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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Pesquisa aponta automutilação não suicida em universitários, a maioria do sexo feminino

Os dados serão apresentados no XXVII Congresso da ABEAD onde especialistas da área discutem a relação da automutilação e consumo de substâncias


No Brasil, a automutilação não suicida é considerada um novo fenômeno das adições que alerta os especialistas na área de psiquiatria no tratamento de transtornos relacionados ao uso de substâncias. 

O conceito de automutilação não suicida faz parte do DSM 5 - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, que na tradução para o português significa: “Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”, e está na quinta edição. O DSM é escrito pela Associação Americana de Psiquiatria, que reúne as maiores autoridades em transtornos mentais no mundo e serve de guia para os profissionais. 

Ainda não há dados conclusivos sobre o problema no país, mas o debate vai ser realizado no XXVII Congresso da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), de 03 a 06 de setembro, em São Paulo. 

A Automutilação e consumo de substâncias, é o tema da palestra da psiquiatra, Renata Soares de Azevedo, coordenadora do Programa de prevenção ao uso de risco de substâncias psicoativas (Viva Mais) e do Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA) do HC/UNICAMP. 

“Vou apresentar dados de um levantamento que nós fizemos na Unicamp, objeto da tese de mestrado de Bárbara Bandeira, publicada em outubro de 2022, que trabalhou este comportamento especificamente. Levantamos taxas bastantes expressivas de 17,8% dos jovens, mais mulheres do que homens, que relataram pelo menos um episódio na vida de automutilação”, ressalta a psiquiatra. 

Renata Azevedo, reforça que o conceito de automutilação foi incluído recentemente no DSM 5 e há uma série de questionamentos em torno do problema, como a interface com o uso de substâncias. “Há vários estudos apontando essa relação. Mas, precisamos entender como isso é abordado do ponto de vista sintomático e de diagnóstico, o quanto que isto é um diagnóstico em si, o quanto que é um transdiagnóstico ou um sintoma que faz parte de outros quadros”, explica a psiquiatra destacando a importância com relação à comorbidades. 


 Autolesão não suicida em universitários: um estudo transversal

A pesquisa que faz parte da tese de mestrado da Unicamp, Autolesão não suicida em universitários: um estudo transversal, de Bárbara Bandeira, de outubro de 2022, ouviu 6.906 estudantes. A investigação da automutilação não suicida (NSSI) foi elaborada com base no diagnóstico do DSM5. 

Entre os entrevistados, 1.188 (17,8%) alunos relataram pelo menos um episódio de NSSI ao longo da vida. Cerca de 35% revelou que se automutilou pela primeira vez entre 14 e 16 anos. As mulheres são maioria, 752 (63,7%) dos entrevistados eram do sexo feminino e 430 (36,3%) do sexo masculino. 


Resistência ao pensamento suicidam, alívio de emoções negativas

Segundo o levantamento na Unicamp, entre as justificativas para o engajamento à automutilação estão o esforço para resistir a pensamentos suicidas, o alívio para as emoções negativas e uma forma de desabafar o sentimento de raiva. 

Além do comportamento autolesivo associado às mulheres, a pesquisa também constatou a predominância da NSSI entre pessoas negras e a atitude relacionada à insatisfação com o curso escolhido, história de bullying e transtorno mental prévio. 

“Houve um risco dez vezes maior de comportamento suicida entre os automutiladores e esse risco foi ainda maior para NSSI recorrente”.


Comportamentos semelhantes 

No XXVII Congresso da ABEAD o tema NOVOS FENÔMENOS DAS ADIÇÕES A SEREM OBSERVADOS, a Automutilação e Consumo de Substância, vai aprofundar o debate sobre a relação entre os dois comportamentos e os caminhos para o tratamento. Apesar da falta de dados mais consistentes, as evidências apontam para um quadro preocupante.  

De acordo com a psiquiatra, Renata Azevedo, existe uma percepção no comportamento de quem se automutila semelhante ao de quem faz uso de substâncias psicoativas (SPA).   “Artigos recentes apontam uma certa relação com dependência, aspectos como fissuras, de antecipação, de alívio e de prazer e um crescente, às vezes, no processo de automutilação não suicida, riscos da associação de automutilação não suicida e comportamento suicida”, resume.

No XXVII Congresso da ABEAD, de 03 a 06 de setembro em São Paulo (SP), serão discutidos este e outros assuntos envolvendo as políticas públicas de atendimento aos Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias e Transtornos Aditivos, também chamados comportamentais. 

Novos fenômenos de drogas como os vapers (cigarros eletrônicos), as drogas sintéticas denominadas K e Z, cocaína batizada com fentanil e as dependências comportamentais como sexo, jogos, compras, internet e trabalho fazem parte do amplo debate do congresso com mais de 170 palestras e outros eventos paralelos. 


Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas - ABEAD
www.abead.com.br


Livro expõe os dilemas da idade, do trabalho e da saúde depois dos 50

Com seleção de artigos, Maria Tereza Gomes revela a própria experiência de envelhecimento, com suas dores e conquistas


“Inadequada ficava a tua avó!” e “Querido, estou encolhendo” são alguns dos títulos de textos sobre longevidade escritos pela jornalista, empreendedora e escritora Maria Tereza Gomes, 58 anos, compilados em Coisas que aprendemos com o tempo, lançamento do Selo Edições 70, da editora Almedina Brasil. A obra dá voz aos desafios relacionados à idade ao reunir uma seleção de artigos intimistas assinados pela autora. Enquanto expõe a própria experiência de envelhecimento, ela também imprime um tom jornalístico ao entrevistar especialistas em busca de respostas para os dilemas de quem “tem mais passado que futuro”.

