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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Violência doméstica reduz a probabilidade de as mães amamentarem


Mães expostas a qualquer forma de violência física, sexual ou emocional são menos propensas a iniciar a amamentação precoce e amamentar exclusivamente nos primeiros 6 meses


Mães que sofrem violência doméstica são substancialmente menos propensas a seguir as práticas recomendadas de amamentação em países de baixa a média renda, mostra um novo estudo.

Na primeira análise abrangente da associação entre violência doméstica e aleitamento materno, em 51 países de baixa e média renda, pesquisadores liderados pela Universidade de Warwick revelaram que mães expostas à violência doméstica têm 12% menos probabilidade de iniciar a amamentação em uma hora após o nascimento, também têm 13% menos chances de amamentar seus bebês exclusivamente nos primeiros seis meses.

“As conclusões, publicadas no PLOS Medicine (1° de outubro), destacam o impacto que a violência doméstica pode ter na saúde infantil, no desenvolvimento e na prevenção de problemas de saúde a longo prazo”, informa o pediatra homeopata, Moises Chencinski.


Violência x aleitamento

Para este estudo, os pesquisadores usaram dados de Pesquisas Demográficas e de Saúde realizadas em 51 países de baixa e média renda, desde 2000. Essas são pesquisas domésticas de representação nacional padronizadas em diferentes países e que cobrem uma variedade de tópicos, incluindo saúde materna e infantil e saúde reprodutiva. São as únicas pesquisas que coletam dados sobre violência doméstica e amamentação que também abrangem um número significativo de países de baixa e média renda. Por serem padronizados, os pesquisadores são capazes de gerar estimativas gerais entre os países.

“Os autores descobriram que mães que sofrem violência doméstica têm 12% menos probabilidade de iniciar a amamentação dentro de uma hora, após o nascimento, e isso foi observado em todos os tipos de violência - física, sexual e emocional. Mães que sofrem violência doméstica também têm 13% menos chances de amamentar seus bebês exclusivamente nos primeiros seis meses”, observa Moises Chencinski.

A violência doméstica (ou violência por parceiro íntimo) pode envolver abuso físico ou sexual, estupro ou abuso emocional e é um importante problema de saúde em todo o mundo. Um terço das mulheres em todo o mundo é vítima de violência doméstica e há um risco maior de exposição durante e após a gravidez. A violência doméstica está associada a vários resultados prejudiciais à saúde em mulheres, incluindo trauma, infecções sexualmente transmissíveis (incluindo HIV), depressão, distúrbios osteomusculares e há evidências emergentes em crianças de impactos nutricionais, como crescimento deficiente.


Benefícios da amamentação

Os profissionais de saúde recomendam a amamentação há muito tempo, pois os benefícios para a saúde do bebê e da mãe já foram comprovados. “O início da amamentação, dentro de uma hora, após o nascimento, está associado à melhora da sobrevivência dos bebês, em países de baixa e média renda, enquanto a amamentação exclusiva melhora a sobrevivência das crianças e diminui infecções gastrointestinais e respiratórias. Como benefício da amamentação, as mães podem observar uma redução, a longo prazo, no risco de câncer de mama e uma melhora no efeito contraceptivo após a gravidez”, afirma o médico, criador do Movimento #EuApoioLeiteMaterno.

A Organização Mundial da Saúde recomenda o início precoce da amamentação (dentro de uma hora após o nascimento) e a amamentação exclusiva (nenhum outro alimento ou bebida, nem mesmo água, exceto o leite materno) por seis meses. Mas muitos bebês podem nunca receber leite materno. Segundo a UNICEF, em 2015, globalmente, a prevalência do início precoce da amamentação era de 45% e a de amamentação exclusiva era de 43%. A Série Lancet sobre Amamentação estimou que mais de 830.000 mortes de crianças, em todo o mundo, e que perdas cognitivas no total de US $ 302 bilhões, por ano, são atribuíveis à falta de amamentação de acordo com as recomendações.

Este é o maior estudo em países de baixa e média renda para examinar a exposição das mães às três formas de violência doméstica e sua relação com as práticas de amamentação. Qualquer forma de violência doméstica (violência física, sexual ou emocional) pode estar associada às más práticas de amamentação.

Mais pesquisas são necessárias para entender porque as mães que sofrem violência doméstica têm menos probabilidade de amamentar. Algumas sugestões são de que uma mãe que sofre violência doméstica pode provavelmente ficar deprimida e, portanto, pode não acessar serviços de saúde e suporte ou pode ter menor autoconfiança e autoestima.

“Com base no que já sabemos, a prioridade dos profissionais de saúde que trabalham com mulheres grávidas é identificar as pessoas que sofrem violência doméstica e oferecer apoio personalizado às práticas de amamentação. A violência doméstica contra as mulheres é um problema global e as conclusões deste estudo podem ser aplicadas não apenas em países de baixa e média renda, mas em todo o mundo. A amamentação é uma questão de direitos humanos para as mães e seus filhos, e ninguém deve interferir no direito da mãe de amamentar seu filho”, defende o pediatra homeopata Moises Chencinski.





Moises Chencinski
Instagram: @euapoioleitematerno
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