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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Porque é importante ter saúde física e mental como meta para esse ano

Em toda virada de ano é comum as pessoas criarem listas com metas para o ano seguinte. Elas podem ser voltadas para área profissional, de relacionamento ou até mesmo financeira. Para aqueles que são habituados a se comprometerem com metas, há dois pontos que não podem ser deixados de fora da lista: a saúde física e mental.

Quando ambas estão em equilíbrio, consequentemente a qualidade de vida melhora. E não só isso: para conseguir realizar as outras metas do ano, é preciso que essas duas estejam em dia. Aqui estão 10 motivos para você incluir na sua listinha tanto a prática de exercício, quanto a busca por um acompanhamento terapêutico.



1 – Exercitar-se aumenta a disposição
Por trabalhar a musculatura e liberar uma série de hormônios durante a prática, o exercício físico faz com que o nível de energia no corpo aumente, melhorando a disposição e a sensação de bem-estar.



2 - Ter uma rotina de exercício auxilia a trabalhar o comprometimento

Para se exercitar com frequência, mantendo o ritmo proposto a si mesmo, é preciso ter comprometimento e disciplina. Essa força de vontade aplicada para realização da atividade física, pode ser inspiradora e usada em outras áreas da vida que também requerem comprometimento.



3 – A atividade física ajuda a fortalecer o sistema imunológico
Praticada com regularidade, a atividade física ajuda a aumentar o número de linfócitos no organismo, células responsáveis pela defesa do corpo, e que tem como função destruir vírus e bactérias. Ou seja, além de fazer bem para o físico, ainda ajuda o sistema imunológico.



4 – Exercitar-se auxilia no equilíbrio do corpo e mente

Vários estudos científicos comprovam a eficácia da atividade física na prevenção da depressão, ansiedade e estresse. Além disso, ela ajuda a fortalecer a musculatura e prevenir uma série de doenças. Sendo assim, a prática regular é capaz de auxiliar a alcançar o equilíbrio de ambos.



5 - É um momento para cuidar de si

A rotina de exercícios permite que você tenha um tempo só para você, de autocuidado. É um momento para se desconectar e focar em si. Numa rotina diária em que você se doa para uma série de pessoas, seja na área profissional ou pessoal, faz bem ter um momento só para você.



6 – Ajuda na ressocialização
Seguindo os cuidados necessários e respeitando as normas de distanciamento, ir à academia e se exercitar com frequência é uma oportunidade para conviver com outras pessoas e trabalhar a ressocialização. Após longos períodos de isolamento, voltar para a vida social pode ser um desafio, e, ao manter essa rotina de ida à academia, a ideia de partilhar um ambiente com mais pessoas, de forma cuidadosa, pode ir se tornando mais natural.



7 – Ter um acompanhamento terapêutico ajuda a ver as coisas com mais clareza e por outra perspectiva
Quando guardamos nossas ideias e pensamentos só para nós, vemos as coisas unicamente por um ponto de vista. Ao buscar ajuda profissional de um terapeuta ou psicólogo, ele irá auxiliar a enxergar as situações por outros ângulos e dar um direcionamento para que você possa lidar de uma forma melhor com as questões e desafios que está vivenciando, trazendo, assim, mais tranquilidade e clareza para sua vida.



8 – Com as ideias e sentimentos mais claros, é possível tomar melhores decisões
Ao perceber as diversas possibilidades e melhores maneiras de lidar com os desafios, a mente fica mais tranquila, auxiliando na tomada de decisão, seja em relação à própria situação ou a qualquer outra questão que demande escolhas.



9 – Ter um acompanhamento físico e mental ajuda a alcançar uma melhora na saúde como um todo

Quando corpo e mente estão fortalecidos e alinhados, a saúde melhora. E com ela estando em dia, é possível ter força e energia para aplicar a todas as outras áreas da vida e ter sucesso no cumprimento das outras metas.



10 – Aumenta a autoestima e a segurança

O acompanhamento terapêutico trabalhará questões pessoais em você e fará com que tenha mais convicção de quem é e do que é capaz, aumentando, assim, sua confiança. Unido à prática de atividade física, que irá te mostrar tudo que seu corpo é capaz de fazer e a se superar, será possível notar também um aumento na autoestima e segurança.

Os benefícios de exercitar corpo e mente são inúmeros. Por isso, se ainda não colocou essas metas na sua listinha, esse é o momento de incluir. Lembrando que, ao definir uma meta, é importante que ela não se torne um fardo, mas sim um incentivo para adotar bons hábitos. Por isso, não se cobre tanto e respeite os seus limites.




Isabelle Araujo - diretora de Operações da TotalPass, empresa de benefício corporativo que visa qualidade de vida.

 

Dia da Educação: o desafio de motivar o ensino em mais um ano de incertezas

Em dezembro de 2018, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 24 de janeiro como Dia Internacional da Educação. O intuito é reconhecer o papel fundamental da educação e aumentar a cooperação internacional em prol de sua efetivação. 

Os governos estaduais já anunciaram o retorno das aulas no mês de fevereiro de 2022. Entretanto, em alguns Estados, o sistema híbrido será mantido. Em nota, a Secretaria da Educação de São Paulo informou que o início do ano letivo está mantido para 02 de fevereiro, com aulas presenciais obrigatórias. Mas, segundo a Secretaria, os dados epidemiológicos ainda serão avaliados, havendo a possibilidade de repensar o planejamento previsto para o retorno às aulas. 

“Diante de mais um ano de incertezas, fica o desafio de amenizar os impactos da pandemia sobre o ensino, resgatando os alunos que se afastaram, desmotivados pelo formato online, e recuperar o nível de aprendizado”, afirma a Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).   

Desde o início da pandemia, cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estão fora das escolas no Brasil, segundo levantamento da organização “Todos Pela Educação”, em parceria com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do segundo trimestre de 2021. O estudo registrou um crescimento de 171,1% na evasão escolar em relação a 2019.  

“A questão foi percebida principalmente em classes de baixa renda. Crianças e adolescentes ficavam na rua, expostos à violência e à criminalidade. Outra situação preocupante é a falta da merenda escolar, já que muitos não têm essa alimentação em casa e dependem da comida na escola. De fato, a evasão escolar é uma urgência. Daí a importância destes alunos retomarem o seu direito de frequentar a escola”, afirma a Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). 

Segundo Stella Azulay, Fundadora da Escola de Pais XD, Educadora Parental pela Positive Discipline Association, especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental e Mentora de pais; a fase escolar é fundamental não apenas no quesito educação, mas envolve também a formação da personalidade, de amizades que podem durar uma vida, além de uma rotina agitada por momentos inestimáveis.  

“A brusca interrupção desta rotina escolar, e por tanto tempo, trouxe tristeza, desânimo e saudade, até mesmo das broncas dos professores. A escola é uma das fases mais importantes na vida de qualquer criança e adolescente, e a privação destas experiências traz diversos prejuízos sociais e psicológicos”, diz Stella.

 

Saúde mental dos jovens: suporte é fundamental

Além de comprometer o aprendizado, a pandemia afetou o emocional dos estudantes. De acordo com o estudo da UNICEF (The State of the World’s Children 2021; On My Mind: promoting, protecting and caring for children’s mental health), 22% dos adolescentes e jovens de 15 a 24 anos brasileiros entrevistados disse que, muitas vezes, se sente deprimido ou tem pouco interesse em fazer coisas. Além disso, mais de um em cada sete meninos e meninas com idade entre 10 e 19 anos foi diagnosticado com algum transtorno mental.  

De acordo com Danielle Admoni, houve um aumento de cerca de 40% nos quadros de ansiedade, tanto nos pequenos como nos mais velhos. “Identificamos muitos alunos quem nunca tiveram nenhum tipo de transtorno e passaram a apresentar quadros ansiosos ou até depressivos. Quem já era acometido por algum transtorno, teve uma piora significativa”. 

Portanto, independentemente de como se dará o ano letivo, ainda estamos em meio a uma pandemia sem prazo de duração. Mesmo que algumas crianças tenham mais facilidade em se expressar e maior preparo emocional, seja pela própria personalidade como por estímulos externos, o momento atual exige atenção redobrada com os pequenos. 

Sinais de estresse leve são muito frequentes e, quando identificados, podem ser abordados pelos próprios pais. “Reconhecer os sentimentos vivenciados e expressá-los é uma etapa inicial e muito importante, que deve ser estimulada pelos pais. Estabelecer formas de lidar com os sentimentos e resignificar os estressores (passando a enfatizar aspectos positivos envolvidos) podem ser estratégias úteis”, cita Danielle Admoni. 

Portanto, além de ter muita sensibilidade e observação, é fundamental dar espaço e oportunidades para a criança expor, à sua maneira, seus medos, sentimentos e suas milhões de dúvidas sobre o que está acontecendo ao seu redor.  

“Uma boa dica é motivar seu filho a praticar o autoconhecimento. Questione-o sobre suas ações, motivações e percepções sobre o mundo. Situações de conflito são ótimas oportunidades para autorreflexão. Em momentos de birra ou nervosismo, tente encontrar os gatilhos junto com seu filho. Questione-o sobre o que aconteceu que o fez ficar tão bravo e qual teria sido a melhor forma de contornar a situação. Estimular a criança a entender seus próprios sentimentos é fundamental para formar um indivíduo seguro, autoconfiante e com inteligência emocional, imprescindível nos tempos atuais”, aconselha Stella Azulay.


Doenças psiquiátricas estão entre as mais frequentes no mundo todo, diz especialista


Doenças psiquiátricas estão entre as mais frequentes no mundo.
Créditos: Envato

O começo do ano é sempre acompanhado por uma imensa lista de metas, e cuidar da saúde mental, desenvolver autoconhecimento, controlar as emoções estão sempre no topo das promessas de mudanças. Para isso, a campanha Janeiro Branco busca orientar e alertar sobre os problemas de saúde mental, tema que ainda envolve muito tabu, mas que precisa ser superado, dizem especialistas. 

Segundo Raquel Heep, psiquiatra e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), é preciso desmistificar o assunto. “Ainda é um tabu falar sobre saúde mental, porém, temos que lembrar que é uma doença como qualquer outra e precisa ser tratada. É muito importante estar com a saúde mental sempre em dia, senão, nada vai bem", ressalta.

No Brasil, de acordo com pesquisa do Instituto FSB, 62% das mulheres e 43% dos homens afirmaram que a saúde emocional "piorou’" ou "piorou muito" durante a pandemia. Outro estudo, desenvolvido pelo Instituto Ipsos e encomendado pelo Fórum Econômico Mundial, concluiu que 53% dos brasileiros reconhecem que sua saúde mental piorou bastante no último ano. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo. “Com a pandemia, isso cresceu ainda mais. Os principais diagnósticos, além da ansiedade e depressão, são as dependências químicas, principalmente o alcoolismo. O grande problema é que muitas vezes as pessoas não buscam ajuda e, consequentemente, levam uma vida de má qualidade, que acaba afetando o trabalho, a família e pode chegar ao suicídio. O ideal é não deixar a tristeza ultrapassar 15 dias, mas se isso acontecer, é hora de buscar ajuda de um profissional de saúde mental para iniciar um acompanhamento e tratamento adequados”, orienta. 