Nessa jornada de reflexões sobre o amadurecimento, Maria Tereza não esconde seu temor de sofrer de Alzheimer, de sua poupança acabar antes dela e a dor das perdas acumuladas conforme os anos passam. O livro está organizado em três partes: idade, trabalho e saúde. No texto de abertura, “Aos 55 atingi a expectativa de vida esperada quando nasci”, a jornalista aborda a revolução da longevidade, fenômeno global que está mudando também a pirâmide etária brasileira.

“Somos uma geração que pode sonhar com os 100 anos, mas a questão ainda a ser resolvida é como vamos viver esses anos extras”, diz a autora. “É algo perturbador e sobre o qual tento refletir nos meus textos. Mas já descobri que uma parte importante do processo de envelhecer depende da forma como cuidamos do nosso corpo, mente e alma - e isso não depende da idade”, reflete.

O interesse pelo tema da longevidade nasceu a partir do podcast Mulheres de 50, apresentado por Maria Tereza e suas três irmãs, no qual discutem temas ligados à meia idade, como menopausa e relacionamentos. Agora, em Coisas que aprendemos com o tempo, ela convida os leitores a entrar no universo que celebra o auge da maturidade e a rirem de seus títulos bem-humorados, entre os quais estão “Brasil tem a primeira geração de idosos com dentes” e “Nem todos os 60+ gostam de bege”. 

Divulgação
Ficha técnica

Livro: Coisas que aprendemos com o tempo - Idade, trabalho e saúde
Autor: Maria Tereza Gomes
Editora: Almedina Brasil - Selo 70
ISBN: 9786554271677
Páginas: 128
Formato: 23x16x0,8cm
Preço: R$ 49,00 (pré-venda a R$ 39,20)
Onde encontrar: Almedina Brasil | Amazon

Sobre a autora

Maria Tereza Gomes - mestre em Administração de Empresas pela FEA-USP, bolsista do Knight-Wallace Fellow pela Universidade de Michigan, é uma experiente jornalista de economia e negócios. Trabalhou por 18 anos no Grupo Abril, onde foi repórter da revista Exame e diretora de redação da revista Você S/A e do Guia Exame-Você S/A - As Melhores Empresas para Você Trabalhar. Como diretora de produção e programação, liderou e lançou o IdealTV, canal por assinatura dedicado à gestão, negócios e carreiras. Como apresentadora de TV, Maria Tereza entrevistou mais de 70 CEOs para o programa Trajetória Ideal. É autora de outros dois livros: O Guia dos MBAs (2000) e O Chamado (2016), além de coautora de outros títulos. Atualmente, é colunista de longevidade da revista Época Negócios, mediadora do podcast Mulheres de 50 e CEO da Jabuticaba Conteúdo, empresa certificada como Women’s Business Enterprise pela WeConnect International. É paranaense e desde 1993 mora em São Paulo. Tem 58 anos, é casada com o também jornalista Geraldo Magella e não tem filhos.

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Tempestade perfeita: dormir mal agrava problemas de saúde em idosos obesos, mostra estudo

 

Participantes que dormiam mal apresentavam pior saúde
 física e mental, com menor vitalidade, mais dor muscular
 e funções física e mental comprometidas
(
foto: Drazen Zigic/Freepik)

Pesquisa feita na USP com 95 voluntários associa má qualidade do sono ao agravamento de complicações causadas pelo envelhecimento e o sobrepeso, como ansiedade, depressão, aumento da gordura corporal e perda de força e massa muscular

 

Idosos obesos que dormem mal apresentam menor força e massa muscular nos braços e nas pernas, além de maior percentual de gordura corporal e mais sintomas de ansiedade e depressão do que aqueles com sono de boa qualidade. Os dados são de um estudo feito na Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Scientific Reports.

O número de idosos obesos aumentou nas últimas décadas em todo o mundo. No Brasil, entre 2006 e 2019, a prevalência de sobrepeso em pessoas com 60 anos ou mais saltou de 53,7% para 60,4% (1,16% ao ano) e, a de obesidade, de 16,1% para 20,8% (2,34% ao ano), de acordo com um estudo que analisou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde. O aumento dos dois fatores foi maior entre homens e entre pessoas com idade maior ou igual a 80 anos, para excesso de peso, e entre 70 e 79 anos, para obesidade.

“Temos a tempestade perfeita: envelhecimento da população e aumento da obesidade entre esse público, que tradicionalmente já apresenta distúrbios do sono com maior frequência, além de diminuição da força muscular, da massa magra e da saúde mental”, comenta o nutricionista e fisiologista clínico do exercício Hamilton Roschel, que coordenou o trabalho com apoio da FAPESP. “Também é importante lembrar que, mesmo na população em geral, a qualidade do sono é considerada um determinante crítico de saúde.”

O estudo envolveu integrantes do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP) e da Faculdade de Medicina (FM-USP). Também participaram cientistas da Disciplina de Geriatria da FM-USP.

Para investigar a associação entre qualidade do sono e parâmetros quantitativos e qualitativos de saúde mental e física em idosos obesos, os pesquisadores formataram o estudo da seguinte maneira: aplicaram questionários validados para diferentes aspectos de saúde em dois grupos de 95 idosos obesos (homens e mulheres), divididos em bons (46) e maus (49) dormidores. Também foram avaliadas a composição corporal e funcionalidade dos participantes.

“Descobrimos que os participantes que dormiam mal apresentavam pior saúde física e mental, com menor vitalidade, mais dor muscular e funções física e mental comprometidas”, conta Roschel. “Essas pessoas tinham, ainda, maior percentual de gordura corporal e menos massa magra e força muscular relativa, além de apresentarem piores escores de depressão, ansiedade e qualidade de vida.”


Redução de impacto

Na avaliação dos autores, os resultados do trabalho servem como alerta para a importância de cuidar da saúde do sono desses idosos, a fim de reverter ou minimizar os impactos que a obesidade e o envelhecimento causam sobre diversos aspectos de sua fisiologia (como resposta anabólica e metabolismo de glicose) e qualidade de vida.

