Em dezembro de 2018, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 24 de janeiro como Dia Internacional da Educação. O intuito é reconhecer o papel fundamental da educação e aumentar a cooperação internacional em prol de sua efetivação.
Os governos estaduais já anunciaram o
retorno das aulas no mês de fevereiro de 2022. Entretanto, em alguns Estados, o
sistema híbrido será mantido. Em nota, a Secretaria da Educação de São Paulo
informou que o início do ano letivo está mantido para 02 de fevereiro, com
aulas presenciais obrigatórias. Mas, segundo a Secretaria, os dados
epidemiológicos ainda serão avaliados, havendo a possibilidade de repensar o
planejamento previsto para o retorno às aulas.
“Diante de mais um ano de incertezas,
fica o desafio de amenizar os impactos da pandemia sobre o ensino, resgatando
os alunos que se afastaram, desmotivados pelo formato online, e recuperar o
nível de aprendizado”, afirma a Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra da Infância
e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP
(Associação Brasileira de Psiquiatria).
Desde o início da pandemia, cerca de
244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estão fora das escolas no
Brasil, segundo levantamento da organização “Todos Pela Educação”, em parceria
com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do segundo
trimestre de 2021. O estudo registrou um crescimento de 171,1% na evasão
escolar em relação a 2019.
“A questão foi percebida principalmente
em classes de baixa renda. Crianças e adolescentes ficavam na rua, expostos à
violência e à criminalidade. Outra situação preocupante é a falta da merenda
escolar, já que muitos não têm essa alimentação em casa e dependem da comida na
escola. De fato, a evasão escolar é uma urgência. Daí a importância destes
alunos retomarem o seu direito de frequentar a escola”, afirma a Dra. Danielle
H. Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina
UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
Segundo Stella Azulay, Fundadora da Escola
de Pais XD, Educadora Parental pela Positive Discipline Association,
especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental e Mentora de
pais; a fase escolar é fundamental não apenas no quesito educação, mas envolve
também a formação da personalidade, de amizades que podem durar uma vida, além
de uma rotina agitada por momentos inestimáveis.
“A brusca interrupção desta rotina
escolar, e por tanto tempo, trouxe tristeza, desânimo e saudade, até mesmo das
broncas dos professores. A escola é uma das fases mais importantes na vida de
qualquer criança e adolescente, e a privação destas experiências traz diversos
prejuízos sociais e psicológicos”, diz Stella.
Saúde mental dos jovens: suporte é
fundamental
Além de comprometer o aprendizado, a pandemia
afetou o emocional dos estudantes. De acordo com o estudo da UNICEF (The State
of the World’s Children 2021; On My Mind: promoting, protecting and caring for
children’s mental health), 22% dos adolescentes e jovens de 15 a 24 anos
brasileiros entrevistados disse que, muitas vezes, se sente deprimido ou tem
pouco interesse em fazer coisas. Além disso, mais de um em cada sete meninos e
meninas com idade entre 10 e 19 anos foi diagnosticado com algum transtorno
mental.
De acordo com Danielle Admoni, houve um
aumento de cerca de 40% nos quadros de ansiedade, tanto nos pequenos como nos
mais velhos. “Identificamos muitos alunos quem nunca tiveram nenhum tipo de
transtorno e passaram a apresentar quadros ansiosos ou até depressivos. Quem já
era acometido por algum transtorno, teve uma piora significativa”.
Portanto, independentemente de como se
dará o ano letivo, ainda estamos em meio a uma pandemia sem prazo de duração.
Mesmo que algumas crianças tenham mais facilidade em se expressar e maior
preparo emocional, seja pela própria personalidade como por estímulos externos,
o momento atual exige atenção redobrada com os pequenos.
Sinais de estresse leve são muito
frequentes e, quando identificados, podem ser abordados pelos próprios pais.
“Reconhecer os sentimentos vivenciados e expressá-los é uma etapa inicial e
muito importante, que deve ser estimulada pelos pais. Estabelecer formas de
lidar com os sentimentos e resignificar os estressores (passando a enfatizar
aspectos positivos envolvidos) podem ser estratégias úteis”, cita Danielle
Admoni.
Portanto, além de ter muita
sensibilidade e observação, é fundamental dar espaço e oportunidades para a
criança expor, à sua maneira, seus medos, sentimentos e suas milhões de dúvidas
sobre o que está acontecendo ao seu redor.
“Uma boa dica é motivar seu filho a
praticar o autoconhecimento. Questione-o sobre suas ações, motivações e
percepções sobre o mundo. Situações de conflito são ótimas oportunidades para
autorreflexão. Em momentos de birra ou nervosismo, tente encontrar os gatilhos
junto com seu filho. Questione-o sobre o que aconteceu que o fez ficar tão
bravo e qual teria sido a melhor forma de contornar a situação. Estimular a
criança a entender seus próprios sentimentos é fundamental para formar um
indivíduo seguro, autoconfiante e com inteligência emocional, imprescindível
nos tempos atuais”, aconselha Stella Azulay.
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