Em outro estudo, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz e mais seis universidades, enquanto 40% da população brasileira apresentava sentimentos frequentes de tristeza e de depressão,  50% manifestaram ansiedade e nervosismo. Em relação às faixas etárias iniciais da vida, pesquisa conduzida pelo UNICEF/Gallup mostrou que 22% dos adolescentes e jovens brasileiros de 15 a 24 anos se sentem deprimidos ou têm pouco interesse em fazer alguma atividade. 

Ainda segundo a psiquiatra, a orientação para quem sofre com algum transtorno mental é buscar ajuda, seja com psicólogo ou com psiquiatra, ou, ainda, ambos, em alguns casos. "Assim como qualquer especialista é procurado quando temos algum problema, seja cardíaco, ginecológico ou qualquer outro, é preciso criar o hábito de pedir ajuda quando sentimos que algo não vai bem. Sabemos que, infelizmente, muitas pessoas adiam esse cuidado pela dificuldade de acesso à saúde, mas hoje em dia há muitos serviços gratuitos oferecidos por hospitais e universidades”, ressalta. De acordo com a especialista, atualmente, as doenças psiquiátricas estão entre as primeiras no ranking das mais frequentes.

 


Universidade Positivo

up.edu.br/


AFETO, CARNE, AMOR

Consegui guardar um tempo, voltei aos livros... Talvez até escreva, assim, por escrever, dizer sobre as coisas, imaginar um pouco...


– Tempo... administrar o tempo, talvez a única administração que importe. A vida é tempo, não é?


– Logo terei ainda mais tempo... Fui ver o Jung... Um método perigoso.


– Rsrs... é, há que ter cuidado com o seu uso, emoções afloram, há quem não saiba o que fazer com o que emerge.


– Sabes? Fico com Freud, mas, talvez eu tenha medo de me aprofundar. Sei lá o que encontro em mim.


– Ah!, medo de te encontrar contigo, então?


– Ah!, pode ser terrível, né? Vai que me descubro e não me gosto.


– Terrível? E tens que te gostar em tudo? Ou haveria algo de fato terrível dentro de ti, te assombrando a consciência, rsrs? Não dou importância às minhas assombrações. Afinal, o que me poderia infundir terror senão aquilo a que eu mesmo atribua condição terrificante?


– É, sei, valores... nada é terrível em si. Bem... só o tempo, que não volta mais. Isso me assusta por demais.


– O tempo, não se pode deixá-lo passar, há que se gastá-lo, vivê-lo todo. Detesto o tempo; reverencio o tempo. Proclamo que o tempo é vida, mas me parto: odeio o tempo; amo a vida.


– Então... O que se faz dele? Ou não se faz?


– Impossível prolongá-lo, mas, ainda assim, prolongá-lo, como seja possível. E nada mais se pode.


– Pode-se inventar a vida eterna. Invejo os crentes. Amém.


– É tragicômico, a gente acaba. Difícil admitir.


– No sentido de envelhecer?


– Mais. No de fim, mesmo. Fim. A flor brota, cresce, acaba, some... E nós, igual: acabamos. Isso é mesmo assombrador. Daí as fantasias de não morrer.


– A gente não quer acabar. A gente quer ir para o céu.


– Imaginação de recusa: a mais extraordinária recusa da morte. É primitiva, mas eficaz... sobrevive. E é quase universal. Cada tribo vai ao seu modo, mas vai para algum céu.


– Eu nem quero céu... o inferno me parece mais animado... só não queria acabar... O ruim é acabar... e não vai dar tempo de tudo.


– Eis o fantasma: o tempo, sempre o tempo. Daí o imperativo das opções. Há que optar; não há, mesmo, tempo para todas as coisas.


– Catar o interessante... ter sabedoria para vivê-lo, ter gosto para fruir a vida.


– Mas há sempre a angústia das escolhas, as dores pelo abandonar o não escolhido. É terrível a sensação do abandono, a eterna nostalgia culpada do abandonado. Uma saudade do como seria, se tivesse sido, ou não sido. Vá lá saber! Mas fica a interminável dúvida.


– Feliz com suas escolhas? Faria algo diferente?


– Não me arrependo, nem cabe. Gosto de mim. Se não tivesse sido tudo como foi, eu não seria quem sou. A questão que me ponho é outra: minhas escolhas... elas não se realizaram de todo, o mundo interferiu, o outro interveio.


– O outro se recusa... Tem suas próprias escolhas. O mundo não está, mesmo, para nos servir... Não podemos nos esquecer disso. É muita presunção, querer submeter o mundo aos nossos interesses.


– É... mundo ingrato, não cumpre meus caprichos, rsrs.


– Rsrs, mas nisso está toda a graça: no negociar com o mundo, nos escambos da existência.


– Conformar-se, pois?


– Pode ser, não como resignação, mas como conciliação. Vivenciando as coisas, ajustando, regateando... Não é conformismo.


– Sei... adaptar-se à realidade.


– Isso: harmonizar-se, fazer a transação necessária, sem concessões de si, mas sem passar por cima dos fatos do mundo, até porque o mundo não permitiria.


