Em comparação
a outros países, o Brasil é uma das nações que mais tem feriados ao longo do
ano. Embora bem vindos pela maior parte da população, essas datas por vezes representam
um sério problema de produtividade para as empresas. Novembro, por exemplo, é
um mês que possui dois feriados nacionais, e mais um que vigora apenas em
algumas regiões. São, basicamente, três das quatro semanas do mês com um dia
útil a menos. Isso quando não temos as emendas, que por vezes tomam mais alguns
dias da produção normal.
O problema, no
entanto, não é deixar o funcionário ter um dia de descanso a mais. Muitos dos
direitos a feriados são conquistas sindicais e já não cabe ao gestor da empresa
lidar com essa questão. A empresa precisa independer dessas situações,
sobretudo por não ser nenhuma novidade, já que todo ano temos os mesmos
feriados. A resposta, como quase sempre, é da mudança de paradigma que o
próprio administrador precisa ter para gerir seu negócio contando com o
desafio.
O maior
problema enfrentado é o da perda de horas produtivas ao longo do mês. Seu
impacto anual é considerável. Porém, quando se possui um bom planejamento e
bons processos, há garantias de uma lida eficiente com a situação. Quando a
empresa conhece e considera todos os feriados que o ano terá, sem surpresas,
dentro do plano anual, ela consegue investir em ações que tornarão processos
mais eficientes e independerão dos feriados para manter a produtividade.
Isso não
necessariamente significa mais horas de trabalho, mas pode demandar apenas
reajustes nas metas diárias e intensidade desse trabalho cotidiano. Esse
planejamento permite que o trabalho que seria realizado nos dias livres seja
feito antes, garantindo a produção independente da folga. Pode sim haver a
necessidade de algumas horas extras em alguns dias, porém o custo de horas
extras é muito menor para a empresa, do que o custo de um dia extra, sobretudo
quando ele é em um fim de semana, por exemplo. Até mesmo olhando pelo ponto de
vista do funcionário o desgaste é menor.
Outro fator
interessante de se levar em conta é o da falta de engajamento da equipe na
proximidade dessas datas, que ansiosa pela folga trabalha de forma menos atenta
e até chega a trabalhar menos. É preciso ter um planejamento de RH que busque
retomar e manter esse engajamento nos funcionários. O feriado não deve
representar uma perda de atenção no resto do mês.
Existem,
inclusive, pesquisas que apontam que há um número maior de acidentes em
empresas pós feriado. Isso porque, muitas vezes, o funcionário exagera nos dias
anteriores e chega no próximo dia útil sem sua total atenção ao trabalho. Isso
pode ser perigoso para ele mesmo e seus colegas, sobretudo quando falamos de
operadores de grandes maquinários, ou de funções chave que demandam muita
atenção aos detalhes.
As empresas
não podem ficar à mercê dessas situações. Uma gestão adequada de riscos e
qualidade garantirá que a empresa lidará com os feriados da maneira mais produtiva
possível, preservando a segurança de seus funcionários e de seu investimento. E
isso não serve apenas para um tipo de negócio, vale para todas as empresas,
independente do ramo ou tamanho.
Além disso, a
parada do feriado também pode ser produtiva para a própria empresa. Máquinas,
servidores e equipamentos de todos os tipos precisam de manutenção. O feriado
pode ser justamente o momento de realizar essa manutenção, mesmo que ela seja
preditiva. As empresas que realizam esses serviços, na maior parte das vezes,
trabalham por demanda e já contam com atendimentos em dias assim. O devido
cuidado com os equipamentos também poupa dinheiro e pode ampliar a
produtividade.
Talvez os
melhores conselhos para não deixar os feriados impactarem sua empresa sejam justamente
esses: planeje, tenha bons processos, mantenha seu RH atento às necessidades
dos funcionários, engaje o trabalho e aproveite bem o tempo que o feriado
também proporciona à empresa para fazê-la melhor. Feito isso, não será preciso
se desesperar com os feriados, mesmo em meses com tantos, como é o caso de
novembro.
Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em
física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da
qualidade.
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