Cada vez mais essencial para todos os setores, o acesso à internet faz absoluta diferença na qualidade da Saúde praticada no País. A automação de uma série de serviços, desde recepção e histórico de atendimento, até o monitoramento individual de cada paciente durante uma internação ou bateria de exames. Os sistemas operacionais do hospital e a gestão das próprias equipes também podem, atualmente, ser facilmente administrados digitalmente.
No entanto, a todo tempo, percebemos dois “Brasis”.
O Brasil dos hospitais de ponta nos grandes centros urbanos e o Brasil dos
postos de saúde sem eletricidade, equipamentos, insumos e profissionais. Que
dirá internet e inteligência artificial.
Outra adversidade é a falta de atuação na Saúde
Primária, notória a ausência de investimentos até mesmo em saneamento básico.
Em todas as cidades, incluindo as metrópoles mais ricas do país, existem
bairros e comunidades, onde a população ainda não tem acesso a água tratada e
esgoto, condição sanitária mínima.
Sem contar a economia de recursos financeiros que
poderia acontecer principalmente na Saúde Terciária, já que uma população mais
saudável e atendida em primeira instância (UBSs e Usafas, por exemplo) evitaria
ou diagnosticaria precocemente doenças graves. E teria maior possibilidade de
sucesso em tratamentos no início dos sintomas, evitando custos ao sistema em
procedimentos de alta complexidade, como internações e cirurgias.
Essas dificuldades enfrentadas pelo setor podem ser
divididas entre Básicas e Técnicas.
As básicas incluem acesso à internet nas unidades
de saúde e nas residências em locais mais distantes, o que facilitaria a
ampliação da telemedicina no Brasil; além da falta de computadores e
smartphones para coleta de dados e, para os profissionais, treinamento e
entendimento do benefício da tecnologia na formação e atuação no mercado da
Saúde. Este último aspecto, principalmente, de muita resistência em boa parte
das implantações.
Já no âmbito técnico, os principais impasses estão
diretamente relacionados à falta de dados estruturados, sistemas para
digitalização de tais dados e históricos clínicos, e falta de processamento
adequado para todo esse conteúdo. Sem contar a falta de padronização nos
sistemas, porque cada um “fala sua própria língua” e não conversam entre si.
Esta digitalização superficial dos hospitais e
clínicas limita-se quase exclusivamente às áreas administrativas e financeiras,
não alcançando a ponta do serviço, no atendimento ao paciente por médicos e
enfermeiros.
Superados tais desafios, o Brasil em toda sua
extensão territorial tem potencial para desenvolver amplamente soluções e
tratamentos. É o que nós, com a missão de aplicar tecnologia a saúde, esperamos
e trabalhamos para conseguir.
Cristian Rocha - diretor executivo e cofundador da
Laura, healthtech que oferece soluções de inteligência artificial para a
democratização do acesso à saúde