Os acidentes domésticos são a
principal causa de morte de brasileiros de um a 14 anos. Todo ano, 4,7 mil
crianças morrem e 122 mil são hospitalizadas no Brasil por causa de acidentes
ou lesões não intencionais, segundo o Ministério da Saúde. Com esses números,
dá para entender por que os acidentes são a principal causa de morte nesta
população.
No Brasil, um estudo em 2016,
realizado em Minas Gerais e publicado pela Revista Mineira de Enfermagem,
mostrou que as maiores taxas de mortalidade por causas externas, isto é, não
por doenças, em crianças de um a nove anos foram observadas nas mortes
por acidentes de transporte e
por afogamento.
O assunto é sério e merece atenção. A
boa notícia é que grande parte destes acidentes pode ser evitado com medidas de
prevenção simples. Dentro de casa há diversos fatores relacionados à frequência
maior de acidentes: pequenas dimensões, iluminação deficiente, móveis ou
objetos pontiagudos, piso escorregadio, tomadas elétricas sem proteção (ou mal
protegidas), falta de segurança para a criança em corrimãos de escadas e
em janelas e sacadas, passadeira deslizante, objetos que podem causar danos,
como martelo, serrote, alicate, furadeira, faca, espeto de churrasco, fósforos
e isqueiros, além do armazenamento inadequado de produtos químicos.
Entre os bebês que ainda não
completaram o primeiro aniversário e aqueles que têm entre um e dois anos, os
acidentes que mais matam são as aspirações de objetos miúdos, como peças de
brinquedos e alimentos. Na faixa etária dos dois aos quatro anos, as
estatísticas apontam que os afogamentos e os acidentes de trânsito, a exemplo
dos atropelamentos, são os mais fatais.
Tão importante quanto a prevenção dos
acidentes, é saber lidar quando uma situação dessas acontece. A pediatra do
Complexo Hospitalar dos Estivadores de Santos, Dra. Teresa Uras, comenta que
algumas medidas simples nos primeiros socorros podem ser cruciais no
atendimento das vítimas desses acidentes. “Se a criança apresentar vômitos,
perda de consciência ou sangramento abundante após uma queda, mordidas de
animais ou queimaduras agudas, por exemplo, é necessário encaminhar a criança
ao pronto-socorro”, explica a especialista.
A pediatra dá algumas dicas de como prevenir
alguns acidentes com medidas simples:
·
Instale grades ou redes de proteção nas janelas,
sacadas e mezaninos;
·
Não deixe cadeiras, camas e bancos perto de
janelas, pois as crianças podem escalar e se debruçar. O mesmo vale para móveis
baixos perto de estantes e armários altos;
·
Instale portões de segurança no topo e pé das
escadas. Se a escada for aberta, opte por redes ao longo de sua extensão.
Cuidado com chão liso e tapetes. Não encere o piso e providencie
antiderrapantes nos tapetes para evitar escorregões. Na maioria das quedas
infantis atendidas nos postos do SUS, as crianças caíram do mesmo nível, ou
seja, as quedas foram causadas por tropeções, pisadas em falso ou
desequilíbrios;
·
Oriente seu filho a brincar em locais seguros.
Escadas, sacadas e lajes não são espaços de lazer;
·
Crianças com menos de seis anos não devem dormir
em beliches. Se não houver outro local, instale grades de proteção nas laterais
das camas que ficam no andar superior;
·
O uso de andadores não é recomendado pela
Sociedade Brasileira de Pediatria, pois pode comprometer o desenvolvimento
ortopédico e causar sérias quedas;
·
Quando for trocar fraldas, mantenha sempre uma mão
segurando o bebê;
·
Nunca deixe um bebê sozinho em mesas, camas e
outros móveis, mesmo que seja por um instante;
·
Proteja as tomadas com protetores específicos;
·
Além disso, oriente seu filho a não colocar o dedo
na tomada, pois as queimaduras elétricas podem ser graves, expondo a
criança ao risco de morte e sequelas;
·
Não deixe o ferro de passar quente e ao alcance da
criança, mesmo que esteja desligado;
·
Os cabos das panelas devem ficar virados para
dentro do fogão;
·
Use protetores nas portas para evitar que a
criança prenda as mãos ou dedos;
·
Para uma criança se afogar, bastam 2,5 cm de
profundidade. Cuidado, portanto, com água em baldes e tanques, além de vasos
sanitários e piscinas sem proteção adequada;
·
Teste a temperatura de alimentos líquidos e
sólidos antes de oferecer à criança;
·
Antes do banho, teste a temperatura da água da
banheira com a parte interna do cotovelo;
·
Nunca deixe remédios ao alcance das crianças, nem
faça associação de medicamentos com balas e doces;
·
Não coloque produtos de limpeza em embalagens de
alimentos e refrigerantes. A criança pode confundir e ingerir. Evite também
deixá-los na parte de baixo de pias e armários.
Em
caso de acidentes
·
Caso a criança se queime, não passe nada no local
afetado. Pomadas, pasta de dentes, manteiga, clara de ovos ou outras receitas
caseiras podem prejudicar mais ainda a queimadura;
·
Lave a região por 10 minutos em água corrente e
busque atendimento médico;
·
Se a chama atingir as roupas, a vítima deve deitar
no chão e rolar. Quem estiver por perto deve cobri-la com um lençol ou pano
molhado e levá-la imediatamente ao hospital;
·
Não estoure as bolhas, pois há risco de infecção.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz –
www.hospitalalemao.org.br
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