Americano James P. Allison e japonês Tasuku
Honjo desenvolveram estudos que permitem o desenvolvimento de uma nova
abordagem no combate.
O americano James P. Allison e o japonês Tasuku
Honjo foram os vencedores do prêmio Nobel de Medicina de 2018. Eles foram
premiados por seus estudos que permitiram avanços no tratamento contra o
câncer, anunciou o Instituto Karolinska de Estocolmo. As descobertas feitas
pelos dois cientistas permitem novos métodos para a inibição da regulação
negativa do sistema imunológico.
Allison, nascido em 1948, é professor do centro MD
Anderson para o câncer da Universidade do Texas. Ao examinar uma proteína que
funciona como um freio no sistema imunológico, percebeu um potencial para a
liberação de células que atacam tumores, possibilitando o desenvolvimento de
uma nova abordagem ao tratamento de pacientes com câncer.
Honjo, de 76 anos, leciona na Universidade de
Kioto. Durante uma pesquisa não associada à de Allison, ele descobriu outra
proteína nas células imunológicas que também funcionam como um freio, mas com
um mecanismo de ação diferente, possibilitando o desenvolvimento de tratamentos
de grande eficácia contra a doença.
"Allison e Honjo demonstraram como estratégias
diferentes para inibir os freios do sistema imunológico podem ser usadas no
tratamento do câncer", afirmaram os membros da academia do Nobel no
instituto sueco. "A descoberta inspiradora é um marco no combate ao
câncer."
O americano, que afirmou se sentir honrado com o
prêmio, contou que ele não tinha a intenção de estudar o câncer, mas de
"compreender a biologia das células T, essas células incríveis que viajam
pelo nosso corpo e trabalham para nos proteger".
A descoberta levou a um novo tipo de tratamento
contra a doença. Ele conta que se encontrou com pacientes que são provas vivas
da eficácia do novo método. Allison agradeceu a "uma série de estudantes
de graduação, companheiros de pós-doutorado e colegas no MD Anderson".
Honjo disse que o que mais lhe agrada é ouvir dos
próprios pacientes que conseguiram se recuperar de doenças graves em razão de
suas pesquisas. O imunologista afirmou que deseja continuar com os estudos para
salvar um número ainda maior de pessoas. Ele agradeceu seus colegas, estudantes
e familiares que o apoiaram durante a realização da pesquisa.
O anúncio do Nobel de Medicina abre a rodada das
premiações de 2018, sendo seguido pelos prêmios de Física, Química, da Paz e de
Economia. Os laureados receberão 9 milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão
de dólares), valor que será dividido quando houver mais de um ganhador numa
determinada categoria.
Os prêmios serão entregues no dia 10 de dezembro,
data do aniversário da morte de Alfred Nobel, em cerimônia dupla no Konserthus
de Estocolmo e na Câmara Municipal de Oslo, onde é entregue o Nobel da Paz.
Neste ano, excepcionalmente, não será entregue o
Nobel de Literatura. A decisão foi tomada após a denúncia de 18 mulheres de
abusos cometidos por Jean-Claude Arnault, artista francês vinculado à academia
através de seu clube literário e marido de um de seus membros, Katarina
Frostenson. Nesta segunda-feira, Arnault foi condenado a dois anos de prisão
por um tribunal de Estocolmo.
Peter Grünberg
Fonte: O DEBATE