“A constatação de que a população de idosos obesos está em maior risco para desfechos piores pode nos ajudar a identificar e encaminhar adequadamente pacientes que utilizam um serviço público tão amplo e abrangente quanto o SUS [Sistema Único de Saúde], evitando maior deterioração de sua saúde geral”, acredita Roschel.

Nos próximos meses, o grupo da USP deve publicar um estudo longitudinal complementar envolvendo terapias de estilo de vida centradas em tratar desfechos negativos em relação a composição corporal (por exemplo, perda de massa muscular e diminuição da adiposidade) e distúrbios metabólicos (controle de glicemia e perfil lipídico, entre outros).

O artigo Sleep quality is a predictor of muscle mass, strength, quality of life, anxiety and depression in older adults with obesity, também assinado por Rafael Genário, Saulo GilGersiel Oliveira Júnior, Alice Erwig Leitão, Tathiane Franco, Ruan Célio dos Santos Sales, Eduardo Ferriolli, Alexandre Leopold Busse, Wilson Jacob Filho e Bruno Gualano, pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41598-023-37921-4.

 

Julia Moióli
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/tempestade-perfeita-dormir-mal-agrava-problemas-de-saude-em-idosos-obesos-mostra-estudo/44729


Desinflamação do corpo previne doenças e freia envelhecimento precoce

Estudos científicos e práticas de saúde constatam que a inflamação do corpo está na gênese de todas as doenças crônicas da atualidade – da obesidade aos problemas cardiovasculares, do cansaço ao Alzheimer.

Quando o corpo se sente atacado, libera uma resposta inflamatória para reparar eventuais perdas e danos. É uma defesa natural, pois o organismo quer lutar contra agentes como infecções por bactérias, vírus, parasitas, ferimentos ou traumas. Essa situação é aguda e o processo inflamatório tem início, meio e fim.


Entretanto, o problema é quando a inflamação não cessa e se torna crônica. Este é o nome dado pela ciência para essa resposta inflamatória que permanece, não se desliga, dura meses e até anos. A mobilização das células de defesa do corpo não cessa jamais e, em vez de recuperar a lesão, vai danificando a própria estrutura do corpo de forma profunda, silenciosa e invisível.


Um dos estragos é a lesão no revestimento das artérias. Já no sistema nervoso, quando o cérebro permanece inflamado, ele pode desenvolver Alzheimer ou outros tipos de demência, Parkinson, depressão, ansiedade. Se o processo de inflamação incessante perdura nas articulações, desenvolve artrite e dores que não passam. Já no pâncreas, a inflamação pode levar à resistência à insulina, o primeiro passo para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da obesidade. Grande parte dos casos de câncer hoje também tem como causa a inflamação crônica. Sem falar nos incômodos do dia a dia, alergias, cansaço, problemas de pele, tudo isso pode ser consequência de um corpo inflamado.


Muitas pessoas acreditam que a genética é determinante para a manifestação de doenças, olhando isoladamente para cada uma das sequelas da inflamação. Entretanto, a genética que herdamos determina no máximo 20% de como envelhecemos, e se vamos ou não manifestar certas doenças. Os pesquisadores são categóricos em afirmar que mais de 80% do que experimentamos em nossa saúde e bem-estar estão relacionados às escolhas que fazemos todos os dias.


O primeiro passo para conter a inflamação crônica é parar de alimentá-la e colocar em prática os sete pilares da desinflamação: oferecer nutrientes “adorados” pelas bactérias boas que compõem a microbiota intestinal, como as fibras encontradas nos alimentos naturais; ter um sono reparador; priorizar uma dieta com folha, legumes e frutas, depois peixes e ovos, e, por fim, carne vermelha em menor quantidade; fazer uso dos “superalimentos” (retirados da terra), como o alecrim, a sardinha, o ovo, a batata yacon, o coco, a couve; gerenciar o estresse (a qualidade da nossa saúde mental está atrelada à nutricional); praticar exercícios físicos, seja caminhada, treino em academia, aula de dança; e não negligenciar a hidratação (ingerir, pelo menos, um copo de 200 ml de água a cada uma hora).


Nos meus 15 anos de experiência clínica, atestei que essa metodologia pode contribuir para você retomar as rédeas da sua saúde!




 Dra. Gisela Savioli -é nutricionista clínica funcional, fitoterapeuta, escritora e apresentadora do Programa “Mais Saúde”, pela Rádio e TV Canção Nova.

 

Depressão pós-parto é assunto sério: uma em cada quatro mulheres passa pelo problema, segundo a Fiocruz. Quais são os sintomas e fatores de risco que podem levar as gestantes e puérperas a desenvolver a doença?

 Para a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e obstetra, é imprescindível que a mulher seja observada durante toda a gestação, especialmente por seus familiares e/ou rede de apoio, porque a depressão pós-parto está fortemente ligada a situações vividas antes de o bebê nascer 

 

Depressão pós-parto é uma doença séria. Segundo a Fiocruz, o problema atinge uma em cada quatro mulheres no puerpério (25% das gestantes), número bastante alto.

Diferente do chamado 'baby blues', estado de melancolia que algumas puérperas enfrentam por poucos dias depois do nascimento do bebê, causado pelas alterações hormonais, mas de sintomas passageiros, a depressão pós-parto pode perdurar por semanas ou meses. "Há casos extremos, que demandam não apenas o acompanhamento do psiquiatra e do psicólogo, mas até internação da mulher", relata a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e obstetra, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein.

Segundo a médica, é preciso intervir antes de a paciente chegar a esse ponto - e isso pode acontecer durante a gestação. "Apesar de o nome ser depressão pós-parto, é possível que o quadro se instale durante a gestação. Então, familiares, a rede de apoio e a própria mulher precisam ficar atentos aos sintomas e procurar ajuda assim que eles surgirem", alerta a médica.


