“Impaciência e julgamentos por parte dos adultos podem prejudicar a educação infantil”, alerta o neuropsicólogo, neurocientista e psicopedagogo Fabiano de Abreu. Para esse profissional, que atua entre Brasil e Portugal, a forma como as crianças são apresentadas ao mundo dos estudos, ainda na fase infantil, pode desencadear maior ou menor interesse pelos temas propostos em sala de aula.
As distrações do mundo ao redor também atrapalham esses
jovens em desenvolvimento. Segundo Fabiano de Abreu, algum dos vilões nesse
processo de iniciação da aprendizagem e do engajamento social são
“curiosamente” a tecnologia e o acesso à Internet.
“Na era da Internet e das redes sociais, as crianças têm
todo um mundo à sua disposição e a qualquer instante. A diversidade de
entretenimento é tão grande que acaba por dispersar a atenção deles. Este mundo
virtual é tão vasto que todas as necessidades e gostos pessoais conseguem ser
supridos gerando satisfação pessoal e um excesso de dependência. Muitas vezes,
fica-lhes extremamente difícil desligar desde mundo e dedicar a sua vontade aos
estudos. Em comparação, os estudos não são tão apelativos. Além do mais,
estudar surge como uma obrigação, como parte de uma rotinas por essa razão, há
uma gradual perda de interesse”, explica Fabiano de Abreu, que sublinha a
interpretação científica dessas conclusões.
“Ao nível neurológico, a criança não possuí o córtex
pré-frontal tão desenvolvido e, por esse motivo, suprir o imediato é mais
atrativo. Muitas vezes as crianças não têm uma noção a longo prazo. Não
caminham com a certeza de que as decisões de hoje podem trazer consequências no
amanhã. Eles têm a tendência de concentrar no agora e não no futuro. O longo
prazo não faz parte das suas preocupações diárias. Mais ainda porque a sua
parte emocional é muito mais desenvolvida do que a sua parte racional”, conta
Fabiano de Abreu.
Ainda de acordo com esse neurocientista, “por todas essas
razões apresentadas, o adulto tem um papel preponderante no processo de
encaminhamento da criança, ou seja, o adulto deve assumir a função de guia, de
orientador em relação à criança, o que nem sempre acontece e, quando acontece,
algumas atitudes devem ser moldadas à realidade de cada criança
individualmente”.
“Neste ponto, debatemo-nos com outro tipo de
problemáticas, agora, relacionadas com as falhas dos adultos. Estes debatem-se
com a falta de tempo para realizar um acompanhamento adequado e que supra as
necessidades dos mais novos. Além do mais, muitas vezes pais e educadores não
conseguem compreender as pequenas nuances da personalidade da criança, dos seus
aspectos únicos. Perder a paciência e ser mais agressivo muitas vezes não é a
solução indicada”, destaca Fabiano de Abreu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário