A renda mensal de todas as classes sociais caiu ao
menos 16% entre 2014 e 2019
A população brasileira como um todo tem feito malabarismos diante da
crise financeira e instabilidade política nos últimos anos. Neste contexto, as
classes sociais se comportam de maneiras diferentes na tentativa diária de
manter o padrão de consumo ao mesmo tempo em que buscam equilibrar o orçamento
doméstico cada vez mais apertado. De acordo com o levantamento Consumer
Insights da Kantar, líder global
em dados, insights e consultoria, a classe AB1, que fica no topo da pirâmide,
foi a que mais perdeu poder real de compra entre 2014 e setembro de 2019. A
renda média domiciliar deste grupo caiu 31%, com reduções substanciais também
nos rendimentos das famílias de todas as outras classes: B2 (-16%), C1 (-20%),
C2 (-16%) e DE (-20%). Por conta disso, mais de 500 mil lares saíram da classe
AB1 neste período. Atualmente, 27% dos domicílios brasileiros se encaixam na
classe AB, 49% na C e 24% na DE.
Com saldo bancário
inferior e despesas que só crescem, as classes que enfrentaram maior redução de
renda são também aquelas que mais se endividaram entre 2014 e 2018. Nesse
período, em que o desemprego cresceu, o peso do salário para as despesas
domésticas perdeu força, enquanto a ajuda governamental e a renda informal
ganharam espaço como alternativas financeiras. No ano de 2018, 51% das famílias
DE gastaram mais do que ganharam, assim como 48% das casas AB1. A classe C1 foi
a que mais desequilibrou as contas neste intervalo e, em 49% dos seus
domicílios, os gastos não fecharam no fim do mês. Por outro lado, as classes B2
e C2, mesmo também tendo a renda diminuída, conseguiram encolher os índices de
endividamento.
No cenário de
ganhos menores, o brasileiro precisa driblar o orçamento e fazer escolhas o
tempo todo sobre o que vale ou não ser incluído em seu carrinho. Entre as
escolhas estão os bens de consumo massivo (FMCG), que têm pesado cada vez mais
no bolso. Por isso, na busca por manter o padrão social, o comportamento de
consumo dos brasileiros, independente da classe, tem como prioridade três
características na hora decidir o que comprar: qualidade dos produtos, além da
praticidade e indulgência que eles proporcionam. “Para manter estas
preferências nem sempre o produto mais barato é escolhido, o que mostra cada
vez mais a racionalização na hora da compra”, analisa Giovanna Fischer,
Diretora de Marketing e Insights da Kantar.
A classe AB é a
que mais prioriza produtos indulgentes, ao mesmo tempo em que tem as famílias
que menos se preocupam com preço baixo na hora de adquirir aquilo que desejam.
Na sequência, a classe C mantém um equilíbrio maior entre busca por qualidade e
preço. Por fim, a classe DE também está muito atenta à qualidade, no entanto,
elege em primeiro lugar preços baixos e produtos em promoção com mais
frequência na hora de comprar do que os outros grupos.
Kantar
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