Fatores de risco

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto. Ela pode estar associada a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida, além de ter ligação, também, com histórico de outros problemas e transtornos mentais – além do enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da gravidez.

O MS pontuou uma série de fatores de risco que podem aumentar as chances de uma mulher desenvolver a depressão pós-parto:

- Histórico de depressão pós-parto anterior.

- Falta de apoio da família, parceiro e amigos.

- Estresse, problemas financeiros ou familiares.

- Falta de planejamento da gravidez.

- Limitações físicas anteriores, durante ou após o parto.

- Depressão antes ou durante a gravidez.

- Depressão anterior.

- Transtorno bipolar.

- Histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais.

- História de desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), que é a forma grave de tensão pré-menstrual (TPM).

- Violência doméstica.


Sinais e sintomas

Os sintomas da depressão pós-parto materna são caracterizados como tristeza, apatia, desalento, insônia ou excesso de sono, alterações no apetite, sentimento de culpa, dificuldade de concentração, ansiedade, entre outros quadros tipicamente depressivos. As causas fisiológicas mais comuns do quadro depressivo pós-parto são as alterações hormonais bruscas que ocorrem com a mulher ou casos apenas emocionais. Pode haver ou não a rejeição ao bebê.

O avanço da doença pode criar um quadro chamado de psicose pós-parto, condição mais susceptível em mulheres com distúrbio bipolar. Os sintomas da psicose pós-parto, que começam geralmente durante as três primeiras semanas do puerpério, incluem desconexão com os familiares e o bebê, confusão mental, mudanças de humor drásticas, alucinações e desejo de fazer mal a outras pessoas, a si mesma e ao bebê.


Quando e como tratar a depressão pós-parto

Como citado, é comum que as mulheres passem pelo Baby Blues, um sentimento melancólico no período pós-parto, que pode durar poucas semanas. Ele é diferente da depressão pós-parto e não precisa de medicação ou tratamento, porque apenas um desequilíbrio hormonal momentâneo, que o próprio organismo feminino conseguirá solucionar.

Porém, se o quadro evoluir para a depressão pós-parto, é necessário que a mulher passe por uma consulta com seu obstetra, que poderá encaminhá-la ao psiquiatra e psicólogo. A ideia é fazer um acompanhamento multidisciplinar, porque ela pode precisar de medicamentos e terapia. “A depressão pós-parto geralmente é ocasionada por problemas que a mulher carrega consigo. Medos gerados na gestação – como o do abandono, violência doméstica, de problemas financeiros, desemprego, entre outros -, dificuldades de relacionamento, quadros depressivos anteriores à gravidez, morte na família, entre outros aspectos, devem ser investigados, para que os profissionais tenham clara a origem do problema”, comenta a Dra. Mariana.

O tratamento é o mesmo de uma depressão, envolvendo terapia e medicamentos, se necessário. “O suporte familiar é imprescindível, neste momento, porque a mulher é muito julgada e dificilmente consegue dar conta desses sentimentos, sozinha. Se ela tiver uma boa rede de apoio, certamente será mais fácil enfrentar esse difícil momento”, sugere a médica.

Setembro Amarelo é o nome da campanha de prevenção ao suicídio, realizada por meio de uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP e o Conselho Federal de Medicina – CFM. Estima-se que sejam computados mais de 12 mil suicídios no Brasil ao ano – número superior à média mundial.

 

Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.

 

Setembro Verde relembra cuidados e prevenção em relação ao câncer de intestino: tumor é um dos mais comuns no Brasil

Pandemia diminuiu número de exames de diagnóstico no país, essenciais para detecção precoce da doença e redução da mortalidade

 

Em todo o mundo, os tumores de intestino - que abrangem aqueles que se iniciam tanto na parte do intestino grosso chamada cólon como em sua porção final, no reto e ânus - é responsável por cerca de 10% de todos os diagnósticos de câncer no mundo, com 1,9 milhão de novos casos anuais e 935 mil mortes, segundo o levantamento Globocan, da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Esse alerta para a sociedade em geral ganha um reforço neste mês, que marca a campanha Setembro Verde, voltada à promoção do cuidado e à prevenção da condição. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença ocupa o segundo lugar em volume de incidência, excluindo o câncer de pele não melanoma, em homens e mulheres, ficando atrás apenas das neoplasias de próstata e mama, respectivamente. A entidade estima que ao longo de 2023 serão identificados 45.630 novos casos de tumores de intestino.

O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, o tumor se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar cancerígenos. A principal forma de diagnóstico e prevenção é através do exame de colonoscopia, em que um tubinho flexível com uma câmera na ponta é introduzido no intestino e faz imagens que revelam se há presença de possíveis alterações, permitindo, inclusive, remoção de pólipos e biópsias de lesões suspeitas. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco habitual na faixa etária de 50 anos - mas muitos países já reduziram para 45 anos de idade. 

“Grande parte dos tumores de intestino aparece a partir dos chamados pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede interna do órgão, mas que se não identificadas preventivamente podem evoluir e se tornarem malignas com o passar do tempo. Após os 50 anos de idade, a chance de apresentar pólipos aumenta, ficando entre 18% e 36%, o que consequentemente representa um aumento no risco de tumores malignos decorrentes da condição a partir dessa fase da vida e por isso ela foi estabelecida como critério para início do rastreio ativo. Além de detectar esses pólipos, a colonoscopia permite que eles sejam retirados, o que funciona como mais uma forma de prevenir o câncer”, explica a oncologista Renata D’Alpino, co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais e neuroendócrinos do Grupo Oncoclínicas.

