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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Queixa de dor lombar aumenta na pandemia: neuroestimulação é um dos tratamentos possíveis

 Terapia pode diminuir ou inibir 80% dos estímulos dolorosos; o tratamento deve ser indicado por um médico especialista em dor

 

Mais de 60 milhões de brasileiros já sofriam de dor crônica, mas o isolamento social parece ter piorado esse cenário. Durante a quarentena, metade das pessoas que já se queixavam desse tipo de dor na região lombar revelaram piora do quadro, segundo levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A nova vida em home office e mudança na rotina das pessoas ajudam a esclarecer o que vem acontecendo.

Muitas horas na frente do computador sem pensar na postura, cadeiras inadequadas, o sedentarismo, o trabalho doméstico ou mesmo a interrupção do tratamento que estava sendo realizado podem estar por trás do aumento da dor nas costas dos brasileiros.

A dor crônica é caracterizada pela prevalência por mais de três meses seguidos e persiste mesmo depois de tratada a sua causa. Segundo Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião do Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Hospital Albert Einstein, as dores crônicas mais comuns são na região lombar, dores de cabeça, articulares e membros, mas também podem estar relacionadas a outras doenças, como por exemplo, câncer, doenças osteoarticulares e até podem apresentar causas neuropáticas pós-cirurgia (quando uma cicatriz causa dor).

A dor pode afeta a qualidade de vida e o convívio social dos pacientes, levando-os a depressão e limitações profissionais. Estudos mostram que 46% das pessoas experimentam dor constante, 59% delas já conviveram com a dor durante 2 a 15 anos e 19% das pessoas deixam de trabalhar por consequência da dor[1]. "Vale ressaltar que sentir dor não é algo normal, é importante procurar ajuda médica para que a causa deste sintoma seja identificada e a condição devidamente tratada", alerta, Dr. Marcelo.

Além do uso de medicação, fisioterapia ou até cirurgias, uma maneira de contornar a dor ainda pouca conhecida envolve a neuroestimulação. Através de estimulação elétrica na medula espinhal enviados ao cérebro, o sistema Intellis DTM ajuda a aliviar significativamente a dor, trazendo redução de 80% ou mais dos estímulos dolorosos que o paciente sente a partir da doença base dele. Para a dor lombar o dispositivo pode aliviar até 74%, enquanto para dores nas pernas o alívio chega a ser de 72%, proporcionando maior bem-estar para os pacientes.

Para os pacientes elegíveis à esta terapia é importante que ele siga duas etapas A primeira consiste em um teste de estimulação medular, um procedimento cirúrgico onde é inserido um eletrodo que iniciará os estímulos elétricos. Esse procedimento é temporário e ajudará a medir a eficácia do tratamento, para que o médico se certifique de que trata de um caso que seja beneficiado pela estimulação medular.

Na segunda fase, é realizado o implante definitivo do dispositivo. A cirurgia implica em posicionar o eletrodo na coluna vertebral, através da pele, sem que o paciente perceba qualquer tipo de fio, que é conectado a um pequeno gerador, com funcionamento semelhante a um marcapasso. Apesar de invasivo, o procedimento é, relativamente, simples e rápido. O paciente pode ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte, de acordo com o seu caso.

Posteriormente, nas próximas semanas e meses, são realizados ajustes de programação que consistem em uma combinação de corrente, frequência e localização da energia que será enviada ao sistema nervoso, na tentativa de diminuir ou inibir a percepção dolorosa do paciente. A partir dessa programação, pré-definida com o médico, com o tempo, o dispositivo permite ainda que o paciente controle a intensidade dos estímulos que irá receber.

Dr. Marcelo ressalta a importante de consultar um médico, só é especialista em dor pode diagnosticar e determinar a melhor forma de tratamento. Além disso, é importante que o indivíduo passe por todas as etapas, desde um diagnóstico bem definido da origem do problema até os tratamentos medicamentosos e outras intervenções que devem preceder à terapia de estimulação medular. "Essa é a única forma de garantir que o paciente terá um ótimo resultado com a neuroestimulação", afirma.

 

 

[1] Breivik H, Collett B, Ventafridda V, et al. (2006). Eur J Pain; 10: 287-333


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