Na Argentina,
inflação ultrapassa 30%. Crise pode atingir o nosso país
A
aversão ao risco segue impactando os mercados emergentes. Após a crise cambial
da Turquia, agora é a vez da Argentina. Na última semana, o dólar rompeu a
marca de 42 pesos argentinos. Como medida de contenção, o Banco Central
Argentino elevou a taxa básica de juros para 60%.
A
inflação da Argentina ultrapassa 30% e as contas públicas são alvo de críticas
por parte de analistas. Estima-se que a dívida pública chegue a 70% do PIB.
Nesta condição caótica, o governo buscou auxílio do Fundo Monetário Internacional
(FMI) e acertou pacote de auxílio sem precedentes na história, U$50 bilhões.
De
acordo com o CEO da WM Manhattan, mesa proprietária que opera no mercado de
renda variável e ensina traders atuarem na bolsa de valores, Pedro Henrique
Rabelo, o anúncio da elevação da taxa de juros na semana passada gerou críticas
por não ser precedida de coletiva de imprensa para conscientizar o mercado
acerca das novas medidas.
Por
isso, na manhã desta segunda-feira (3/9), o presidente Maurício Macri e o
ministro da fazenda Nicolás Dujovne apresentaram em público o plano de combate
a crise. Pedro Henrique Rabelo explica que a crise, de acordo com o presidente,
veio a partir do aumento da taxa de juros dos EUA e das incertezas geradas pela
guerra comercial entre EUA e China.
“O
plano de Macri envolve a instituição de impostos de 4 pesos por dólar sobre a
exportação de produtos primários. Para o restante dos produtos e serviços, será
cobrado imposto de 3 pesos por dólar. Do lado fiscal, o Dujovne anunciou que
será cortada metade dos ministérios a fim de zerar o déficit fiscal no ano de
2019. Quando da negociação com o FMI, havia sido estipulada uma meta de déficit
fiscal de 1,3% do PIB em 2019”, explica Pedro.
Impactos
no Brasil
Pedro
Henrique Rabelo alerta que a redução da atividade econômica na Argentina traz
reflexos diretos para o Brasil. “Dados do Ministério da Indústria e Comércio
Exterior e Serviços mostram que de janeiro a junho de 2018 o Brasil exportou em
torno de US$10 bilhões para a Argentina, o que representou uma alta de 2% em
relação a 2017. Em julho, no entanto, foram exportados produtos e serviços que
equivalem a US$1,15 bilhões, representando uma queda de 24% com o mesmo período
de 2017”.
A
situação envolvendo Turquia e Argentina servem como alerta para o Brasil. Com
uma queda nas projeções de crescimento mundial após os atritos entre EUA e
China, o investidor está mais seletivo quanto a investimentos em países
emergentes, os exportadores, por exemplo, já relatam que clientes argentinos já
suspenderam pedidos, indicando queda nas exportações.
“Com o período eleitoral se
aproximando, torna-se necessário que o cidadão cobre dos candidatos uma postura
mais clara quanto às contas públicas para que, em 2019, consigamos manter o
crescimento retomado em 2017. Até o momento, o que tem mantido o real em uma
situação menos ruim perante o dólar são as reservas cambias que superam os
US$300 bilhões. Mas elas não segurarão sozinhas a percepção sobre a economia do
país, caso seja eleito um candidato avesso às reformas estruturais que o país
tanto precisa”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário