Úlcera na córnea e alergia recorrente são os danos mais graves. Saiba
como prevenir
Com a proximidade do carnaval a oferta de espuma e
serpentina em spray está em toda parte – internet, lojas e bancas de camelôs.
Não é para menos. Atraem foliões de todas as
idades, mas podem causar graves danos aos olhos. O alerta é do oftalmologista
Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas.
“Se estas substâncias caírem nos olhos a
vermelhidão, ardência e alergia são certas. A gravidade do estrago depende da
quantidade e do tempo que os olhos ficam exposto sem lavar”, afirma. Em pessoas
que usam lente de contato o desconforto e o risco são ainda maiores destaca.
Isso porque, explica, a espuma de carnaval é
fabricada com cocobetaína e a serpentina em spray com resina. Ambas são
bastante tóxicas para a mucosa ocular. “O essencial é lavar os olhos o mais
rápido possível com bastante água filtrada, até retirar todo o resíduo dos
produtos, sem esfregar os olhos”, ensina. Se o desconforto não desaparecer no
mesmo dia, recomenda consultar um oftalmologista.
Problema
crônico
Queiroz Neto adverte que muitos foliões embalados
pelo samba demoram para retirar a espuma ou serpentina, principalmente as
crianças. É por isso que acabam tendo úlcera na córnea e alergia. “Os processos
alérgicos podem até desaparece com tratamento adequado, mas voltam a aparecer
sempre que a pessoa tiver contato com o alérgeno”. Comenta. Isso não é muito difícil.
Segundo p médico
vários xampus contêm cocobetaína o que dificulta a seleção depois de um
descuido com espuma de carnaval. Este é o caso de uma paciente que teve o olho
atingido pela espuma de carnaval e periodicamente tem reação alérgica a xampu
por não prestar atenção na fórmula.
A dica do oftalmologista para quem já contraiu
alergia ocular com espuma de carnaval é optar pelos xampus infantis. “A
recorrência da alergia pode predispor ao desenvolvimento do astigmatismo e até
do ceratocone por causa do hábito de coçar os olhos que fragiliza as fibras de
colágeno na córnea”, adverte.
Em quem nunca teve reação alérgica à espuma de
carnaval o uso de qualquer fórmula de xampu está liberado porque o contato com
a cocobetaína é muito rápido e por isso dificilmente desencadeia alergia.
Cuidados com
crianças
Queiroz Neto afirma que no carnaval o cuidado com
as crianças deve ser redobrado porque estão com o sistema imunológico em
desenvolvimento e as aglomerações durante a festa facilitam a transmissão do
vírus da conjuntivite. O médico adverte que por não estarem habituadas ao uso
de maquiagem esfregam os olhos com as mãos e acabam contraindo alergia ocular
ou conjuntivite.
O ideal para enfeitar crianças é o uso de pasta
d’água que é inócua e evita a formação de brotoeja na pele mais sensível,
salienta. Em caso de muita insistência para maquiar os olhos, a dica do
oftalmologista é só usar produtos infantis e dermatologicamente testados,
evitando passar o lápis na borda interna da pálpebra inferior. Isso porque pode
obstruir a glândula de meibomio que produz a camada gordurosa da lágrima e
provocar terçol. O mesmo cuidado com o lápis vale para mulheres adultas,
conclui.
Proibição em
Campinas
Na câmara municipal de Campinas tramita um projeto
de lei do vereador Luiz Carlos Rossini (PV) que propõe a proibição da
comercialização na cidade da espuma de carnaval por causa dos riscos à saúde. A
mesma proposta para todo o país foi engavetada em 2015 pela câmara dos
deputados. Caso o projeto de lei de Rossini seja sancionado, Campinas vai se
unir a outras duas cidades da região, Indaiatuba e Amparo conde a
comercialização já é restrita.
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