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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Falta de equidade de gênero no mercado de trabalho: por onde podemos começar a resolver essa questão?

Tenho visto que a discussão sobre equidade de gênero tem de fato ocupado espaço entre várias camadas da sociedade. Cada vez mais estudos, pesquisas e dados nos são fornecidos em um esforço de nos fazer compreender a questão com mais sabedoria e informação. Entender o que esta por trás do tema “gap de gênero” nos levará à discussões mais produtivas e de fato transformadoras sobre o assunto. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) apresentou em seu relatório mais recente um retrato da desigualdade no mercado de trabalho em 2018, mostrando que a distinção enfrentada pelas mulheres começa dentro de casa, na diferença entre cuidado e responsabilidade no lar, refletindo na vida profissional. Segundo o relatório, 48,5% das mulheres  participam do mercado de trabalho global. Entre os homens, 75% participam. O aumento do número de mulheres no mercado trabalho teria um impacto bastante positivo na economia mundial. 

Mas como transformar esses números para que possamos contar com mais mulheres em cargos de liderança, em melhores condições de trabalho e sem sofrer preconceito?

A educação é um ótimo primeiro passo para esse caminho, e não estamos falando de educação escolar somente, mas sim do que ensinamos para as crianças dentro de casa. Ainda criamos nossos filhos com diferenças sutis: brinquedos de meninos e meninas, cores de meninos e meninas, brincadeiras de meninos e meninas. A filha mulher deve ajudar nos afazeres domésticos desde cedo, já filhos homens muitas vezes são tratados como privilegiados e tem suas tarefas feitas pelas mães. Nada disso é feito partindo de uma conspiração para submeter as mulheres a um lugar desprivilegiado na sociedade. São questões culturais que devemos dedicar um pouco mais de atenção. É preciso mudar, evoluir para que a sociedade seja mais justa e as capacidades e habilidades sejam o norte para tomada de decisão.

Dentro de algumas organizações, já vemos praticas que visam estimular a presença e crescimento profissional de mulheres, mostrando uma tendência mais justa e reconhecendo o valor da diversidade no mercado de trabalho. Algumas organizações oferecem mentores e uma figura conhecida como “sponsor” – alguém que vai falar sobre uma mulher e patrocina-la quando uma oportunidade importante aparecer. Eventos de “networking” são mais comuns, estimulando a mulher a desenvolver essa prática que tanto auxilia no seu crescimento dentro das organizações. Várias dessas ações visam ampliar a liderança feminina nas organizações. 

Outra discussão de fundamental importância e que pode colaborar para que as mulheres possam exercer suas carreiras de forma mais integral é a discussão sobre a chegada da maternidade e a licença concedida às mulheres e aos homens. Inúmeras delas abandonam suas carreiras ou as interrompe quando os filhos chegam. Países como a Suécia estão adotando iniciativas para aumentar a participação dos homens na tarefa de cuidar do bebê, incentivando uma licença compartilhada ao invés do padrão atual de licença maternidade longa e licença paternidade curta. Isso é benéfico para a construção do afeto entre o pai e seus filhos e coloca o homem e a mulher com responsabilidades e direitos iguais na hora de se ausentar em seus empregos. 

Ainda há muito o que fazer. No entanto a discussão sobre o tema e alguns programas corporativos ajudam nessa caminhada. A pergunta que fica é sobre o ritmo dessa transformação em nossa sociedade. Quanto tempo queremos esperar para alcançar a equidade de gênero e o que mais devemos fazer para estimular essa mudança? 







Cristina Monteiro - se formou em Ciências Contábeis no Rio de Janeiro. Na década de 1990 se mudou para São Paulo, cidade onde se sentiu acolhida e que foi responsável por formar sua bem-sucedida carreira. Começou a vida profissional como recepcionista de um estaleiro, teve passagem por empresas de auditoria e em seguida ingressou no mercado financeiro no JP Morgan, maior banco de investimentos americano. Dentro do banco chegou a posição de diretora para América Latina e Canadá e hoje largou a carreira na vida privada para investir na vida pública, como candidata a Deputada Estadual pelo Partido Novo. 

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