O
uso de células-tronco de cordão umbilical doadas por gestantes no momento do
parto começa a fazer parte de uma rotina que até há alguns anos atrás não era
imaginável. Como chefe do Grupo do Joelho do Serviço de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital Universitário Cajuru (HUC) e integrante do grupo de
pesquisas da PUC-PR, o médico ortopedista Fabiano Kupczik já realizou cirurgias
com a nova técnica em pacientes que apresentavam artrose no joelho e lesões
graves como a perda da cartilagem do joelho.
"As
células-tronco são células que possuem potencial de se transformar em outras
células maduras no nosso corpo. Dentre as opções no corpo humano, as
células-tronco do cordão umbilical de gestantes doadoras são mais jovens e em
grande quantidade. Apósanálise em laboratório e multiplicação destas células,
elas são implantadas na lesão da cartilagem do joelho, propiciando um reparo
melhor e mais próximo do original, com objetivo de dar maiordurabilidade ao
tratamento", explica. Essa nova técnica tem vantagem em relação às
tradicionais cirurgias que tem tempo de durabilidade de dois a cinco anos, um
prazo curto se comparado à cartilagem original. Além disso, tem a grande
vantagem de ser realizada em apenas uma cirurgia, enquanto outras técnicas
necessitam pelo menos duas cirurgias, o que aumenta o custo e o tempo de
recuperação dos pacientes.
As
cirurgias estão focadas atualmente no público entre 18 e 50 anos. "Nesta
etapa, estamos priorizando essa faixa etária, pois tudo é registrado e todo um
acompanhamento, recuperação e avaliação dos pacientes, e este limite é
necessário para atingirmos resultados mais específicos", acrescenta. Para
entrar nesse grupo que ficará à disposição para a cirurgia, porém, é necessário
passar por alguns critérios. "Não basta apenas entrar em contato ou se
interessar, a pesquisa segue protocolos rigorosos e caso o paciente seja
selecionado a cirurgia é feita sem custo", afirma Kupczik.
As
pesquisas com células-tronco são delicadas e para que aconteçam há a
necessidade de se seguir rigorosos protocolos de segurança. "Todo passo é
controlado e seguimos as pesquisas dentro de um rigor que nos permite avançar
cada vez mais, acreditamos na evolução e também em possíveis alterações na
legislação que favoreçam mais as pesquisas, pois as pessoas que sofrem com
essas lesões de cartilagem serão as grandes beneficiadas", argumenta o
médico.
Segundo
ele, de um cordão umbilical é possível conseguir células suficientes para
realizar cirurgias em três a cinco pacientes. As células são testadas no
laboratório e, somente após análise em diversos testes específicos, estarão
prontas para uso nos pacientes. Caso haja qualquer tipo de alteração nestas
células, elas são descartadas e não utilizadas na cirurgia.
Como
é feita a cirurgia
Com
a utilização de uma membrana de colágeno (comercial), é possível que as
células-tronco possam permanecer no local da lesão na articulação do joelho
para que possa haver o desenvolvimento do novo tecido de cartilagem.
“Com
o uso de uma membrana de colágeno, produzida
comercialmente, a nova técnica permite que as células implantadas permaneçam no
local da lesão e não se espalhem pela articulação do joelho, pois essa membrana
é colada na lesão, permitindo o desenvolvimento das células com a consequente
cicatrização da lesão da cartilagem”, explica Kupczik.
Fabiano
Kupczik - está terminando Doutorado em Ciências na Universidade de São Paulo
(USP) e tem Mestrado em Cirurgia na PUCPR, é instrutor de
cursosteórico-práticosde Cirurgia do Joelho e participa das Comissões de Ensino
e Treinamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e da
Regional Paraná da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT-PR).
O médico também é Chefe da
Cirurgia do Joelho do Hospital Universitário Cajuru-PUC-PR, entidade que
recentemente se tornou a primeira instituição de saúde do Paraná e a sexta no
Brasil a receber o certificado da ISAKOS – International Society of
Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine e passou a ser
referência mundial nessa área.
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