– Bem... aqui... cuidado nessa negociação. Nós nos enganamos por demais. Para justificar o que queremos, não nos furtamos em nos acanalhar.


– Ceder além da conta? Creio que muitas vezes o mundo nem nos pede... cedemos para nossos interesses menores. Nos convencemos de que era imperioso, mas fazemos de graça, ainda que constrangidamente, e vamos levando, nos explicando, nos repetindo.


– É... há que solicitar consciência, estar com atenção.


– Concessão é a palavra. Cuidado com as concessões. São necessárias, ou a vida seria uma guerra, mas há limites.


– Entendo... Tenho que estar no cuidado de mim, no que cedo... Algo ético de mim para comigo mesmo.


– Alguma ética: um combinado subjetivo que me orienta, que tem que se fazer valer. A gente percebe... a consciência até que avisa, mas, na hora... um tanto indignos, fraquejamos.


– É que... Talvez... Só se vê depois, né?


– Sim... e não, não é tão simples. Nos pomos com olhos de não querer ver.


– Mas, haveria como saber? Estaríamos, realmente, sempre lúcidos das circunstâncias?


– Por menos, a gente intui... A gente sabe, mas, tantas vezes, a gente cede, rsrs. E nem me perguntes: cede a quê? São manobras vis... Cedemos a interesses que não confessamos nem a nós mesmos.


– Rsrs, dá um desconforto, né? Por dentro... dá uma agonia. Eu já senti isso, sim. Somos caras-de-pau...


– Ah! Mas não estamos sós. Somos a humanidade! Somos todos bichos que tropeçamos na ética e caímos... ou nos jogamos... em tentação.


– É... bichos... bichos carentes, carentes de afeto, rsrs.


– Rsrs, bichos carentes de carne.


– Carentes de afeto, carentes de carne: carência... Podemos chamar de amor?

 

Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicanalista e Jornalista.


9 dicas para você ser feliz definitivamente em 2022

Ser feliz não é exclusividade dos bem-dotados, mas uma escolha pessoal. É habilidade a ser aprendida e exige treino diário que envolve esforço e garante recompensa.

 

Disponível para qualquer pessoa -- independentemente de circunstâncias e condições de vida -, o aprendizado da felicidade alcança números impressionantes pelo mundo. Só para se ter uma ideia, segundo dados publicados pela plataforma Coursera, “A Ciência do Bem-Estar”, oferecido pela Universidade Yale é o segundo curso mais procurado no mundo, com 3,45 milhões de inscritos. Além do imenso sucesso nas plataformas virtuais, passaram pelas aulas presenciais (antes da pandemia) 1,2 mil alunos, outro recorde para a universidade. O podcast de Santos “The Happiness Lab” tem mais de 35 milhões de downloads.

 

Ser feliz é uma questão de hábito 

O conhecimento é uma ferramenta, mas o que define o resultado de ser feliz é a mudança de comportamento. Segundo a Teoria Cognitiva Comportamental, criada pelo psiquiatra Aaron T. Beck, somos feitos de nossos hábitos, que, por sua vez, formam as nossas crenças e valores pessoais. Sob essa ótica, a pandemia trouxe uma oportunidade - Fomos obrigados a fazer mudanças para nos adequar às limitações impostas pela situação planetária. A crise sanitária nos obrigou a redescobrir prazeres esquecidos ou escondidos. Experiências geradoras de bem-estar como viagens, esportes ao ar livre, convivência em espaços públicos deixaram de ser uma opção. Nosso cérebro vem sendo forçado a rever conceitos. Trata-se de uma excelente chance de emplacar um gol em direção a uma vida feliz. 

A lista de atividades intencionais, que pode aumentar seu “bem-estar subjetivo” (termo cunhado pelo professor e pesquisador Ed Diener, cientista-sênior da Gallup, que nos deixou em abril) é longa. Porém, é simples de ser assimilada.

 

Lições para ser feliz

1 - Invista em autoconhecimento - Só quem se conhece sabe o que o faz genuinamente bem. Experimentamos prazer ao realizar algo que reflete o nosso talento. Ainda que os prazeres momentâneos, ou hedônicos, não garantam felicidade duradoura, provocam emoções positivas e estas são um dos pilares da felicidade. Cultive-os.

 

2 - Crie um registro de gratidão - As demandas diárias costumam nos tirar do foco do que já temos (de bom) e fixar no preenchimento do que falta. A professora Laurie Santos sugere que se escolha periodicamente alguém para agradecer com uma carta, um e-mail. De preferência uma pessoa que tenha nos beneficiados de alguma forma, abriu alguma porta, ofereceu uma nova perspectiva e que nunca agradecemos devidamente. Estudos da Chicago Booth School of Business e da University of British Columbia provaram em imagens que as pessoas se sentem mais felizes dando do que recebendo. Recompensas emocionais dos gastos sociais, como doar dinheiro para um banco de alimentos, foram até mesmo rastreadas em exames de ressonância magnética em um estudo da Universidade de Oregon. Seja cuidando de alguém ou ajudando financeiramente. Mais circuitos neurais são alcançados na doação do que no ganho. A regra do dividir para multiplicar, funciona.

 

3 - Tenha uma causa - A vida sempre precisa de um sentido e a química que suporta o bem-estar sabe disso. Um propósito não precisa ser uma ideia intangível e utópica. Qualquer maneira de assumir as responsabilidades por você e pelo mundo à sua volta fortalece a noção de integração mínima necessária para experimentar a felicidade.

