Uma
pesquisa feita recentemente pela Desenvolve SP, mostrou que mais da metade dos
empresários paulistas pretendem investir em
algum tipo de inovação entre 2018 e 2020. O principal desejo desses empresários
é inovar para conquistar novos mercados. No entanto, apesar do crescente
interesse das empresas brasileiras no tema, ainda há muitas dúvidas sobre o
que, de fato, é inovação. E, separar quem realmente é inovador de quem está
apenas se apropriando indevidamente do discurso, era uma tarefa quase
impossível.
Digo
“era” porque está chegando uma certificação ISO capaz de separar o “joio do
trigo”. A ISO 50.501, é uma certificação internacional que pretende garantir
que a inovação não seja apenas um discurso bonito e sim uma cultura inerente ao cotidiano da empresa. A proposta da
certificação é criar uma política capaz de suportar a organização no
desenvolvimento de novos processos. A intenção é unificar as boas práticas já
adotadas em todos os 163 países membros da ISO - International Organization for
Standardization, que fica sediada em Genebra, na Suíça.
O
comitê técnico de inovação foi criado pela Organização em 2008, dando início
aos estudos para elaboração de uma norma específica para o assunto. Em 2013, o
comitê já havia levantado todas as normas de inovação dos países associados. A
partir de 2015, começaram as reuniões para elaboração da norma. Depois de
várias revisões e alterações, o texto finalmente foi aprovado no último dia 05
de junho. A publicação deve acontecer já no segundo semestre de 2018, para dar
início ao processo de certificação. No Brasil, ela ainda será traduzida pela
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. A expectativa é que, no máximo
no primeiro trimestre de 2019, ela comece e ser certificável em nosso
país. E, certamente, representará um grande ganho a quem for realmente inovador.
Em linhas gerais, o texto diz
que inovação é a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou
sistemas que não existiam anteriormente, ou que contenham alguma característica
nova e diferente da até então em vigor. A norma avalia, basicamente, sete
pilares de inovação: liderança visionaria, gestão de novos insigths, gestão da
incerteza, cultura de adaptação, espirito de cultura aberta, adoção de valores
de criação e direção intencional.
Com
base nesse novo modelo criado, a norma vai criar uma ferramenta de gestão
baseada em uma política para inovação, estabelecer objetivos e decidir métricas
para quantificar e qualificar os resultados.
Ao
contrário do que parece, a implementação é bastante simples. A empresa passa
por uma fase de diagnóstico, que pode ser feito tanto por uma equipe interna de
gestão quanto por uma consultoria terceirizada, desde que se detenha
conhecimento específico sobre essa nova norma. Essa etapa pretende identificar
se a cultura de inovação já existe e precisa apenas de adaptações, ou se a
certificação servirá como uma ferramenta para implantação desse novo mindset.
Depois de estabelecidos esses parâmetros, a próxima fase estabelece um
cronograma, que varia caso a caso, uma vez que é completamente personalizado
para cada empresa. Quando os ajustes estiverem prontos, uma acreditadora ligada
ao INMETRO faz a avaliação para certificar.
Todos
os tipos de empresa podem - e devem - buscar a ISO 50.501 para garantir que seus
processos de gestão da inovação sigam as melhores práticas do mundo. Essa será
uma grande oportunidade de transformar as empresas brasileiras, disseminando
condutas inovadoras ideais para enfrentarmos os desafios que estão sendo
impostos todos os dias pela modernidade. As empresas já perceberam que o mundo
mudou e elas precisam mudar junto para continuarem ativas.
Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física
aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário