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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Inovação como tendência estratégica na indústria


Uma pesquisa feita recentemente pela Desenvolve SP, mostrou que mais da metade dos empresários paulistas pretendem investir em algum tipo de inovação entre 2018 e 2020. O principal desejo desses empresários é inovar para conquistar novos mercados. No entanto, apesar do crescente interesse das empresas brasileiras no tema, ainda há muitas dúvidas sobre o que, de fato, é inovação. E, separar quem realmente é inovador de quem está apenas se apropriando indevidamente do discurso, era uma tarefa quase impossível.

Digo “era” porque está chegando uma certificação ISO capaz de separar o “joio do trigo”. A ISO 50.501, é uma certificação internacional que pretende garantir que a inovação não seja apenas um discurso bonito e sim uma cultura inerente ao cotidiano da empresa. A proposta da certificação é criar uma política capaz de suportar a organização no desenvolvimento de novos processos. A intenção é unificar as boas práticas já adotadas em todos os 163 países membros da ISO - International Organization for Standardization, que fica sediada em Genebra, na Suíça.

O comitê técnico de inovação foi criado pela Organização em 2008, dando início aos estudos para elaboração de uma norma específica para o assunto. Em 2013, o comitê já havia levantado todas as normas de inovação dos países associados. A partir de 2015, começaram as reuniões para elaboração da norma. Depois de várias revisões e alterações, o texto finalmente foi aprovado no último dia 05 de junho. A publicação deve acontecer já no segundo semestre de 2018, para dar início ao processo de certificação. No Brasil, ela ainda será traduzida pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. A expectativa é que, no máximo no primeiro trimestre de  2019, ela comece e ser certificável em nosso país. E, certamente, representará um grande ganho a quem for realmente inovador.

Em linhas gerais, o texto diz que inovação é a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou sistemas que não existiam anteriormente, ou que contenham alguma característica nova e diferente da até então em vigor. A norma avalia, basicamente, sete pilares de inovação: liderança visionaria, gestão de novos insigths, gestão da incerteza, cultura de adaptação, espirito de cultura aberta, adoção de valores de criação e direção intencional.

Com base nesse novo modelo criado, a norma vai criar uma ferramenta de gestão baseada em uma política para inovação, estabelecer objetivos e decidir métricas para quantificar e qualificar os resultados.

Ao contrário do que parece, a implementação é bastante simples. A empresa passa por uma fase de diagnóstico, que pode ser feito tanto por uma equipe interna de gestão quanto por uma consultoria terceirizada, desde que se detenha conhecimento específico sobre essa nova norma. Essa etapa pretende identificar se a cultura de inovação já existe e precisa apenas de adaptações, ou se a certificação servirá como uma ferramenta para implantação desse novo mindset. Depois de estabelecidos esses parâmetros, a próxima fase estabelece um cronograma, que varia caso a caso, uma vez que é completamente personalizado para cada empresa. Quando os ajustes estiverem prontos, uma acreditadora ligada ao INMETRO faz a avaliação para certificar.

Todos os tipos de empresa podem - e devem - buscar a ISO 50.501 para garantir que seus processos de gestão da inovação sigam as melhores práticas do mundo. Essa será uma grande oportunidade de transformar as empresas brasileiras, disseminando condutas inovadoras ideais para enfrentarmos os desafios que estão sendo impostos todos os dias pela modernidade. As empresas já perceberam que o mundo mudou e elas precisam mudar junto para continuarem ativas.






Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.


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