 

4 - Ganhe tempo - Não gaste os dias apenas ganhando dinheiro para usufruir depois. Estudiosos relatam que a gestão do tempo é um dos fatores de maior impacto contra a ansiedade e o estresse. Invista seu tempo aproveitando o processo. A felicidade precede o sucesso.

 

5 - Cultive o otimismo - Pratique a observação do lado positivo de cada situação. É uma prática de foco: ter consciência do que não está bom é importante para a evolução humana. Emoções positivas e negativas fazem parte de uma vida feliz, quando não fixamos nossa atenção apenas nas negativas.

 

6 - Faça atividades físicas diariamente - Não importa o que, contanto que sejam feitas. A regularidade também é inegociável.

 

7 - Nutra relações qualitativas - Busque a convivência com aquelas pessoas que promovem o melhor em você, invariavelmente serão aquelas com quem você pode ser, quem você de fato é.

 

8 - Viva no presente, cultive a atenção plena - Existem inúmeras ferramentas: meditação, oração, contemplação. Quando estamos conscientemente vivendo “o aqui e agora”, não estamos ansiosos com a expectativa com o futuro, nem depressivos pelos nossos erros do passado.

 

9 - Desenvolva estratégias para lidar com problemas. Elabore e pratique maneiras de suportar ou superar um estresse, uma dor ou trauma recente. Aceitar o que você não pode mudar é uma sabedoria milenar e adotada pela Ciência da Felicidade. Aceitar não é sucumbir, mas estar consciente da mudança, prontos para decidir o que faremos a partir dela.

 

Sandra Teschner

Doença ocupacional

Operadores de telemarketing têm risco elevado de perder a audição

 

O setor de telemarketing emprega milhares de brasileiros. Mas ao mesmo tempo em que gera oportunidades de trabalho, principalmente para os mais jovens, também traz riscos à saúde auditiva. Estudos mostram que os operadores de call center podem ter a audição prejudicada, por falta de orientação ao exercer seu ofício, o que vem chamando a atenção de médicos otorrinos e fonoaudiólogos. 

Como doença ocupacional, a Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE) pode atingir trabalhadores expostos por um longo período de tempo, a ruídos acima de 80 decibéis (medida do som). Uma carga horária de oito horas de trabalho, por exemplo, com exposição contínua a esse volume, pode danificar as células da orelha interna gradativamente.  

O que mais preocupa é a rotina dos atendentes de telemarketing, que no ambiente de trabalho precisam usar fone de ouvido unilateral, com o volume variando de 60 a 90 decibéis. O fone unilateral pode causar danos irreversíveis à audição se não for usado corretamente. Estudos comprovam que muitos atendentes desenvolvem perdas auditivas unilaterais progressivas, que depois podem vir a ser bilaterais. 

A fonoaudióloga Rafaella Cardoso, especialista em Audiologia e Vendas na Telex Soluções Auditivas, dá orientações para se evitar os danos à audição. "O operador de telemarketing precisa lembrar de sempre revezar o lado de colocação do fone, da orelha direita para a esquerda e vice-versa. Além disso, precisa dar pausas de pelo menos 10 minutos para cada hora de trabalho; e manter o volume do fone baixo, em torno de 60 decibéis, nível normal de uma conversa. Precisa também realizar exames audiométricos anualmente para checar seu nível de audição", aconselha. 

Sobre o uso correto do headset (tipo de fone utilizado na função), muitos operadores revelam que não fazem a troca de orelha por hábito, por sentirem maior conforto com o fone em determinada orelha; ou ainda por terem a sensação de ouvir melhor de um lado do que de outro. O uso excessivo do fone em apenas uma orelha pode esgotar a energia mental. 

Além disso, a maioria dos funcionários de call center revelou que prefere aumentar o volume do fone para ouvir melhor o cliente do outro lado da linha telefônica, visto que normalmente o ambiente de trabalho é bastante ruidoso. Tais descuidos podem causar danos cada vez maiores à audição do atendente, comprometendo a qualidade de seu trabalho e seus anseios de melhoria profissional no futuro. 

"É importante que haja um controle rígido quanto às medidas preventivas em relação à saúde auditiva do operador de call center. Quando já existe perda de audição, a solução pode ser o uso de aparelho auditivo. Quanto mais rápida for descoberta a perda auditiva, melhor", alerta a fonoaudióloga. 

Depois da orientação de um otorrinolaringologista e de um fonoaudiólogo, é indicado o tipo e modelo de aparelho que atende melhor às necessidades do paciente. Atualmente, há uma diversidade de próteses auditivas, pequenas e discretas. Os aparelhos da Telex, por exemplo, são adequados para diferentes graus de perda de audição, tem várias cores e modelos, design moderno e tecnologia de ponta, que possibilita, inclusive, a conexão com celular, TV, notebook e outros eletrônicos, via bluetooth. 


Consequências da perda auditiva:

  • Não existe tratamento clínico ou cirúrgico para recuperação das células ciliadas, responsáveis pela audição. Quando elas morrem, não podem ser regeneradas. O problema é irreversível;
  • Se tratada, a perda auditiva não provoca incapacidade para o trabalho; mas se não for tratada, pode ocasionar dificuldades na realização das tarefas;
  • Em geral, a reabilitação é feita por meio de ações terapêuticas e uso de aparelho auditivo.