Ela lembra que pessoas com histórico pessoal de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, bem como registros familiares de câncer colorretal em um ou mais parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, devem ter atenção redobrada e realizar controles periódicos antes da idade base indicada para a população em geral. E alerta: quando descoberto em fase inicial, o câncer colorretal tem taxa de cura acima de 90%.

Ainda assim, a médica afirma que há muitos tabus que cercam o rastreio preventivo do câncer colorretal, o que contribui para a baixa adesão ao controle precoce da doença mesmo entre pessoas que fazem parte do grupo com risco aumentado. “Muitas vezes, o tumor só é descoberto tardiamente, diante de sintomas mais severos, como anemia; constipação ou diarreia sem causas aparentes; fraqueza; gases e cólicas abdominais; e emagrecimento. Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem na saúde, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorróidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados", diz Renata D’Alpino.


Incidência cresce entre jovens adultos

Para a oncologista da Oncoclínicas, outro ponto de grande relevância no combate ao câncer de intestino é o estabelecimento de uma recomendação mais clara para triagem de casos assintomáticos, quando não há sinais de sintomas clássicos que podem levantar suspeitas - caso de sangramentos corriqueiros visíveis nas fezes - entre a porção da população com menos de 50 anos. Entre as ações possíveis, ela destaca uma iniciativa liderada pela US Preventive Services Task Force que considera que testes menos invasivos poderiam ser iniciados precocemente e repetidos com intervalos menores em comparação à colonoscopia. Além disso, prevê mudar a idade de rastreamento para os 45 anos, devendo ser repetido a cada 5 anos em caso de resultados normais, como já vem sendo sugerido desde 2019 pela American Cancer Society (ACS).

“Nos EUA o debate sobre uma possível mudança de protocolo, passando a adotar a idade de 45 anos como remendada para o início do rastreio periódico, está sendo baseada na avaliação de centenas de levantamentos e ensaios clínicos que levam em conta o perfil de pessoas assintomáticas na faixa etária acima dos 40 anos. Uma forma possível de ampliar as chances de prevenção seria a indicação de pesquisa das fezes, por meio de testes imunoquímicos e testes de sangue oculto fecais em pessoas mais jovens e que não apresentam mudanças de saúde perceptíveis. De acordo com os resultados, havendo achados suspeitos, a colonoscopia seria então realizada”, ressalta a especialista.

Um dos estudos científicos que embasam a argumentação foi publicado no Journal of the National Cancer Institute e realizado nos Estados Unidos de 1974 até 2014. A análise mostrou que nas pessoas entre 20 a 39 anos de idade, por exemplo, o número de casos novos de câncer de intestino vem crescendo anualmente, entre 1% e 2,4%, desde a década de 1980. Já os casos de câncer de reto, nas pessoas entre 20 e 29 anos de idade, tiveram um aumento anual médio de aproximadamente 3,2%, desde 1974.

“Em grande parte, esses resultados apontam para uma consequência de hábitos de vida menos saudáveis, com maior taxa de sedentarismo e consumo de alimentos ultraprocessados como refrigerantes, salgadinhos e enlatados. A predisposição genética conta como risco, mas não podemos esquecer que há outros fatores que podem contribuir para o surgimento da doença, tais como obesidade, sedentarismo, dieta rica em carnes vermelhas, tabagismo e alcoolismo. E esses são fatores que fazem parte da ‘vida moderna’ e ajudam a desvendar as razões pelas quais devemos reforçar a conscientização sobre os impactos das nossas decisões pessoais no crescimento de casos de câncer - e não apenas do colorretal”, finaliza Renata D’Alpino.


Grupo Oncoclínicas
https://grupooncoclinicas.com/


Dia de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla: aumento de casos preocupa especialistas; saiba como evitar, identificar e tratar a doença

Fatores de risco incluem predisposição genética, infecções virais, baixos níveis de vitamina D, exposição ao tabagismo e obesidade 

 

No Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla, celebrado em 30 de agosto, é crucial conscientizar a sociedade sobre essa complexa condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica do sistema nervoso central que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes.   

A doença ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca a mielina, a substância que envolve e protege as fibras nervosas no sistema nervoso central. Isso resulta em inflamação e danos à mielina, causando interrupções na comunicação entre as células nervosas. Os sintomas da esclerose múltipla podem variar amplamente e incluem fadiga, fraqueza muscular, dificuldades de coordenação, problemas de visão e até mesmo problemas cognitivos e emocionais. 

 

Prevalência global e no Brasil  

Estima-se que mais de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo sejam afetadas pela doença, com mais de 40 mil casos no Brasil, sendo a maioria entre adultos jovens, com idades entre 20 e 40 anos. Além disso, há uma predominância maior de casos em mulheres do que em homens, com uma proporção de aproximadamente 3 mulheres para cada 2 homens [1]. 

 

Aumento de casos e causas potenciais  

Nos últimos anos, tem sido observado um aumento no número de casos de esclerose múltipla em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Esse aumento tem levantado preocupações e desafiado pesquisadores a investigar suas causas subjacentes.  

Na FIDI - Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem, instituição filantrópica de saúde que realiza mais de 5 milhões de exames por imagem anualmente -, o número de achados nos exames, que podem indicar a doença após a confirmação por meio de outros indicadores, vem aumentando ano a ano.  

Em 2020, eram realizados 209 exames para cada achado, o que significa quase 0,05% dos exames realizados. Já em 2023, este número praticamente dobrou, superando 0,1% dos exames realizados, com um achado para cada 99 exames.   

“Não existe um único fator de risco para a doença, mas uma combinação de fatores associados que podem predispor ou atuar como gatilho, como predisposição genética, infecções virais, baixos níveis de vitamina D, exposição ao tabagismo, obesidade”, explica a Dra. Ivanete Minotto, médica radiologista e gerente médica da FIDI. 

