sua equipe
jurídica solicite o parcelamento nos programas públicos”, complementa.
3
- Escola: veja se a escola já possui programas de incentivo,
parcelamentos e descontos das mensalidades em atraso. “Junte comprovação de
impactos financeiros relacionados ao tempo de pandemia. Procure a instituição e
tente fazer um acordo. Ação judicial nestes casos somente em último caso”,
explica.
4
- Contratos de financiamento de veículos e imóveis: é
imprescindível que você esteja em dia com as mensalidades de antes da pandemia.
Junte toda documentação que comprove a queda de faturamento e recebíveis.
Procure a instituição responsável pelo contrato e negocie. “Muita atenção na
renegociação, pois as instituições costumam aplicar juros extremamente abusivos
na hora de negociar estes contratos. Nestes casos, nem todo acordo é um acordo
bom”, conta.
5- Cartões de crédito e cheque especial:
adote o mesmo procedimento do tópico anterior e dê prioridade nestas renegociações,
pois os juros deste tipo de contrato são os maiores do mercado. “É
preciso de adequar ao que chamamos de ‘novo normal’, reavaliar as metas de
crescimento, levando em consideração a nova realidade. Rever o plano de
negócio, em especial o ticket médio de seu produto e como tentar reduzir
os custos operacionais, tentar equilibrar as contas e renegociar dívidas com os
bancos, ter uma sistemática de compliance de governança/trabalhista eficiente,
e isso vale para qualquer empresa, independentemente do tamanho e, por fim,
tentar enquadrar o modelo de negócio para a era digital, que tem crescido de
forma promissora”, explica.
6-
Contas de água e energia: o Governo do Estado de São Paulo possui
incentivos para que estas empresas não deixem de fornecer o serviço mesmo com a
falta de pagamento, porém estes incentivos não são eternos e nem fixos. “Nestas
ocasiões, por se tratar de um tipo de serviço essencial, a política destas
empresas já é de facilitar os acordos com seus clientes, de modo que esta é a diga
para este tipo de situação, tentar parcelar o débito em uma quantia que seja
possível o pagamento da parcela do acordo e o pagamento das faturas vincendas”,
finaliza.
RGL Advogados
Nenhum comentário:
Postar um comentário