Uma nova terceira idade
está surgindo. Entender esse novo cenário traz oportunidades para empresas e
novas perspectivas para a vida dos idosos
A
imagem do idoso sedentário e acomodado está ficando no passado. A faixa etária
que mais cresce no Brasil já enxerga a perspectiva da chegada aos 100 anos, faz
parte da primeira geração de mulheres dedicadas exclusivamente à carreira a se
aposentar e busca envelhecer ao lado dos amigos. As pessoas acima de 60 anos
estão mais ativas e sociáveis e querem ser mais participativas na sociedade. A
idade é vista como um renascimento, apesar da dificuldade de se planejar e
pensar no longo prazo – resultado de experiências e dificuldades vividas em
tempos de recessão.
Isso
é o que revela um estudo conduzido pela Consultoria Estratégica IN, que
apresenta novas perspectivas sobre o comportamento da terceira idade no século
XXI. Segundo Fábio Milnitzky, CEO da IN e responsável pela pesquisa: "o
conhecimento a respeito da terceira idade no Brasil ainda é um campo em
formação e está se transformando neste exato momento. Entender e trabalhar com
esse novo cenário, conhecendo as necessidades e desejos que nascem com ele e
monitorando a sua evolução, traz oportunidades, diferencia as empresas e
possibilita a construção de um relacionamento que pode trazer um impacto real
para a vida dessa geração”.
Conheça as nove principais características do
novo idoso:
1 - A terceira idade é vista como um
renascimento
As
responsabilidades e a pressão diminuem com a idade: os filhos já estão criados
e muitos objetivos já foram alcançados. Lidar com essa nova fase, diferente de
tudo o que viram antes, é considerado o renascimento para uma nova vida.
2 - Existe uma dificuldade com o planejamento de
longo prazo
Planejamento
e longo prazo não são parte do cotidiano dessa geração, que prefere viver um
dia após o outro, sem muito compromisso, como consequência da diminuição das
responsabilidades e também do contexto em que cresceram.
3 - Viagens e estudos são muito desejados, mas
pouco realizados
Entre
as atividades que a terceira idade mais gostaria de fazer destacam-se viajar e
estudar. Hoje, essas atividades não acontecem por dificuldades financeiras ou
limitações de saúde. Modelos flexíveis e acessíveis poderiam ajudá-los a
concretizarem seus desejos.
4 - Grupos menos convencionais começam a ganhar
relevância
O
arquétipo do idoso tradicional – sedentário e acomodado – está cada vez mais
distante. Existem grupos que buscam o envelhecimento saudável e ativo e optam
por um estilo de vida que inclui esportes, saída com amigos e viagens sempre
que possível. Alguns escolhem, inclusive, morar juntos como forma de se ter
companhia e auxílio.
5 - Quarta idade faria mais sentido!
Quando
a população tinha uma expectativa de vida mais baixa, o termo terceira idade,
para classificar pessoas acima de 55 ou 60 anos, parecia adequado. Hoje, com
pessoas esperando viver até os 100 anos, ele é pouco representativo. Uma pessoa
de 60 anos não se identifica como parte do mesmo grupo de uma pessoa com mais
de 80. Assim, os próprios entrevistados concordam que o termo quarta idade
faria mais sentido.
6 - Individualidade acima de tudo
A
melhor forma de se referir a alguém da terceira idade é chamando pelo próprio
nome ou por características que digam respeito à sua própria personalidade, e
não à sua idade, evitando rótulos. O termo mais bem aceito é experiente. Outros
termos aceitos são senhor(a), idoso e terceira idade. Os menos aceitos são:
melhor idade, maduro, ancião, tio(a) e velho(a).
7 - As imagens devem ser bem cuidadas e
aspiracionais
Uma
série de cuidados devem ser tomados na escolha de imagens para comunicações com
a terceira idade para que não causem repulsa. Ambientes com muito branco, por
exemplo, são associados a hospitais. As imagens devem ser aspiracionais e
próximas dos interlocutores. A escolha das pessoas, sua expressão e posição na
imagem, o ambiente do entorno e as cores da comunicação devem ser escolhidas
com cuidado.
8 - Design a favor da inclusão
Ambientes
acessíveis vão muito além de barras de apoio em banheiros separados. O
verdadeiro design inclusivo é aquele que funciona para diferentes públicos ao
mesmo tempo, sem segregação - os idosos do século XXI querem usar os mesmos
ambientes que todo mundo. Sinalizações grandes e com um contraste relevante,
rampas que acompanham escadas, balcões de atendimento com variações de altura e
mesas acessíveis são exemplos de boas práticas que devem ser consideradas pelo
mercado.
9 – Aposentadoria, não!
Mais
que um meio de ganhar salário, o trabalho é uma forma de construir a vida
social, ter relações, conversas, se sentir informado e participando da
sociedade. Nas classes mais baixas as pessoas continuam trabalhando na velhice
por necessidade; já pessoas que possuem maior tranquilidade financeira
trabalham por desejo. Nos dois casos existem aspectos simbólicos de
pertencimento e reconhecimento como útil. Ninguém gosta de ser considerado
inútil ou um peso morto.
METODOLOGIA
Com
o objetivo de identificar as percepções e hábitos dos idosos, a IN realizou
pesquisa qualitativa com 200 pessoas com idades a partir de 60 anos, utilizando
dinâmicas de grupos, grupos focais, entrevistas em profundidade, entrevistas
com especialistas no tema e análise de dados sobre o tema (desk research). O
perfil demográfico definido: homens e mulheres das classes A e B, responsáveis
ou corresponsáveis pelas compras no domicílio e com renda familiar entre 3 e 10
mil reais. O campo foi feito em São Paulo, a análise e os estudos em todo o
Brasil, incluindo referências do exterior.
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