Após redução por conta da pandemia, número de transplantes de córnea deve ser retomado no Brasil; conheça mais sobre a cirurgia

Segundo oftalmologista, a córnea possui vantagens em relação a outros órgãos e tecidos quando o assunto é transplante. Ainda assim, a realização do procedimento foi afetada pela pandemia e, atualmente, possui uma das maiores listas de espera do país

 

O número de pacientes à espera de algum órgão ou tecido no Brasil beira os 50 mil, segundo dados recentes do Ministério da Saúde. Destes, cerca de 19 mil são apenas de pessoas que aguardam por um transplante de córnea - a segunda maior fila de espera do país. A pandemia afetou diretamente a captação e o transplante desse tecido, de modo que, dentre todos os tipos de transplantes, o de córnea foi o que sofreu a maior queda, com uma redução de 56% de 2019 para 2020, de acordo com o relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. (ABTO). 

Localizada na parte frontal do olho, a córnea é uma camada transparente que exerce um papel fundamental na visão, atuando como uma lente que, além de proteger, também é responsável por garantir a entrada de luz para a formação das imagens sobre a retina. Segundo o oftalmologista Dr. Marcello Fonseca, apesar de ser indicado somente em casos mais graves, o transplante desse tecido possui certas vantagens quando comparado a outros procedimentos semelhantes. 

“Quando falamos de transplante, um dos maiores riscos é a rejeição do órgão ou tecido pelo organismo do receptor. No caso da córnea, ela possui uma especificidade importante, pois, diferentemente de um rim ou um fígado, por exemplo, ela não possui sangue. Uma vez que as células e os anticorpos responsáveis pela defesa imunológica estão nele localizados, dificilmente a córnea implantada no paciente será identificada como um “intruso”, o que reduz a probabilidade de rejeição”, explica o cirurgião à frente do Instituto da Visão de Curitiba (iVisão). 

Composta por 5 camadas, a córnea representa uma extensa área do globo ocular, e, portanto, são diversas as motivações que podem levar à necessidade de um transplante. Dentre elas, estão possíveis traumas ou doenças oculares que alteram o seu formato, como o ceratocone - condição que afeta a estrutura da camada mais espessa da córnea, o chamado estroma, o qual assume um formato cônico e ocasiona o desenvolvimento de miopia e astigmatismo, que se agravam conforme o tempo.  

Neste sentido, o avanço da tecnologia também contribuiu para modernizar o procedimento e torná-lo menos arriscado para os pacientes, principalmente, em relação às chances de rejeição do tecido transplantado. “Antigamente, quando a indicação de tratamento era o transplante, a única opção era o chamado “penetrante”, visto que a córnea era substituída em sua totalidade, independente de qual camada estava comprometida. Hoje, com o transplante lamelar, tornou-se possível substituir apenas a parcela que apresenta alguma deficiência, o que vem contribuindo para reduzir ainda mais as possibilidades de rejeição - as quais já eram incomuns”, esclarece.
 

A visão após o transplante

No que tange à recuperação, por se tratar de um procedimento ainda invasivo, o transplante de córnea permite a recuperação gradativa da visão ao longo de meses, variando de acordo com cada caso. Nesse período, devem ser evitados comportamentos de riscos que podem causar algum tipo de trauma nos olhos, além do constante acompanhamento pós-operatório com o oftalmologista e o controle com medicamentos imunossupressores para garantir a aceitação do novo tecido pelo organismo.  

Sobre a qualidade da visão, o Dr. Marcello ressalta que, assim como na cirurgia de catarata, por exemplo, o transplante de córnea não se configura como uma cirurgia refrativa, ou seja, ele não busca eliminar o uso de óculos ou lentes de contato. “O principal objetivo do transplante é permitir que, com ou sem ajuda, o paciente consiga ter uma visão adequada. A correção ou eliminação do grau, por sua vez, exige outros tipos distintos de tratamento”, completa.

 

Lista de espera e a importância da doação

Outro fator que agrega vantagem ao transplante de córnea é o fato de que esse tecido possui maior resistência e durabilidade, podendo manter-se hábil para ser implantado até cerca de 6 horas após o falecimento de uma pessoa. Contudo, se por um lado a córnea possui características que facilitam o seu transplante e o próprio procedimento tem evoluído para uma operação tecnicamente mais otimizada, a complexidade da cirurgia parece estar mais associada às questões logísticas, éticas e emocionais relacionadas à lista de espera e à doação do tecido.  

“Trata-se de um momento delicado, que envolve o luto e as emoções de familiares que acabaram de perder um ente querido. Mas cabe à equipe médica realizar essa abordagem da maneira mais acolhedora possível, ressaltando a relevância que a doação de um órgão pode fazer na qualidade de vida de outra pessoa.”, aponta o Dr. Marcello. 

No Brasil, o banco de olhos é uma instituição nacional, embora regionalizada, de modo que cada estado possui uma fila própria. Para adentrar a lista de espera, o paciente deve, primeiro, passar pela avaliação do oftalmologista e a gravidade e urgência de cada caso pode impactar na posição ocupada na lista de pacientes que aguardam uma doação.  

No iVisão, o transplante de córnea é realizado em um centro cirúrgico próprio, com uma média de 5 procedimentos mensais - número que foi afetado por conta da pandemia. Com a redução da incidência, internação e letalidade da Covid-19, a expectativa é de que as taxas de doações e transplantes aumentem nos próximos meses, reduzindo a fila de espera.
 

