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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Crianças podem ser vegetarianas?

 Entenda o que os pais precisam fazer para manter seus filhos saudáveis, mesmo sem comer carne


No Brasil, já são quase 30 milhões de vegetarianos, segundo pesquisa do Ibope encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Optar por não comer carne abrange muito mais do que gostos pessoais e, atualmente, pode ser uma questão filosófica, ambiental e até mesmo religiosa. Nesse cenário, anualmente, milhares de pessoas optam por reduzir o consumo de carne ou produtos de origem animal.

A partir desse crescimento, começaram a surgir famílias vegetarianas, e a pergunta feita por muitos pais é: “Meu filho pode ser vegetariano desde criança?”. Para a tranquilidade dos mesmos, a resposta é sim! Uma criança pode ter um desenvolvimento normal sem comer carne, mas exigirá atenção e cuidados dos pais para organizar um cardápio variado e nutritivo.

É o que explica a especialista em Nutrição Materno-Infantil, Paula Stancari, de São Paulo: “Todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança podem ser garantidos com uma dieta vegetariana, com exceção da vitamina B12. Vale ressaltar que uma dieta vegetariana adequada deve ser variada e saudável para prevenir doenças e trazer benefícios à saúde, lembrando que um acompanhamento por um nutricionista materno-infantil é sempre indicado”.

Para que a variedade de nutrientes necessários seja consumida, Paula cita os tipos de alimentos que nunca podem faltar no prato de uma criança vegetariana: “Todos os dias, no almoço e no jantar das crianças vegetarianas, o prato deve ser composto por um tipo de alimento cereal, raiz ou tubérculo, como arroz, inhame, batata, mandioca, cará ou macarrão, e um tipo de leguminosa seca, como feijões, lentilha, grão de bico, soja e pelo menos dois vegetais, sendo um deles um vegetal verde-escuro e um legume”.

“Também é recomendado que a criança consuma após essas refeições uma fruta rica em vitamina C (laranja, mexerica, kiwi, abacaxi, maracujá, etc.) para melhorar a absorção de ferro dos vegetais verde-escuros e das leguminosas. Além disso, é importante que se acrescente na comida da criança uma colher de chá de óleo de linhaça ou chia para aumentar o aporte de ômega 3, importante para o desenvolvimento cognitivo da criança”, complementa Stancari.

No caso da única vitamina que não será possível encontrar naturalmente, mesmo com alimentos diversificados – a B12 –, ela deve ser reposta a partir de suplementos alimentares prescritos pelo nutricionista infantil ou pediatra. Essa reposição é necessária porque a B12, assim como outras vitaminas do complexo B, tem ação direta sobre o sistema nervoso e protege estruturas importantes para o funcionamento de nossos neurônios. 

Por isso, para que o desenvolvimento corporal e cognitivo seja pleno e saudável, um médico deve acompanhar de perto as novas decisões sobre alimentação e checar periodicamente se o organismo da criança está equilibrado. 

Além da recomendação de procurar sempre um especialista, a nutricionista Paula Stancari dá outras dicas para os pais que pensam em aderir ao vegetarianismo em casa: “Usem e abusem da criatividade para propor e fazer receitas saudáveis e atrativas e que estimulem seus filhos a comerem uma grande variedade de alimentos, sem cair na monotonia alimentar. E, sempre que possível, optem por alimentos mais orgânicos e sejam o exemplo para seus filhos de uma alimentação saudável”.


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