Profissional do Hospital Dona Helena alerta para a importância da amamentação
A luta pelo incentivo à amamentação é tema de campanha do chamado
Agosto Dourado, cuja cor está relacionada ao padrão ouro da qualidade do leite
materno: estudos comprovam que ele é capaz de salvar vidas de cerca de 13% das
crianças, menores de cinco anos, em todo o mundo. No mês, também se realiza a
Semana Mundial do Aleitamento Materno, trazendo o tema “Apoie a amamentação
para um planeta mais saudável”, eleito pela Aliança Mundial para a Amamentação
(WABA, na sigla em inglês). O tema busca enfocar o impacto da alimentação
infantil no meio ambiente/mudanças climáticas e a necessidade de se proteger,
promover e apoiar a amamentação para a saúde do planeta e de sua população.
Além de possuir os nutrientes básicos essenciais, como hidratos de
carbono, proteínas e gorduras, bem como água, o leite materno possui milhões de
células vivas, incluindo os glóbulos brancos, que reforçam o sistema
imunitário, e células estaminais, que auxiliam no desenvolvimento e regeneração
dos órgãos. “O leite materno é e sempre vai ser o alimento ideal para iniciar a
dieta de um bebê. É o alimento mais completo, vivo e ativo. Começa como
colostro, que é uma pequena quantidade, rica em anticorpos (o que o bebê
inicialmente precisa), e evolui para um leite mais maduro, mais rico em gordura
e proteína, acompanhando, assim, o crescimento normal do ser humano”, detalha
Renata Gonçalves Ribeiro, pediatra, neonatologista e coordenadora médica da UTI
neonatal do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC).
Os anticorpos estão presentes somente no leite materno, garantindo
a proteção inicial do bebê, ainda indefeso e imaturo, que nasce com uma pequena
quantidade fornecida pela mãe via placenta. “O bebê só começa a produzir uma
quantidade maior de anticorpos a partir do sexto mês, então é muito importante
que esse bebê seja amamentado”, frisa Renata. Além do benefício relacionado ao
sistema imune, sabe-se que o bebê que é amamentado no seio materno tem melhores
índices de desenvolvimentos cognitivo, psicomotor, auditivo e visual. Também
tem menos chance de desenvolver outras doenças. “As crianças têm oito vezes
menos chances de desenvolver tumores na infância, principalmente as leucemias e
os linfomas”.
Segundo a médica, um bebê deve receber leite materno exclusivo até
o sexto mês. A partir de então, a alimentação complementar deve ser
introduzida. “Mas se estimula que o leite materno seja mantido até dois anos ou
mais, depende de cada caso”, aponta. A profissional reitera a importância da
qualidade do leite materno, cuja composição independe da alimentação da mãe: “É
um alimento perfeito para a criança.” No entanto, orienta que as mães mantenham
uma alimentação saudável e regrada. “A preocupação maior é com a quantidade.
Alguns alimentos ricos em ômega, como peixe, podem fazer com que a mãe tenha
mais facilidade para produzir o leite”, justifica
É
preciso empoderamento
Para Renata, as mães precisam se empoderar na função da
maternagem. “Normalmente o leite seca na cabeça antes de secar no peito. A mãe
precisa ter muita vontade, ver que aquela criança tem necessidades para
enfrentar essa transição do período fetal para o meio extrauterino. Muitas
vezes, as mães não estão preparadas para isso, pois não é uma tarefa fácil,
exige muito esforço, físico inclusive, para atender prontamente ao bebê sempre
que ele precisar. É a principal dificuldade”, conta, citando que, por vezes,
também existem obstáculos com a própria mama, em relação ao tipo de bico e
fissuras, que podem provocar dores na hora de amamentar.
O aleitamento materno é indicado para todas as mães, com poucas
exceções. “Há contraindicação para as mães HIV positivo. Algumas doenças
neonatais, como galactosemia [incapacidade do organismo de metabolizar a
galactose em glicose] e a intolerância congênita à lactose são também
contraindicações à amamentação. Mas é um diagnóstico feito pelo acompanhamento
ao pediatra e são condições extremamente raras. Alguns medicamentos também
podem contra indicar a amamentação, mas é necessário sempre discutir com o
obstetra e o pediatra para ver se realmente é preciso suspender a amamentação”,
explica a pediatra e neonatologista.
O incentivo à amamentação também é necessário para o abastecimento
dos bancos de leite. “Eles coletam o leite de doadoras, processam e pasteurizam
o leite para que possa ser fornecido para crianças com diagnósticos de maior
gravidade, como, por exemplo, prematuros internados em UTI neonatal. Os
profissionais que atuam nos bancos de leite estão preparados também para ajudar
as mães com as questões de amamentação, dando as melhores orientações, como a
pega correta do bebê ao seio, por exemplo”, informa.
Preocupado em auxiliar as mães no momento após o nascimento dos
bebês, o Hospital Dona Helena desenvolveu um programa de acompanhamento
sistêmico das crianças, denominado “Nascer e Crescer no Dona Helena”. O
propósito é ajudar as mães em todos os cuidados necessários no período inicial,
com atenção especial à amamentação do bebê. O hospital compreende a importância
deste processo para mães e filhos, viabilizando um acompanhamento contínuo,
integral e humanizado com seus profissionais pediatras, o que possibilita um
trabalho preventivo que garante o crescimento saudável da criança.
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