Covid-19 e hospitais lotados: "É importante manter a calma diante de diagnóstico e sintomas de resfriado, além de evitar se expor ao pronto atendimento", conta especialista

  • Coordenador Médico da Amparo Saúde, Dr. Lucas Gurgel, orienta sobre considerar a necessidade real de recorrer ao atendimento presencial, e aponta dicas diante novo surto da Covid-19 e influenza (H3N2) 
  • A Amparo Saúde, especializada em atendimento coordenado e APS, viu o número de agendamentos de consultas quase quadruplicar na segunda semana do ano

 

O final de ano e a entrada de 2022 foram marcados pela superlotação de prontoatendimentos (PA) e hospitais, diante do crescimento exponencial de casos de influenza (H3N2) e da nova variante Covid-19, a Ômicron. O cenário traz grandes desafios ao sistema de saúde como um todo, e especialistas têm alertado sobre qual a melhor forma de agir neste momento e a importância de avaliar a ida presencial aos hospitais e pronto atendimento de forma cautelosa e responsável. 

De acordo com o SindSaúde-SP, a cada 100 fichas, no mínimo 80 são de pacientes que apresentam sintomas gripais, sendo sua grande maioria, casos leves sem necessidade de intervenção. Mesmo assim, a espera por atendimento médico presencial somado ao tempo total de permanência do paciente no PA devido também a realização de exames, pode chegar a 10 horas no total ou mais. Com isso, o Dr. Lucas Gurgel, que atua como Coordenador Médico na Amparo Saúde, empresa especializada em atendimento coordenado e APS, percebeu um aumento de quase 4 vezes na demanda por consultas e elaborou dicas e informações com base nas novas recomendações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta semana. Confira:
 

1 - Primeiro de tudo, é fundamental ter em mente que não se deve deixar desesperar nestes momentos de sintomas ou de diagnóstico positivo. Este é um dos principais fatores que estão levando as pessoas aos PAs e contribuindo para as superlotações, e que podem ser evitadas com um pensamento responsável de cada paciente. A Covid-19 é uma doença que afeta diretamente o nosso sistema nervoso, mas não podemos deixar que isso seja o fator determinante.

 

2 - Se o paciente está apenas com sintomas leves, uma consulta de telemedicina é o mais aconselhável e trará todas as recomendações necessárias, sem precisar que o paciente coloque-se em risco em hospitais e também exponha outras pessoas ao vírus. Optar pelo uso da telemedicina, que já foi comprovada como alternativa extremamente eficaz durante a pandemia, também garante que o paciente não "fure a fila" de quem realmente precisa de atendimento presencial - além de não sobrecarregar as equipes médicas do local.
 

3 - Em caso de sintomas leves, estar exposto a ambientes com muitas infecções e doenças, como hospitais, pronto socorros e PAs, pode ser muito prejudicial aos pacientes e, por isso, os atendimentos via telemedicina são os mais indicados nessas situações. É importante lembrar que no local terão pessoas com outros tipos de doenças contagiosas.

 

4 - Sobre o isolamento social: o ideal é evitar a exposição social enquanto ainda estiver com sintomas. É recomendado esperar os sintomas desaparecerem antes de sair do isolamento, independentemente da quantidade de dias que se passaram, e ir fazendo testes ao longo destes dias até sair um resultado negativo.
 

5 - Quando procurar atendimento presencial? Se a pessoa continuar com sintomas após dez dias de isolamento, o recomendado é continuar até 14º dia - já podendo considerar, a partir do décimo, o atendimento presencial - neste caso, para a possibilidade de haver alguma complicação.
 


Amparo Saúde


Náuseas e enjoos da gestação: é possível evitar?

Obstetra seleciona dicas de ouro para que futuras mamães tenham uma gestação tranquila

 

A gestação é um período de intensas mudanças no corpo feminino e as náuseas e vômitos da gravidez fazem parte de uma condição comum, que pode trazer grande impacto na qualidade de vida das mulheres durante os três primeiros meses. Estima-se que 70% a 85% das grávidas sofrem com esses sintomas¹´². A causa é imprecisa e pode ser multifatorial. Em linhas gerais, está relacionada com os hormônios placentários, as dificuldades na adaptação evolutiva e até com a predisposição psicológica. E pode ficar um pouquinho mais complicado. Algumas mulheres, entre 0,3% a 2,0%, desenvolvem a forma grave do enjoo, chamada de hiperêmese gravídica. 

“Na forma leve comum de náuseas e vômitos da gravidez, a gestante mantém os sinais vitais, com exame físico e exames laboratoriais normais, e a gravidez tem seu curso normal, já na condição de hiperêmese gravídica ocorre a perda de peso, acima de 5% do peso corporal pré-gestacional, desidratação e alterações de eletrólitos, pode levar a gestante à hospitalização. Os fatores de risco para a condição incluem história de enjoo, enxaqueca, história familiar dessa condição ou antecedente de hiperêmese gravídica em gestação anterior”, explica a especialista Profa. Dra. Roseli Mieko Yamamoto Nomura (CRM-SP: 59.590).

 Para amenizar esses incômodos a obstetra selecionou dicas valiosas. Confira:

 

1.   Invista em polivitamínicos 

A prevenção é um aspecto importante do tratamento de náuseas e vômitos na gestação. Mulheres que utilizam polivitamínicos durante a gestação parecem ser menos propensas a necessitar de atendimento a condição³. Nutrientes como a vitamina B6 são importantes nos primeiros três meses e período de maior incidência de náuseas e vômitos e podem ajudar a diminuir ambos sintomas.