 

Diagnóstico  

De acordo com a radiologista, os principais exames para detecção da esclerose múltipla são a ressonância magnética e a coleta de líquor. Outros exames laboratoriais, como exames de sangue, também são realizados, principalmente para afastar outras etiologias que possam levar a um padrão clínico ou de imagem semelhantes.  

“Exames de imagem têm papel essencial no diagnóstico da esclerose múltipla, principalmente a ressonância magnética de crânio e coluna, a qual tem maior especificidade no mapeamento das lesões, auxiliando no diagnóstico, na exclusão de outras doenças com características semelhantes, auxiliando a avaliar a eficácia do tratamento, progressão ou estabilização da doença, entre outras funções”, completa a Dra. Ivanete Minotto.  

O principal desafio relacionado ao diagnóstico da doença é a diferenciação de outras enfermidades desmielinizantes. “Por isso, a descrição do quadro clínico é muito importante. Fazer o acompanhamento do número de lesões, identificando o surgimento de novas lesões ou a presença de lesões ativas, é fundamental para a confirmação do diagnóstico, para avaliar a forma da esclerose múltipla e para avaliar a eficácia do tratamento. Para isso é necessário sempre realizar a comparação com exames anteriores”, explica a Dra. Minotto. 

 

Tratamento e reabilitação  

O tratamento para a esclerose múltipla varia de acordo com o estágio da doença, a gravidade dos sintomas e as características individuais do paciente. Geralmente, os objetivos do tratamento são controlar os sintomas, retardar a progressão da doença, reduzir as recorrências de surtos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, podendo envolver uma abordagem multidisciplinar, que inclui medicamentos, terapias, modificações no estilo de vida e apoio psicossocial.  

Entre as terapias físicas e de reabilitação, a fisioterapia ajuda a melhorar a força muscular, a coordenação e a mobilidade; a terapia ocupacional ajuda a desenvolver habilidades para lidar com as atividades diárias e a manter a independência; a fonoaudiologia pode ser útil para problemas de fala e deglutição; e a terapia de controle da espasticidade inclui exercícios e técnicas para aliviar a rigidez muscular.  

Em relação ao estilo de vida, manter-se ativo também pode ajudar a melhorar a força muscular, a flexibilidade e a saúde geral, assim como uma dieta balanceada e saudável pode contribuir para o bem-estar geral e a saúde do sistema imunológico. Além disso, a gestão do estresse, com práticas como meditação e ioga, pode ser muito benéfica.  

A esclerose múltipla também pode causar impacto emocional, e a terapia com psicólogo pode ajudar o paciente a lidar com o estresse e a ansiedade. Além disso, participar de grupos de pacientes pode proporcionar um espaço para compartilhar experiências e dicas práticas.  

É importante ressaltar que o tratamento para a esclerose múltipla é altamente personalizado. Cada paciente é único e pode responder de maneira diferente às opções de tratamento. Portanto, é fundamental que os pacientes trabalhem em conjunto com seus médicos para desenvolver um plano de tratamento adequado às suas necessidades específicas. Além disso, a pesquisa contínua na área está trazendo avanços promissores no tratamento da doença, o que pode resultar em melhores opções no futuro. 

 

Informação salva vidas 

À medida que o Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla é reconhecido, é fundamental aumentar a conscientização sobre a doença, seus sintomas e tratamentos disponíveis. O apoio contínuo à pesquisa é fundamental para entender as causas subjacentes do aumento de casos e desenvolver estratégias de prevenção mais eficazes. A esclerose múltipla não apenas afeta os pacientes diretamente, mas também suas famílias e cuidadores, tornando crucial a busca por melhores opções de tratamento e maneiras de minimizar seu impacto na sociedade. 

 

 

Referência  

[1] Ministério da Saúde do Brasil - Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/eu-me-conecto-nos-nos-conectamos-30-5-dia-mundial-da-esclerose-multipla/

 

 

Vício em descongestionantes nasais pode acontecer e até levar à morte

Médico do Hospital Paulista faz alerta sobre o uso indiscriminado desse tipo de medicamento, que além de dependência química, pode causar taquicardia, hipertensão e arritmia cardíaca

 

Temperaturas baixas e ar seco formam o ambiente perfeito para um sintoma que acomete e incomoda profundamente muitas pessoas: nariz entupido. E, ao primeiro sinal, é comum que elas recorram ao uso de descongestionantes nasais para desobstruir as narinas e facilitar a passagem do ar.

Apesar de ser um medicamento bastante conhecido, seu uso contínuo e demasiado pode ser altamente prejudicial à saúde. Isso porque é possível que o paciente desenvolva vício em descongestionantes nasais, expondo o organismo a quantidades excessivas da substância e correndo o risco de sofrer complicações que, em casos graves, podem até levar à morte.

Por isso, este tipo de remédio – que é vendido sem prescrição – deve ser sempre usado sob supervisão médica e com prazo determinado. A seguir, entenda os riscos e cuidados ao utilizá-lo.

Dependência

De acordo com o Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo, os desdobramentos da utilização indiscriminada de descongestionantes nasais ocupam o terceiro lugar na lista de problemas causados por efeitos colaterais e uso incorreto de remédios, perdendo apenas para os decorrentes de anti-inflamatórios e analgésicos.

E a dependência pode ocorrer com qualquer marca do produto, não só as mais conhecidas. “É possível torna-se dependente do uso de todos os descongestionantes, sem exceção”, explica Dr. Arnaldo Tamiso, otorrinolaringologista do Hospital Paulista.

O vício em descongestionantes nasais deve-se ao efeito imediato que o medicamento tem sobre o corpo humano. “Ao pingar o produto no nariz, em cinco minutos o paciente está respirando bem. E todo mundo procura respirar muito bem. É uma luta da classe médica para haver a necessidade de prescrição para a venda do remédio nas farmácias”, diz o especialista.



