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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

“O suicídio pode ser prevenido”


O ano era 1994, quando Mike Emme, de apenas 17 anos, tirou a própria vida sem ninguém à sua volta dar conta do momento em que ele se encontrava. Mike era conhecido por sua personalidade carinhosa e habilidade mecânica, restaurou sozinho um Mustang 68 e o pintou de amarelo, o carro era sua grande paixão. Em seu funeral, seus amigos, movidos pela culpa de não terem percebido a condição de Mike, colocaram uma cesta de cartões com fitas amarelas, da cor do Mustang, com a seguinte mensagem: “Se você precisar, peça ajuda”. Os cartões se espalharam pelos Estados Unidos e em poucas semanas diversos jovens começaram a buscar ajuda.

Três semanas depois veio a notícia de que uma garota recebeu ajuda quando enviou sua mensagem por correio para a professora. Pouco tempo depois os pais de Mike, Dale Emme e Darlene Emme, iniciaram o programa de prevenção ao suicídio “Yellow Ribbon”, que até hoje já distribuiu mais de 19 bilhões de cartões que ajudaram a salvar cerca de 115 mil vidas. A fita amarela é, desde então, o símbolo dos programas que incentivam aqueles que tem pensamentos suicidas a buscarem ajuda.

Em 2003, a Organização Mundial da Saúde – OMS – instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. Em seu primeiro relatório sobre o assunto, publicado em 2014, alertou para o fato de que mais de 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente em todo o mundo. Neste relatório, o Brasil aparece como oitavo país com o maior índice de suicídio. Estes fatos reforçam a compreensão de que suicídio é um problema grave e de saúde pública. Para se ter noção da magnitude do problema, trata-se da principal causa de morte violenta na população geral.

Em 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria, lançou a cartilha “Suicídio: informando para prevenir”; já o ministério da Saúde lançou em 2016 o manual Prevenção de suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental, com o intuito de auxiliar na detecção precoce de condições associadas ao fenômeno e desta forma poder realizar medidas preventivas. Ambos materiais evidenciam o papel do profissional de psicologia na prevenção do suicídio e isso se deve ao fato de que na maioria dos casos os pacientes sofriam de psiquiátricas que não eram tratadas ou que as famílias desconheciam ou mesmo não sabiam que precisava de tratamento.

Muitos são os fatores que favorecem o comportamento suicida e que podem ser considerados fatores de risco para o suicídio:

Doenças psiquiátricas não tratadas, como a depressão com desesperança;
Pacientes com tentativas de suicídio prévio;

Isolamento social;

Desemprego;

Situações econômicas extremas;

Famílias problemáticas, uma vez que a dinâmica familiar desempenha um papel fundamental na estabilidade emocional de seus membros, especificamente em adolescentes;

Perda dos pais na infância, perda recente de um amigo próximo ou membro da família;

Doenças orgânicas causadoras de incapacidade, doenças crônicas, dor aguda, neoplasias malignas e AIDS

Consumo de substancias tóxicas também podem rebaixar os mecanismos de enfrentamento e acaba atuando como uma ponte entre depressão e o suicídio;

Bullying é outro fenômeno a ser observado tão grave quanto o cyber bullying;

Histórico familiar de suicídio.

Uma avaliação psicológica permite diagnosticar riscos de suicídio no indivíduo. A desesperança, um sintoma central da depressão e também comum em muitas outras doenças psiquiátricas, em sua forma mais perniciosa, pode ser uma força motriz do suicídio. Para o Psicólogo a desesperança representa um alvo especificamente importante para as intervenções. Para uma pessoa que não consegue ver motivos para viver, o suicídio pode parecer a melhor opção. Em uma avaliação psicológica, quando o risco de suicídio é identificado o profissional encaminha o paciente ao psiquiatra e orienta amigos ou familiares responsáveis sobre medidas preventivas.

O acolhimento faz parte do processo de prevenção ao suicídio e para tanto é importante que tenhamos empatia em relação ao próximo quando este demonstrar ou expressar sintomas depressivos, não se deve subestimar seu pedido de ajuda, acusando a enfermo de “ querer chamar atenção”. É importante ter tolerância em relação às queixas e buscar conduzir o indivíduo para um profissional capaz de prestar o auxílio necessário. A melhor forma de incentivar uma pessoa a buscar ajuda é por meio da conversa, buscando apontar mudanças no comportamento da mesma e sem ter medo de perguntar sobre pensamentos suicidas. Em alguns casos ir com a pessoa até o profissional é essencial para o processo.

Dados publicados pelo Ministério da Saúde na Agenda Estratégica de Prevenção do Suicídio apontam que a situação segue preocupante. De 2011 a 2015, números de óbitos decorrentes de atentados à própria vida saltaram de 10.490 para 11.736. Já entre 2011 e 2016 foram notificadas 176.226 lesões autoprovocadas. As notificações de tentativa de suicídio são obrigatórias desde 2011.Outras evidências deste levantamento são ainda mais alarmantes: as mulheres representam 69% das tentativas de suicídio no Brasil e o meio mais utilizado é o envenenamento ou intoxicação.

A avaliação psicológica é extremamente importante para detectar alguma doença psiquiátrica ou ideação do suicídio, mas o trabalho do profissional de psicologia é ainda mais importante após o atentado. Os enlutados também precisam de acolhimento. O psicólogo americano Edwin Shneidman criou o termo postventio (pósvenção), para definir as atividades que ocorrem após o suicídio, com o intuito de abrandar o impacto nos entes queridos que se veem tendo de seguir a vida e de alguma forma superar o trauma. Isso é importante porquê o luto do suicídio representa um processo de adaptação à perda. Quando ocorre uma morte por suicídio, uma parte da sociedade sofre seus efeitos e a pósvenção ajuda na diminuição das sequelas deixadas por este tipo de morte.

Sandra Regina Gonzaga Mazutti - coordenadora do Serviço de Apoio ao Estudante e Docente dos Cursos de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi.  Mestre em Ciências da Saúde Pelo Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa (2016) Graduação em Psicologia pela Universidade Guarulhos (1987). Especializações em Psicologia Hospitalar, pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1994), Terapia Cognitiva, pelo Instituto de Terapia Cognitiva (2007) e Psicooncologia e Cuidado Paliativo pelo Intituto Pallium LatinoAmérica-Medicina Paliativa- Buenos Aires- Argentina em 2012. Coordenou o Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital Paulistano de 2001 a 2018. Foi Secretária na Diretoria do Departamento de Psicologia da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), 2010/2011 e Membro do Departamento de Psicologia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) de 2012 a 2018. Atende em consultório particular desde 2005 como Psicoterapeuta Cognitiva Comportamental e desde 2017 coordena o Serviço de Apoio ao Estudante e Docente dos Cursos de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi.



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Outras vantagens: a titulação internacional, que permite ao estudante o acesso a certificação do Brasil e de uma instituição no exterior e o Anhembi Carreiras (http://carreiras.anhembi.br), um portal de empregabilidade da Universidade Anhembi Morumbi com serviços de preparação para o mercado de trabalho e conteúdos exclusivos para o desenvolvimento da trajetória profissional.



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