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quinta-feira, 3 de maio de 2018

BULLYING: COMO IMPEDIR UMA TRAGÉDIA?


Casos recentes de suicídios de estudantes de colégios particulares em São Paulo acenderam um sinal de alerta em pais e escolas. E não é para menos. De acordo com a pesquisa do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde; de 2000 a 2015, os suicídios cresceram 65% em pessoas com idade entre 10 e 14 anos, e 45% de 15 a 19 anos. 

No período da adolescência, e mesmo da pré-adolescência, os indivíduos têm uma vulnerabilidade muito grande em relação ao bullying, a pressões sociais, entre outros aspectos. As redes sociais são um dos grandes motivadores de aumento de ansiedade e até de depressão, seja por comentários maldosos ou as famosas fake news, que viralizam instantaneamente. 

O bullying envolve um comportamento agressivo, repetitivo, feito por alguém que exerce algum tipo de poder sobre outro, se sentindo superior e alimentando seu ego, principalmente na frente de seus colegas. No cyberbullying, ou bullying virtual, o anonimato pode trazer uma vantagem ao executor do bullying, já que este pode atacar sem que a pessoa tenha chances de defesa. 

As vítimas do bullying, em geral, têm vergonha de contar o que estão sofrendo. Cabe aos pais identificarem a mudança no comportamento do filho. Sinais de que há algo de errado: não querer ir à escola; ficar ansioso ou angustiado na hora de ir à escola; relutância em participar das atividades em grupo; isolamento; irritabilidade constante; apatia; aumento ou perda de apetite; entre outros. 

As abordagens para manejo, tanto do agressor quanto da vítima, são, principalmente, de base psicoterápica. Para o “buller”, o trabalho envolve identificar a raiz do seu comportamento agressivo e desenvolver uma análise que o ajude na transformação da sua personalidade. Já para a vítima, o tratamento psicoterápico envolve auxílio na superação da dificuldade de se expressar, de se impor e de se defender de forma adequada. 

Desde criança, cada indivíduo começa a demonstrar seu temperamento, sua personalidade, sendo umas mais tímidas e outras mais extrovertidas. Conforme o ambiente familiar, essas características podem se transformar. E, ao contrário do que muitos pensam, a função das escolas é ensinar, e não educar. Esta tarefa é dos pais. 

É muito frequente ver pais que se abstêm deste papel e delegam às escolas uma função que não é delas. Se uma criança chega ao colégio sem a mínima capacidade de ser educado e de respeitar os colegas (e de se fazer respeitar), trata-se de um problema já instalado, provavelmente de origem familiar. 

Para evitar que uma criança se torne um jovem arrogante, sem educação, sem limites e noções básicas de civilidade, é preciso que os pais mudem seu modo de lidar com seu filho, tentando corrigir o que não foi ensinado no momento certo (possivelmente nos primeiros meses de vida, quando a criança começa a explorar o mundo, e já precisa entender seus limites, e o que é certo ou errado). 

Em suma, o ideal é que escolas estejam em permanente contato com os pais, especialmente para relatar episódios de bullying, preconceito e agressão física ou verbal. Assim, os pais terão mais facilidade para compreender a mudança de comportamento do seu filho, e tomar as devidas providências, evitando possíveis transtornos de ansiedade, depressão e até tragédias maiores.







Prof. Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)

 

Quando a Raiva Vira um Verdadeiro Transtorno

Todos nós ficamos com raiva vez ou outra. Talvez aquele seu colega de trabalho esteja coberto de razão de estar morto de ódio por ter perdido todo o dia de trabalho porque o computador simplesmente pifou antes de salvar o relatório. Mas, o que dizer daquele amigo ou familiar que parece viver à beira do limite, que esperneia, xinga, quebra coisas e se descontrola por qualquer razão?

Será que ele teria apenas o “pavio curto” ou algo a mais?

“Ataques de raiva repetitivos e desproporcionais aos motivos que serviram de provocação podem ser sinais do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), um tipo de Transtorno de Controle de Impulsos (TCIs). O TEI se caracteriza por episódios graves e isolados de agressividade de forma desproporcional aos eventos que os desencadearam. Em geral, são precedidos de um fator estressante e seguidos de profundo arrependimento”, explica a psicóloga Fernanda Queiroz, cofundadora da Estar Saúde Mental.

 

TEI atinge 3 em cada 10 brasileiros

 
Mas, atenção: alguns dias de fúria não são suficientes para que se constate que alguém tem este transtorno. Os critérios para o diagnóstico, entretanto, ainda são motivo de debate. Alguns especialistas acreditam que a especificação de um número de ataques por ano – hoje é de três episódios em 12 meses – não é suficiente para delimitar o problema. Até a classificação da OMS parece apontar que não há critérios totalmente definidos.

Estimativas feitas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo dão conta de que no Brasil, 3 em cada 10 brasileiros são portadores do transtorno. No mundo, os levantamentos apontam para a mesma taxa de prevalência, embora muitos estudiosos afirmem que como o TEI tende a ser subdiagnosticado, esse número seria bem maior.



A origem da fúria

 
Embora os sintomas sejam bastante visíveis e perceptíveis, ainda não se chegou às causas. “O mais provável é que seja uma combinação de fatores biológicos e emocionais.” Sabe-se, por exemplo, que pessoas com histórico familiar de dependência química ou de desordens do humor têm maior predisposição para desenvolver esse transtorno. Crianças criadas em ambientes disfuncionais também, como por exemplo, pai ou mãe alcóolatras ou violentos.

