Fumantes têm risco 20 vezes maior de desenvolver
tumores malignos do pulmão. Fumantes passivos também apresentam risco do câncer
pulmonar, que deve ultrapassar 28 mil casos novos no país este ano
O tabagismo está diretamente relacionado a 90% de
todos os casos de câncer de pulmão no mundo, aumentando em cerca de 20 vezes o
risco de surgimento da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o
Brasil soma mais de 28 mil novos casos de tumores pulmonares ao ano. Além
disso, o mau hábito aumenta a incidência de ao menos outros 13 tipos de câncer:
de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim,
bexiga, colo de útero, ovário e alguns tipos de leucemia.
O Brasil tem cerca de 21 milhões de fumantes, o que
representa 12% da população, segundo o Ministério da Saúde. Os fumantes
passivos, que involuntariamente inalam a fumaça, também estão sujeitos a enfrentar
os danos do tabagismo, aumentando a população de vítimas.
Pesquisas apontam que a fumaça que sai do cigarro
sem ser tragada apresenta maior concentração de substâncias cancerígenas,
nicotina e monóxido de carbono, pois não sofre nenhum processo de filtração.
"As pessoas próximas aos fumantes estão expostas a substâncias nocivas a
vias aéreas e digestivas, causando risco de diversos tipos de câncer conforme o
tempo de exposição", explica o médico oncologista Saulo Brito, do
InORP/Grupo Oncoclínicas.
Sintomas
A maioria dos pacientes com câncer de pulmão
apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório, tais como
tosse, falta de ar e dor no peito. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é
diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos.
Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado
o diagnóstico precoce da doença.
Segundo o médico, existem dois principais grupos de
câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e não pequenas células. "O
carcinoma não pequenas células é dividido entre escamosos e não escamosos,
sendo responsáveis pela grande maioria dos casos diagnosticados. Apresentam
comportamento menos agressivo quando comparado ao grupo dos de pequenas
células".
Tratamento
O tratamento do câncer de pulmão é multidisciplinar
e envolve cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia alvo e
imunoterapia) e radioterapia. Atualmente, os procedimentos cirúrgicos
minimamente invasivos são cada vez mais realizados, proporcionando menor tempo
de internação e retorno mais rápido para as atividades habituais. A indicação
da cirurgia depende principalmente do estadiamento, da localização do tumor, e
do estado geral do paciente.
Nos últimos anos, o uso das drogas alvo e da
imunoterapia tem proporcionado ganhos importantes no combate ao câncer de
pulmão. O sistema imunológico das pessoas reconhece e combate tumores desde a
sua origem, porém em algum momento as células do câncer podem adquirir
capacidade de disfarce (evasão), não sendo mais combatidas.
"Retirando este bloqueio que o tumor causa ao
sistema imune, as medicações imunoterápicas estimulam a atuação dos linfócitos
no combate das células cancerígenas. Isto tem proporcionado controle mais
eficaz e até cura em certos casos, com melhor tolerância ao tratamento quando
comparado ás quimioterapias tradicionalmente utilizadas, que tem efeitos
colaterais diferentes", explica o doutor Saulo Brito.
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