Acompanhamento
rigoroso da doença e adesão permanente do paciente à terapêutica são essenciais
para evitar as complicações; cerca de 3 milhões de brasileiros têm Diabetes,
mas ainda não foram diagnosticados
É
difícil encontrar quem nunca ouviu falar de Diabetes. Mesmo assim,
aproximadamente 3 milhões de pessoas têm a doença e não sabem no Brasil, de
acordo com pesquisa da Federação Internacional de Diabetes. Caracterizado pelo
excesso de glicose no sangue, a chamada hiperglicemia, o Diabetes decorre da
ação inadequada da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas e responsável
pela metabolização da glicose, mas também pode ocorrer quando não há produção
dele pelo organismo. A Dra. Roberta Frota Villas Boas, endocrinologista do
Centro de Rim e Diabetes do Hospital 9 de Julho, explica que, quando não
tratado, o diabetes pode causar sequelas graves e, por vezes, irreversíveis ao
organismo, como a cegueira ou a doença renal crônica.
O
Diabetes Tipo 1 ocorre principalmente em crianças e adultos jovens. Nesses
casos, a produção de insulina pelo pâncreas é praticamente nula. O Diabetes
Tipo 2 é mais comum em adultos e está associado ao sobrepeso. “Nesses pacientes
o excesso de gordura corporal atrapalha a ação da insulina resultando, com o
passar dos anos, em hiperglicemia”, afirma a especialista. No Diabetes Tipo 2,
porém, há um agravante. Durante anos a pessoa pode não apresentar sintomas e,
com isso, não procurar o tratamento adequado. A falta de tratamento faz com que
a doença evolua com complicações, tanto no Tipo 1 quanto no Tipo 2.
Isso
ocorre porque causa alterações funcionais e estruturais ao longo do tempo tanto
nos vasos responsáveis pela macro quanto os que fazem a microcirculação. Entre
as complicações de diabetes, as mais importantes são a retinopatia, a
nefropatia e a neuropatia. Veja a seguir mais informações sobre cada uma delas:
Retinopatia diabética
O
excesso prolongado de glicose no sangue pode deteriorar os vasos sanguíneos da
retina tornando-os mais permeáveis e possibilitando o extravasamento de sangue
e fluído, formando um inchaço local. Inicialmente, o paciente percebe a visão
turva, quadro que pode evoluir para perda parcial ou total da visão.
Nefropatia diabética
Essa
complicação consiste em uma alteração nos vasos sanguíneos dos rins, que leva à
perda de proteína por meio da urina. A nefropatia diabética faz com que o órgão
reduza sua função lentamente, porém, de forma progressiva, até a paralisação
total. Como normalmente não há sintomas, o paciente só descobre o problema
quando a doença renal já está avançada, tornando-se crônica.
Neuropatia diabética
Distúrbio
do sistema nervoso periférico causado pelo Diabetes, a neuropatia consiste em
danos nos nervos ao longo do corpo.
O tipo mais comum dessa complicação afeta as extremidades, como pés, pernas,
mãos e braços. Ela ocorre porque o excesso de glicose no sangue diminui o
oxigênio que chega aos nervos por meio de pequenos vasos sanguíneos.
Prevenção
Para
evitar as complicações do Diabetes, o paciente precisa seguir as recomendações
médicas e manter um estilo de vida saudável. Entre os cuidados mais importantes
estão a prática de exercícios físicos, controle da dieta, realização do
autoexame para medição da glicose, evitar o consumo de álcool e cigarro. São
recomendados também cuidados especiais com os olhos e com a saúde bucal.
“As
células da córnea da pessoa com diabetes tem algumas diferenças com relação a
dos outros pacientes, o que torna os olhos portas de entrada para várias
infecções e doenças como glaucoma e catarata”, afirma a Dra. Roberta Frota
Villas Boas. “No caso da saúde bucal também é importante ter um acompanhamento
periódico com o dentista porque o sangue do diabético, com alta concentração de
glicose, é mais propício ao desenvolvimento de bactérias. Como a boca é a via
de entrada dos alimentos, por ali passam vários corpos estranhos que, junto com
o resto de comida, favorecem a proliferação de bactérias”, completa.
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