Um dos estudos mais recentes a respeito, publicado em 2014 na revista médica JAMA Psychiatry, sugere que haveria uma ligação entre dois marcadores de inflamação - a proteína C reativa e a interleucina 6 – e impulsos agressivos. A pesquisa, entretanto, acompanhou um grupo bastante pequeno. Foram apenas 200 pessoas. “Outras teorias apontam para alterações em neurotransmissores como a serotonina, hormônio ligado à sensação de prazer”, comenta Fernanda.



Depois da raiva, a culpa

 
Os ataques geralmente são seguidos de culpa e remorso e não raro, os pacientes acabam acometidos por depressão, ansiedade e podem abusar de álcool ou de outras substâncias.

Assim como outros distúrbios do impulso, o TEI traz inúmeros prejuízos ao paciente e às pessoas que o cercam. A desordem pode levar ao fim de casamentos, à perda de empregos, à suspensão da escola ou universidade, entre outros. Um levantamento feito pela Universidade de Harvard (EUA) chegou a estimar que, durante a vida, o prejuízo material para o paciente chegaria a quase US$ 1.500 (ou aproximadamente R$ 4.500) só em destruição de propriedade própria ou alheia.



Terapia

 
Segundo Fernanda, o primeiro passo é reconhecer a frequência e a intensidade desses ataques. “O ideal é procurar um psiquiatra e também iniciar uma psicoterapia, que pode ser a abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), amplamente usada para a TEI, com resultados favoráveis, principalmente no controle da agressividade. É importante entender que esse transtorno causa enormes prejuízos sociais, profissionais e acadêmicos. Por isso, quanto antes for diagnosticado e tratado, melhor”, conclui Fernanda


Casos de demência triplicarão até 2050: Brasil ainda enfrenta barreiras para diagnóstico precoce


A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o número de casos de demência triplique até 2050, atingindo mais de 152 milhões pessoas ao redor do globo. Tal aumento deve-se ao envelhecimento populacional e continuará a atingir principalmente países de baixa e média renda. Para abordar o tema com mais profundidade, especialistas em diagnóstico por imagem vão se reunir em São Paulo/SP, a fim de apresentar e debater o que há de mais recente e avançado sobre tratamento e detecção da doença, durante a 48ª Jornada Paulista de Radiologia, de 3 a 6 de maio.

A Jornada Paulista de Radiologia reunirá especialistas internacionais para discutir a imaginologia da demência. O Dr. Marcelo Gálvez, presidente da Sociedade Chilena de Radiologia, e a Dra. Noriko Salamon, professora do Departamento de Radiologia da UCLA David Geffen School of Medicine, participarão do módulo de Neurorradiologia.

Demência é um “termo guarda-chuva” para denominar diversas doenças que afetam progressivamente, em sua maioria, a memória, o comportamento e as habilidades cognitivas. A mais comum é o Alzheimer, aparente em quase 70% dos diagnósticos. A Dra. Claudia da Costa Leite, professora associada do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é uma das palestrantes e destaca os problemas para a detecção precoce dessas doenças neurodegenerativas:

“Na doença de Alzheimer, por exemplo, os achados de ressonância magnética (RM) só aparecem em fases tardias. Contudo, procedimentos diagnósticos da medicina nuclear são bastante promissores, a partir do uso de novo marcador: o Pittsburgh compound B (PIB)”, afirma.

O PIB foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh que visavam fornecer ferramentas para um diagnóstico precoce e definitivo. O Alzheimer é patologicamente caracterizado pela presença de placas amilóides contendo amilóide-beta (Aβ) e emaranhados neurofibrilares. Desta forma, o PIB, que é derivado da tioflavina-T (ThT), molécula capaz de ligar-se a proteínas amiloides, é utilizado junto à tomografia por emissão de pósitrons (PET), permitindo detectar a doença pré-clinicamente em pessoas com sintomas leves ou atípicos.
No Brasil, porém, os pacientes ainda não podem contar com acesso a essa tecnologia, como adianta Leite. “Apesar de termos condições iguais às dos países desenvolvidos quando falamos da ressonância magnética, na medicina nuclear, o PIB ainda não é comercializado no País”.

Acesso a mecanismos de diagnóstico é inclusive outra preocupação da OMS, já que apenas 14% dos países que fornecem dados sobre demência indicam o número de pessoas que sofrem com o problema. Além disso, estima-se que aproximadamente 90% das pessoas que tenham algum tipo de demência em países de baixa e média renda não saibam desta condição.

Maior evento de Radiologia da América Latina

A Jornada Paulista de Radiologia (JPR 2018) é o maior evento da especialidade na América Latina. Organizada pela Sociedade Paulista de Radiologia (SPR), acontece em São Paulo, de 3 a 6 de maio. Sua 48ª edição é promovida em parceria com a Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), sob o mote “Transformando a Educação na Radiologia”.






48ª Jornada Paulista de Radiologia
Data: 3 a 6 de maio de 2018
Local: Transamerica Expo Center
Endereço: Av. Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 - Santo Amaro, São Paulo/SP
Mais informações: www.jpr2018.org.br



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