Visualizemos o seguinte cenário: pais entram no
processo inevitável de escolha da melhor escola para o seu filho. Iniciam-se os
processos de visitas. Consequentemente, a fatídica discussão que certamente já
ocorreu em todas as famílias e faz dela um processo cansativo, pois analisam-se
fatores como: local, preço, instalações, sala de aula, metodologia, além da
opinião de amigos... o resultado dessa decisão dificilmente nos deixa
totalmente seguros, o que faz com que fiquemos atentos a cada passo dos filhos
dentro da escola.
A grande verdade é que a educação das crianças é
compartilhada entre pais e escola. Talvez os pais não tenham percebido esse
fato, pois grande parte deles não hesita quando percebem o menor desconforto ou
insatisfação do filho nesse ambiente e, assim, comparecem à escola para uma
reunião. Acredite: isso retira uma quantidade enorme de energia da instituição.
Mesmo que algumas vezes seja necessário, saber dosar é uma equação complicada,
pois quando se trata de filhos, a emoção envolvida distorce o sentido da
necessidade.
Um dos fatores que gera esse exagero é a falta de
confiança dos pais na instituição. É nesse ponto que reside a grande questão:
pais querem transferir obrigações relacionados à educação dos seus filhos à
escola, porém não lhe dão autonomia para fazer. O que deve importar, nesse
ponto, é a diferença entre filho e aluno: a escola é um ambiente com regras
para que o bem comum e a harmonia entre as pessoas sejam estabelecidos. Por
outro lado, dentro de casa ocorrem “concessões” diferenciadas para os filhos.
Por exemplo, no ambiente domiciliar, a criança fala com os pais de “qualquer
maneira”, pode brincar sempre que desejar - e até deixar os brinquedos
espalhados; mas na escola, essa ordem se inverte de maneira regrada, o que gera
uma confusão na cabeça de uma criança que, muitas vezes, não entende dois
comandos diferentes para a mesma atitude.
Optar pelo tipo de educação que seu filho recebe é
o maior ponto nesse questionamento: é necessário confiar na instituição, mas e
agora? Muitas vezes, o valor da mensalidade é o fator determinante, mas não se
analisa tudo que está em jogo nessa tomada de decisão. Por exemplo, uma mãe,
que também era professora, decidiu matricular seu filho em uma escola. Junto à
diretora do local, viu as condições que a escola oferecia para melhor ajudar no
processo escolar da criança. Ao fim da visita, ela perguntou para a gestora:
“qual o salário da professora que vai ensinar/cuidar do meu filho?” A diretora,
surpresa, retrucou: “você quer matricular o seu filho ou pedir uma vaga de
emprego?” A mãe, que viu que a pergunta escandalizou a diretora, respondeu: “eu
só quero saber quanto vale o trabalho daquela que vai educar o meu filho”.
Um relato que nos faz lembrar de como um professor
ou educador é importante para a formação da criança e como o seu trabalho
influenciará na vida inteira deles. Desde o modo com que falarão, até as
lembranças que rechearão o seu futuro. Por isso, fica a reflexão: vale pedir
aquele “descontinho”? Qual é a verdadeira importância que os pais depositam
nesse processo?
Essas questões ficam sem respostas enquanto
refletimos sobre nossas escolhas. Acertar sempre na educação dos nossos filhos
pode até ser uma mentira, mas temos que ter a consciência de estar no caminho
correto. O acerto se revela quando damos voz ao bom senso e dispensamos os
excessos. Caminhar lado a lado, instituição e pais, ainda é a equação mais
correta para garantir um futuro promissor. Em todas as suas esferas.
Fabio Carneiro -
professor de Física no Curso Positivo, em Curitiba (PR).
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