Especialista da FEMPAR analisa 3ª dose de vacina
O debate da dose de
reforço contra a covid-19 está ganhando urgência à medida que se observa o
aumento da variante Delta entre indivíduos não vacinados e funcionários de
saúde em todo o país, que relatam números baixos, mas crescentes, de casos em
indivíduos totalmente vacinados, embora tendam a ser assintomáticos ou leves.
De acordo com Rubens
de Fraga Júnior, geriatra da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR),
o debate continua sobre se e quando doses adicionais das vacinas contra a
covid-19 podem ser necessárias. "A discussão começou quando a Pfizer-BioNTech
anunciou que buscaria a aprovação dos reguladores dos EUA para autorizar uma
dose de reforço de sua vacina. De acordo com representantes da Pfizer, o pedido
é baseado em evidências de Israel e seus próprios estudos que mostram eficácia
reduzida seis meses após a vacinação, no entanto, vale ressaltar que os dados
de Israel ainda não foram revisados por pares e os estudos da Pfizer ainda não
foram divulgados".
A principal questão é
quanto tempo dura a proteção imunológica contra o vírus SARS-CoV-2, que causa a
covid-19. Como ainda estamos aprendendo sobre ele em tempo real, isso é difícil
de saber. O profissional comenta que, por enquanto, o mais importante que
qualquer um de nós pode fazer é ser vacinado; caso a pessoa já esteja vacinada,
é fundamental ter ciência de que a situação está sendo acompanhada de perto
pelas comunidades científica e de saúde pública.
"A possibilidade
em aberto da necessidade de uma injeção de reforço não representa uma falha das
vacinas existentes. As pessoas ficam confusas - ou pensam que algo está errado
- quando a orientação muda com a covid-19, mas temos que lembrar que estamos
aprendendo sobre isso à medida que avançamos. No momento, há incertezas sobre
os reforços. É possível que você precise de um reforço em algum momento? Claro,
especialmente se mais pessoas não forem vacinadas e outras variantes piores
surgirem, com o risco de escaparem das proteções das vacinas atuais",
afirma Fraga Júnior.
As vacinas atuais
ainda são eficazes contra as variantes que vemos agora, principalmente para
proteger contra doenças graves que exigiriam hospitalização ou causariam a
morte.
Estudos sugerem que
uma terceira dose da vacina pode ajudar os pacientes cujo sistema imunológico
não responde tão bem à primeira ou à segunda dose. Cinco pequenos estudos
citados pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) mostraram que 11%
a 80% das pessoas com sistema imunológico enfraquecido não tinham anticorpos
detectáveis para combater a doença após duas injeções. Entre os pacientes
imunossuprimidos que não tiveram resposta de anticorpos detectável, 33% a 50%
desenvolveram uma resposta de anticorpos após receber uma dose adicional, de
acordo com o CDC.
O especialista da
FEMPAR diz que pacientes vulneráveis também têm maior probabilidade de sofrer
infecções prolongadas por covid-19 e que dados também sugerem que eles
provavelmente espalharão mais vírus e potencialmente infectarão mais pessoas do
que aqueles que não são imunocomprometidos. Pacientes imunocomprometidos que
recebem uma terceira dose ainda devem usar máscara e distanciamento social.
"A Anvisa
esclarece que, até o momento, não há estudos conclusivos sobre a necessidade de
uma terceira dose ou dose de reforço para as vacinas contra a doença
autorizadas no Brasil. As pesquisas são desenvolvidas pelos laboratórios
farmacêuticos. A agência vem acompanhando as discussões, as publicações e os
dados apresentados sobre o surgimento de novas variantes do vírus Sars-CoV-2 e
seu impacto na efetividade das vacinas. Até agora, todas as vacinas autorizadas
no Brasil garantem proteção contra doença grave e morte, conforme os dados
publicados", confirma Fraga Júnior.
A Organização Mundial
da Saúde (OMS) fala sobre a possibilidade das doses de reforço, mas não existe
a recomendação propriamente dita. O especialista acredita que a OMS não
incentiva a terceira dose, pois os países do terceiro mundo ainda não receberam
a primeira e segunda dose. Segundo ele, muitas pessoas podem se considerar em
maior risco de doenças graves devido à covid-19 por conta da idade ou de uma
condição pré-existente e podem querer outra dose da vacina. Mas, por enquanto,
uma injeção adicional só é recomendada para pessoas que atendem aos critérios
do CDC para imunocomprometimento. Pessoas com outras condições crônicas, mesmo
aquelas que as colocam em maior risco de covid-19 grave, não estão autorizadas
a receber uma dose adicional neste momento.