Mais de 60 milhões de brasileiros já sofriam
de dor crônica, mas o isolamento social parece ter piorado esse cenário.
Durante a quarentena, metade das pessoas que já se queixavam desse tipo de dor
na região lombar revelaram piora do quadro, segundo levantamento da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz). A nova vida em home office e mudança na rotina das
pessoas ajudam a esclarecer o que vem acontecendo.
Muitas horas na frente do computador
sem pensar na postura, cadeiras inadequadas, o sedentarismo, o trabalho
doméstico ou mesmo a interrupção do tratamento que estava sendo realizado podem
estar por trás do aumento da dor nas costas dos brasileiros.
A dor crônica é caracterizada pela
prevalência por mais de três meses seguidos e persiste mesmo depois de tratada
a sua causa. Segundo Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião do
Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
Hospital Albert Einstein, as dores crônicas mais comuns são na região lombar,
dores de cabeça, articulares e membros, mas também podem estar relacionadas a
outras doenças, como por exemplo, câncer, doenças osteoarticulares e até podem
apresentar causas neuropáticas pós-cirurgia (quando uma cicatriz causa dor).
A dor pode afeta a qualidade de vida e
o convívio social dos pacientes, levando-os a depressão e limitações
profissionais. Estudos mostram que 46% das pessoas experimentam dor constante,
59% delas já conviveram com a dor durante 2 a 15 anos e 19% das pessoas deixam
de trabalhar por consequência da dor[1]. "Vale ressaltar que sentir dor não
é algo normal, é importante procurar ajuda médica para que a causa deste
sintoma seja identificada e a condição devidamente tratada", alerta, Dr.
Marcelo.
Além do uso de medicação, fisioterapia
ou até cirurgias, uma maneira de contornar a dor ainda pouca conhecida envolve
a neuroestimulação. Através de estimulação elétrica na medula espinhal enviados
ao cérebro, o sistema Intellis DTM ajuda a aliviar significativamente a dor,
trazendo redução de 80% ou mais dos estímulos dolorosos que o paciente sente a
partir da doença base dele. Para a dor lombar o dispositivo pode aliviar até
74%, enquanto para dores nas pernas o alívio chega a ser de 72%, proporcionando
maior bem-estar para os pacientes.
Para os pacientes
elegíveis à esta terapia é importante que ele siga duas etapas A primeira
consiste em um teste de estimulação medular, um procedimento cirúrgico onde é
inserido um eletrodo que iniciará os estímulos elétricos. Esse procedimento é
temporário e ajudará a medir a eficácia do tratamento, para que o médico se
certifique de que trata de um caso que seja beneficiado pela estimulação
medular.
Na segunda fase, é realizado o implante
definitivo do dispositivo. A cirurgia implica em posicionar o eletrodo na
coluna vertebral, através da pele, sem que o paciente perceba qualquer tipo de
fio, que é conectado a um pequeno gerador, com funcionamento semelhante a um
marcapasso. Apesar de invasivo, o procedimento é, relativamente, simples e
rápido. O paciente pode ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte, de acordo com
o seu caso.
Posteriormente, nas
próximas semanas e meses, são realizados ajustes de programação que consistem
em uma combinação de corrente, frequência e localização da energia que será
enviada ao sistema nervoso, na tentativa de diminuir ou inibir a percepção
dolorosa do paciente. A partir dessa programação, pré-definida com o médico,
com o tempo, o dispositivo permite ainda que o paciente controle a intensidade
dos estímulos que irá receber.
Dr. Marcelo ressalta a
importante de consultar um médico, só é especialista em dor pode diagnosticar e
determinar a melhor forma de tratamento. Além disso, é importante que o indivíduo
passe por todas as etapas, desde um diagnóstico bem definido da origem do
problema até os tratamentos medicamentosos e outras intervenções que devem
preceder à terapia de estimulação medular. "Essa é a única forma de
garantir que o paciente terá um ótimo resultado com a neuroestimulação",
afirma.
[1] Breivik H, Collett B, Ventafridda V, et
al. (2006). Eur J Pain; 10:
287-333
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