Segundo dados escolares, entre 60 e 80% dos pais não comparecem às
reuniões escolares de seus filhos. O número é maior quando se trata de crianças
pequenas. Há, inclusive, casos onde nenhum dos pais compareceu às reuniões e
nem mesmo enviaram algum representante em seu lugar, durante todo o ano letivo.
De acordo com o artigo 932, I, do Código Civil, os pais são
responsáveis civis pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em
sua companhia. Não comparecer a essas reuniões para se inteirar da situação da
criança, pode acarretar futuramente um processo civil contra o
responsável, sobretudo, se algum problema for causado pelo seu filho menor
dentro da escola.
As atas dessas reuniões podem ser utilizadas em processos judiciais por
juízes, promotores de justiça e advogados em casos de ocorrência de bullying,
por exemplo. O documento ajuda na análise dos juízes porque apontam um início
de prova de possível desídia por parte de alguns pais e mães que não procuram se
inteirar concretamente da situação de seus filhos. A ausência acarreta em
prejuízos efetivos para o desenvolvimento escolar e do trabalho adequado por
parte da escola.
Ocorrendo um caso de bullying, tanto a responsabilidade dos pais como a
da escola pode ser objeto de avaliação judicial e isso pode ter consequências
jurídicas muito negativas para quem for eventualmente responsabilizado -
inclusive, com repercussões na vara da infância e da juventude e no patrimônio
dos envolvidos.
Portanto, nada de subestimar as reuniões de pais. Elas são importantes
para o desenvolvimento e acompanhamento das crianças e adolescentes e facilitam
o trabalho da escola. Caso estejam impossibilitados de comparecer por motivos
de trabalho ou outras questões, é recomendável enviar algum representante de
sua confiança em seu lugar. Assim como a escola tem o seu papel e
responsabilidades, os pais também os tem. Estando em dia com as suas
obrigações, os pais evitam problemas futuros e a criação de eventual prova
contra si mesmo de omissão em uma discussão judicial que possa envolver seu
filho no colégio.
Lélio Braga Calhau - Promotor de Justiça do Ministério Público de Minas
Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e
Cidadania pela UFG-RJ. É também autor do
livro “Bullying: o que você precisa saber”.
Sobre
o livro: Ao longo de mais de 10 anos
atuando na defesa da infância e da juventude, o promotor de justiça Lélio Braga
Calhau, que é graduado em Psicologia e Mestre em Direito do Estado e Cidadania
pela UGF-RJ, se deparou com inúmeros casos de bullying. A vivência o inspirou a
se aprofundar no assunto e o resultado é o livro “Bullying: o que você
precisa saber”, que acaba de ser lançado pela editora Rodapé. Trata-se uma
obra simples, direta e objetiva, sugerindo medidas para identificar, prevenir e
combater o problema. Segundo o autor, bullying é o ato de “desprezar, denegrir,
violentar, agredir, destruir a estrutura psíquica de outra pessoa sem motivação
alguma e de forma repetida”. E, cabe destacar que não se tratam de pequenas
brincadeiras próprias da infância, as chamadas “microviolências”, mas sim de
casos de violência física e/ou moral, muitas vezes velada.
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