Reações no organismo

A congestão nasal, ou o popular nariz entupido, nada mais é do que uma reação do organismo a condições inflamatórias, infecciosas e até anatômicas, como desvio do septo e presença de pólipo, nas narinas.

Quando um agente irrita a região, vasos sanguíneos se dilatam, o volume de sangue aumenta e os cornetos incham – obstruindo a passagem de ar.

Os descongestionantes nasais provocam a sensação de alívio às narinas por conterem substâncias vasoconstritoras, como nafazolina, fenoxazolina, oximetatazolina, fenilefrina e pseudoefredina em sua composição.

Consequentemente, os vasos do nariz se contraem após a aplicação do produto, o fluxo de sangue diminui, o edema da mucosa reduz, a produção de muco baixa e a pessoa tende a respirar melhor.

“Além disso, ele ainda ajuda a diminuir a carne esponjosa de tamanho. É um medicamento muito potente”, afirma o médico.



Perigos do uso excessivo

A chamada rinite medicamentosa é um dos possíveis efeitos da aplicação excessiva de descongestionantes nasais. Esta categoria de rinite é um efeito rebote do uso do medicamento, isto é, acaba potencializando a irritação no nariz.

Depois de algum tempo de uso, o efeito do produto tende a diminuir no corpo, e o nariz volta a ficar entupindo, o que obriga que a pessoa tenha que diminuir o intervalo das aplicações do descongestionante nas narinas. “O nariz passa a funcionar só com o medicamento, podendo evoluir para um quadro que é revertido apenas com cirurgia”, alerta Dr. Tamiso.

Outros efeitos do descongestionante no organismo são a taquicardíaca e hipertensão. Em casos mais graves, existe até o risco de morte causada pela arritmia cardíaca e pelos picos de pressão arterial.

Justamente por este risco, o descongestionante nasal é contraindicado para pessoas hipertensas e com histórico de problemas no coração.

Como curar o vício

Apesar dos riscos, o médico avisa que os efeitos do uso excessivo de descongestionantes nasais podem ser revertidos, assim como a dependência do medicamento. Mas como se livrar do vício de descongestionante nasal?

“O corpo consegue eliminar o descongestionante se o uso do medicamento não for extenso [o limite são 5 dias de aplicação]. Se for muito longo, os problemas podem se tornar crônicos. Dificilmente o paciente consegue deixar de usar a medicação sem realizar um tratamento junto ao otorrinolaringologista. Mas, uma dica para livrar-se da dependência é diluir o descongestionante em soro fisiológico, gradativamente, até a total eliminação da droga.”



Alternativas menos danosas

O otorrinolaringologista avisa que a melhor alternativa para cada paciente depende do tipo de obstrução que a pessoa carrega consigo.

Se for crônica, causada por desvios e lesões no septo, por exemplo, o médico recomenda avaliação clínica, laboratorial e, em seguida, cirurgia.

Para casos de obstrução nasais pontuais, como resfriados e sinusites agudas, o soro fisiológico aparece como solução para o problema. "Ele ajuda muito porque hidrata o nariz.”



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

 

Com a chegada da Primavera/Verão especialista alerta para as principais vacinas que devem ser tomadas

Vacina da dengue e hepatite A devem ser priorizadas com a chegadas das altas temperaturas e das chuvas. Imunizantes pode demorar até 30 dias para fazer efeito.
 

Com a proximidade da primavera/verão, das altas temperaturas e da temporada de chuvas, aumentam as preocupações e cuidados com doenças como a dengue e a hepatite A. Neste período aumentam os casos de pessoas contaminadas com o vírus da dengue. Recentemente chegou ao mercado a vacina da dengue, que está disponível somente nos laboratórios da rede particular. A vacina demora cerca de 30 dias para fazer efeito e por isso a analista de vacinas do Laboratório São Paulo, Raquel Gomes, alerta para que as pessoas tomem o quanto antes.

 “No verão os mosquitos se proliferam e aumentam as chances de contágios e muitas vezes com casos graves. A pessoa precisa ser imunizada o quanto antes, pois a vacina demora um tempo para fazer efeito, ou seja, para o corpo desenvolver os anticorpos”, ressalta Raquel Gomes.

A vacina da dengue é tetravalente, feita com vírus atenuado DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Ela é indicada para crianças a partir de quatro anos até pessoas com 60 anos. São duas doses, com intervalo de três meses entre uma dose e outra. Mesmo quem já teve a doença ou quem nunca teve o vírus, pode ser imunizada. Ainda não há estudos de indicação da vacina para outras faixas etárias.

A vacina da dengue, de nome Qdenga, do Laboratório Japonês Takeda Pharma tem mais de 80% de eficácia, contra o vírus. Algumas pessoas não podem tomar a vacina da dengue, como gestantes amamentando, imunossuprimidos, e quem tem o vírus HIV.

O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado, e todas as pessoas estão suscetíveis a doença, mas em pessoas acima de 80 anos de idade ou que possuem diabetes ou hipertensão arterial, o risco é maior e em alguns casos pode levar à morte.



Hepatite A
O vírus da hepatite A está presente em águas ou alimentos lavados com água contaminada. No verão as pessoas consomem frutos do mar frescos, bebem água sem os devidos cuidados e garrafas mal higienizadas, e por isso pode aumentar casos de contaminação pelo vírus da hepatite A. Os sintomas são leves, como cansaço, tontura, dor na barriga, pele e olhos amarelados. O diagnóstico é feito por meio de exames de rotina para avaliar o funcionamento do fígado. Contudo, a pessoa passa a ter restrições de doações de sangue e de leite materno.

A melhor maneira de se proteger contra o vírus da hepatite A é tomar as duas doses da vacina contra a doença. A imunização faz parte do Calendário Nacional de Vacinação do SUS e a dose é aplicada nas crianças a partir dos 15 meses a cinco anos incompletos. Já a dose de reforço, que amplia a proteção, só está disponível na rede privada, como nas clínicas e laboratórios.

