Durante o IX
Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), André Trigueiro falou
sobre a importância dos negócios de impacto
Na abertura do segundo dia do IX Congresso
Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que acontece até o dia 2 de
agosto em Florianópolis (SC), o jornalista e professor da PUC-RJ André
Trigueiro falou sobre "A Relevância das Áreas Protegidas para a
Sociedade". Além da conferência, o dia também contou com painéis e
simpósios sobre temas como áreas protegidas, conservação dos oceanos,
ecoturismo e investimentos de impacto - todos relacionados ao mote do Congresso
promovido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza: "Futuros
Possíveis: Economia e Natureza".
A mediação da palestra de Trigueiro ficou a cargo
do também jornalista Alexandre Mansur, que é membro do Conselho Curador da
Fundação Grupo Boticário, e de Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata
Atlântica. Logo na abertura, André falou sobre a importância das estratégias de
conservação e os caminhos para que os objetivos da área ambiental sejam
alcançados.
Para ele, o maior desafio é encontrar um modelo de
desenvolvimento que não seja degradador, que apenas explore os recursos
naturais sem "devolver" nada. "Além disso, a nossa justiça
precisa ser mais exemplar e punir os crimes ambientais que têm acontecido em
importantes áreas protegidas. Entre o preto e o branco não tem cinza. O que é
errado é errado. Não podemos mais aceitar a criação desse tipo de
jurisprudência", enfatizou.
Trigueiro motivou todos os congressistas ao dizer
que o mundo passa por uma grande mutação. "Três fatos ocorridos em 2015
deram início a uma nova Era no planeta: as ODS's (Agenda 2030 da ONU para o
Desenvolvimento Sustentável), a 'Laudato Si' (segunda encíclica do Papa
Francisco que tem como tema central a ecologia) e o Acordo de Paris
(compromisso assinado por mais de 150 países para atuar no enfrentamento da
mudança global do clima). Podemos nos assustar ao olhar a fotografia, mas
precisamos olhar para o filme. Ou seja, para o que já caminhamos e para o que
ainda temos pela frente. E agradecer por estarmos vivendo esse novo momento,
que nos enche de esperanças", ressaltou.
Além disso, o jornalista deu inúmeros exemplos do
papel preponderante e da ajuda que as redes sociais e as novas estratégias de
comunicação podem oferecer às causas da sustentabilidade. Entre os casos
citados estão a campanha contra a extinção de uma reserva ambiental da Amazônia
(Renca), que contou com a participação da modelo Gisele Bündchen e da cantora
Ivete Sangalo, entre outros artistas; o engajamento de diversas personalidades
na proteção da Escarpa Devoniana, no Paraná; e o posicionamento contrário dos
servidores do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade)
em relação aos nomes indicados para comandar a instituição - "que não
tinham know-how para exercer o cargo".
Durante a explanação, Trigueiro falou ainda sobre a
importância dos pagamentos por serviços ambientais e da necessidade de
investimentos e políticas públicas para alavancar o ecoturismo. "Não
adianta falarmos apenas de meio ambiente. Precisamos entender de economia e
mostrar que é um bom negócio proteger a natureza, gerando negócios, emprego e
renda", ressaltou.
Uma das formas seria promover os parques nacionais,
como acontece em outros países, que contam com uma infraestrutura melhor e
ações de marketing bem elaboradas. "É necessário utilizarmos mais
inteligência na gestão dos recursos naturais. Outros lugares, com menos
recursos naturais, fazem mais que a gente. Precisamos nos inspirar nesses
modelos", argumentou.
Segundo Trigueiro, o Brasil também precisa de uma
política tributária e fiscal mais moderna e alinhada à nova economia. "Não
adianta apenas favorecer os produtos descartáveis, mas incentivar a produção e
o consumo de insumos reutilizáveis, por exemplo. Tem que ser política pública
de longo prazo. Não é uma política de governo. É necessária uma política de
Estado. Uma causa verdadeira e contínua. E nesse aspecto ainda temos muito por
fazer", finalizou.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de
Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de
Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos
antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação
ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da
natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas
financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio
da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação
da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além
de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução
para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização,
sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano
das pessoas.