A telemedicina entrou definitivamente no mapa da saúde. Hoje em dia, são
cada vez mais comuns os procedimentos realizados à distância, com apoio de
tecnologias modernas, em hospitais, laboratórios, clínicas e hospitais.
No início de 2019, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou
resolução para normatizar a utilização de algumas possibilidades, como
teleconsultas, teleinterconsulta, telediagnóstico e telecirurgia no Brasil.
Entretanto, em tese para garantir debate mais aprofundado, revogou-a em
fevereiro, apontando que nova versão será anunciada ainda este ano.
Pensando em termos de melhoria e segurança para a assistência, a
regulamentação do uso da telemedicina no País é mais que urgente. Só para se
ter uma ideia, hoje, se uma mulher estiver grávida, em férias, em uma
localidade distante, e tiver um problema, como um sangramento, não poderá fazer
uma teleconsulta por celular, correndo o risco de perder o bebê e até morrer.
Isso porque as consultas por telemedicina ainda são proibidas por uma
regulamentação de 2002.
Na
Europa, 24 dos 28 países membros também possuem legislação sobre teleconsulta.
Destes, 17 permitem a consulta remota de forma plena e apenas 3 com restrições
(emergências, áreas com carência de médicos, necessidade de primeira consulta
presencial). Alemanha, Eslováquia e Itália estão em fase de normatização da
teleconsulta.
De acordo com Eduardo Cordioli, graduado pela Escola Paulista de Medicina
da Universidade de São Paulo e gerente de Telemedicina no Hospital Israelita
Albert Einstein, no momento em que aumenta a acessibilidade às soluções
digitais você rompe a barreira geográfica e consegue melhorar a experiência
tanto de médicos como de pacientes.
Existem, também, outras vantagens mesmo fora do campo da saúde. Além de
facilitar o acesso, haverá, por exemplo, economia com gastos de tempo/dinheiro
em deslocamento, estacionamento, absenteísmo de atividades produtivas.
O atendimento à distância, justamente por ser em um ambiente digital, é
extremamente seguro e cresce a largos passos mundo afora. Em 2018, nos Estados
Unidos, foram feitas mais de 42 milhões de consultas virtuais. Na Inglaterra, o
sistema de saúde britânico coloca à disposição a consulta on-line,
com médico para a família. Em Portugal, o atendimento direto ao paciente, sem
conhecê-lo antes, é liberado desde 2016. Até no Brasil já há projetos
bem-sucedidos. Um deles é o da Prefeitura de São Paulo, com apoio do Hospital
Israelita Albert Einstein. Foi iniciado há cerca de dois anos, quando a cidade
tinha cerca de 60 mil pacientes na fila da Dermatologia, o que resultava aproximadamente
em um ano de espera. “Conseguimos encaminhar rapidamente quem tinha lesão com
suspeita de malignidade para biópsia. Por meio de um aplicativo o médico ou
enfermeiro do posto de saúde tira fotos das lesões, que são enviadas para um webservice,
e nosso dermatologista faz o laudo e retorna, normalmente com orientações
simples, já que em 70% das vezes o paciente não precisava se consultar com um
dermatologista. Só 3% dos casos precisavam de biópsia. Com isso, acabamos com a
fila para avaliação primária de Dermatologia em São Paulo”, comenta Cordioli.
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