 

2.   Gestante, fracione suas refeições daqui em diante 

Durante a gravidez, recomenda-se que a dieta materna seja fracionada, em refeições pequenas e frequentes, a cada 1 a 2 horas, para evitar o pleno enchimento do estômago. E evite alimentos condimentados e gordurosos. Um estudo mostrou que as refeições proteicas são mais propensas a aliviar os sintomas de náuseas e vômitos do que as refeições gordurosas ou com carboidratos⁴.

 

3.   Medicamentos podem ser aliados seguros quando o enjoo não passa 

Os anti-histamínicos de primeira geração são amplamente estudados para o tratamento de náuseas e enjoos e incluem: dimenidrinato, meclizina e difenidramina, pois têm menos efeitos colaterais maternos ou melhor perfil de segurança fetal. O American College of Obstetricians and Gynecologists, Royal College of Obstetricians and Gynaecologists e a Society of Obstetricians and Gynaecologists of Canada recomendam anti-histamínicos para o tratamento para náuseas e enjoos da gravidez. Mas é importante consultar seu médico ou um especialista em saúde antes de se medicar.

 

                                            

Referências consultadas

1. Woolhouse, M. Complementary medicine for pregnancy complications. Aust Fam Physician, 2006; 35(9):695.

2. Einarson, T. R.; Piwko, C.; Koren, G. Quantifying the global rates of nausea and vomiting of pregnancy: a meta analysis. J Popul Ther Clin Pharmacol, 2013; 20(2):e171-83.

3. Czeizel, A. E. et al. The effect of periconceptional multivitamin-mineral supplementation on vertigo, nausea and vomiting in the first trimester of pregnancy. Arch Gynecol Obstet, 1992; 251(4):181-5.

4. Jednak, M. A. et al. Protein meals reduce nausea and gastric slow wave dysrhythmic activity in first trimester pregnancy. Am J Physiol, 1999; 277(4):G855-61.

Questão de saúde pública, hanseníase ainda é causa de preconceito e discriminação

Desde 2016, o Ministério da Saúde realiza a campanha Janeiro Roxo, de conscientização sobre a hanseníase. Doença milenar – segundo registros médicos, uma das mais antigas da história da humanidade –, a hanseníase é uma enfermidade infecciosa e contagiosa que evolui de forma crônica e atinge pessoas de qualquer faixa etária. Ela afeta, principalmente, nervos, mucosas (como a boca, por exemplo), olhos e pele, mas é passível de diagnóstico precoce e tratamento. Atualmente, o Brasil é o segundo país do mundo no ranking de todos que ainda registram casos da doença. Em razão disso, a condição é tratada como questão de saúde pública e tem tratamento gratuito pelo SUS.

Segundo Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde no início de 2021, de todos os casos registrados nas Américas em 2019, 93% foram no Brasil – o que mostra a importância do combate à doença enquanto ameaça à saúde pública. O diagnóstico tardio representa maior ônus para o sistema de saúde e, principalmente, um grande ônus para o doente que, além de enfrentar todos os problemas desencadeados pela doença em si, passa a conviver também com o medo da rejeição.

O estigma causado pela hanseníase - que, entre outros enganos, diz que as pessoas doentes “perdem” partes do corpo - é um fenômeno observado em todo o mundo, provocado principalmente pelas incapacidades e deformidades causadas pelos casos graves da doença. Não há perda de partes do corpo em casos de hanseníase. Além disso, em razão de puro desconhecimento, esse estigma causa discriminação e preconceito com a doença e o doente.

O contágio se dá de uma pessoa para a outra, por meio de convivência muito próxima e caso haja contato, também muito próximo, e prolongado com as secreções expelidas por alguém que tenha a doença (gotículas de fala, tosses ou espirros). Importante salientar que tocar a pele de um portador não transmite a hanseníase, e a maioria das pessoas possui uma boa resistência contra o causador da doença, a Mycobactherium leprae, sendo, portanto, resistente a ela.

A forma inicial da hanseníase pode se manifestar apenas como uma mancha (geralmente mais clara que a pele, podendo ser também acastanhadas ou avermelhadas) com perda de sensibilidade local. Há outros sintomas comuns, entre eles a sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades, áreas da pele com aparência normal, mas com alteração da sensibilidade e da secreção de suor, caroços e placas em qualquer local do corpo e força muscular reduzida (dificuldade para segurar objetos, por exemplo).

Qualquer pessoa, de qualquer sexo ou idade, pode ter hanseníase. Contudo, em razão de centenas de estudos realizados, hoje se sabe que existe, sim, um componente genético associado à doença (o que torna algumas pessoas mais suscetíveis a ela). Desta forma, o entendimento da comunidade médica é que parentes de pessoas com a doença têm mais chance, proporcionalmente, de contrair a doença.

Quando curados, os pacientes de hanseníase podem ter sequelas que vão desde a diminuição da sensibilidade no local das lesões até deformidades e incapacidades físicas irreversíveis, quando a condição atinge níveis mais graves.

O cuidado mais importante a ser tomado pelo portador dessa enfermidade é iniciar o tratamento assim que a doença for diagnosticada, para evitar sequelas. Os demais cuidados variam com o grau e local das lesões, sendo as lesões em nervos as mais relevantes. É imprescindível que todos os pacientes com os sintomas citados acima e aqueles que convivem ou conviveram com pessoas com diagnóstico de hanseníase sejam examinados no mínimo uma vez ao ano por um dermatologista, para que o profissional mapeie possíveis alterações. Assim, é possível manter um controle da doença e a qualidade de vida do paciente monitorado.

 

Rossana Vasconcelos - dermatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.


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