Adolescentes e adultos não vacinados só conseguem tomar a vacina na rede particular, são duas doses com intervalo de seis meses entre uma aplicação e outra. Já os idosos devem buscar orientação médica para autorização da vacina. As gestantes não devem tomar a vacina, somente se realmente for necessário e se todos os benefícios e riscos tiverem sidos avaliados junto ao médico.

 

 

Como a fisioterapia respiratória pediátrica ajuda a prevenir e tratar doenças típicas do inverno

 

Professora de Fisioterapia da UniSociesc, Grazieli Correia Matias, explica em que situações o tratamento pode ajudar


Basta alguns poucos dias de temperaturas mais baixas e os pronto-atendimentos e hospitais já ficam lotados de crianças com problemas respiratórios. Se para os adultos alguns vírus geram um simples resfriado, para as crianças provocam uma infecção que exige cuidados. O que muita gente não sabe é que existe uma técnica chamada fisioterapia respiratória pediátrica que pode ajudar, e muito, na prevenção e no tratamento destas doenças típicas do inverno. 

A professora de Fisioterapia da UniSociesc, Grazieli Correia Matias, explica que a fisioterapia respiratória pediátrica é um conjunto de técnicas e manobras, feitas por um profissional especializado, que consegue ajudar na remoção das secreções. Quando a doença provoca um acúmulo de secreção, muitas vezes as crianças não conseguem eliminar sozinhas, especialmente os bebês. A medicação atua diretamente para impedir a produção da secreção, mas a fisioterapia é o tratamento que pode ajudar com segurança a retirar a secreção que já está acumulada, provocando desconforto. 

Com a melhora da entrada e saída do ar pelo sistema respiratório a criança melhora mais rapidamente e, em alguns casos, é possível até mesmo evitar uma internação hospitalar. “A fisioterapia respiratória promove uma espécie de limpeza. Na bronquiolite, muito comum em crianças pequenas, os resultados são excepcionais” explica Grazieli, que já trabalha com esta técnica há 14 anos e leva estas informações também para a sala da universidade. Ela destaca ainda, que embora no inverno as doenças respiratórias sejam mais comuns, elas acometem crianças o ano todo. 

Conforme a fisioterapeuta, a técnica é indicada para crianças de todas as idades, desde recém-nascidos. Existe também a fisioterapia respiratória para adultos, mas as manobras e técnicas utilizadas são diferentes. Grazieli explica que hoje os pais estão buscando por este recurso e os médicos também estão indicando. É uma forma de ajudar no tratamento com medicamentos e evitar a internação, mas cada vez mais também vem sendo usada como método preventivo. Quando a criança sente um pequeno desconforto já é realizada uma sessão e o sistema respiratório é limpo antes da infecção tomar conta.


Ela alerta também sobre o papel dos pais, para fazerem a lavagem nasal correta em casa, que também auxilia muito na prevenção de infecções respiratórias. Abaixo, confira algumas dicas para uma lavagem correta. “Tanto a lavagem quanto a fisioterapia respiratória não provocam dor na criança”, diz a professora. Hoje, o SUS não oferece o tratamento, mas ela ressalta que a fisioterapia respiratória pediátrica é acessível, gera benefícios e pode ser realizada em clínicas ou na casa da família por um profissional, de forma sempre individualizada. 

Alguns dos principais problemas respiratórios tratados pela fisioterapia pediátrica incluem a asma - doença crônica que causa inflamação nas vias aéreas, levando a episódios de falta de ar, chiado no peito e tosse -; a bronquiolite - uma infecção respiratória comum em crianças pequenas, geralmente causada por um vírus -; e a pneumonia - uma infecção nos pulmões que pode afetar crianças de todas as idades. Também ajuda no tratamento de doenças como a fibrose cística, doenças neuromusculares, atelectasia, entre outras. 

“A fisioterapia respiratória pediátrica é uma forma complementar de tratamento e não substitui a necessidade de medicações. Ela é realizada em conjunto com o uso de medicamentos para melhorar a eficácia do tratamento e aliviar os sintomas respiratórios”, observa Grazieli. “Além do tratamento de doenças agudas, ela pode ser utilizada como parte do tratamento de doenças crônicas respiratórias. Ela ajuda a manter a função pulmonar, prevenir complicações e melhora a qualidade de vida das crianças”.

 

Dicas para uma lavagem nasal adequada 

A lavagem é um cuidado essencial para manter a saúde respiratória das crianças. Ela ajuda a manter as vias respiratórias superiores limpas e hidratadas, removendo muco, alérgenos e partículas irritantes; reduz a chance de infecções respiratórias; alivia a congestão nasal, diminuindo a dificuldade respiratória e o desconforto causado pela obstrução nasal. Com a respiração facilitada, a criança terá uma noite de sono mais tranquila e reparadora e só isso já vai contribuir para a melhora do quadro. 

● Prepare uma solução salina adequada para a lavagem nasal. Você pode adquirir soluções prontas em farmácias. 

● Posicione a criança em uma posição confortável, sentada ou em pé, mas sempre com o tronco inclinado para frente para evitar que a solução salina suba para o ouvido. 

● Utilize um conta-gotas, seringa ou dispositivo de irrigação nasal apropriado para a idade da criança. Insira a solução nasal suavemente em uma das narinas. Repita o procedimento na outra narina. 

● Caso a criança já consiga entender, explique o que está acontecendo e incentive-a a respirar suavemente pela boca enquanto realiza a lavagem. 

● Após a administração da solução, peça à criança para assoar o nariz suavemente. Isso ajudará a remover o excesso de secreções e alérgenos, proporcionando alívio e uma respiração mais confortável.


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