Uma mudança importante vem acontecendo nos últimos anos e impactando o
mundo todo: o veloz crescimento da tecnologia e a rápida adoção por empresas e
pessoas. A Singularity University, aqui nos Estados Unidos, definiu que estamos
passando de um mundo linear e local para outro exponencial e global. Essa nova
realidade nos obriga a mudar a forma como vemos as coisas, como pensamos e como
reagimos.
A tecnologia já transformou a maneira como as pessoas interagem, tanto
em suas vidas pessoais como profissionais (as chances de você estar lendo isso
em um dispositivo móvel, seja ele smartphone ou tablet, são enormes). As
empresas não só precisam estar prontas para atrair e reter talentos que se
sintam confortáveis com essas novidades, como também devem aprender que os seus
negócios podem se beneficiar delas
U
1.
Crescimento exponencial
da tecnologia – Vamos vivenciar, de forma muito rápida,
tecnologias de ponta se tornando cada vez mais acessíveis a custos mais baixos.
Dessa forma, será possível desenvolver produtos e serviços melhores, gastando
menos. Alguns exemplos de tecnologias que passarão por esse crescimento são:
Inteligência Artificial, impressão 3D, robôs e drones, carros autônomos,
realidades virtual e aumentada, bitcoin e blockchain, biotecnologia e outras.
2.
Acesso global à internet
– A internet é a principal responsável pela transformação que descrevi acima e
o seu crescimento não para. Ela levou 20 anos para chegar ao primeiro bilhão de
usuários, apenas cinco anos mais para chegar ao segundo bilhão e mais quatro
anos para o terceiro bilhão. Até 2020, ou seja, daqui três anos, a estimativa é
que mais três bilhões de usuários sejam conectados à rede. São pessoas que
nunca acessaram a web, nunca fizeram uma compra online e que trarão consigo
novas ideias e demandas. Boa parte delas chegarão à WWW em 2017 e, com elas,
novas oportunidades de negócios. A OneWeb, por exemplo, empresa americana
focada em prover internet de alta velocidade de forma acessível para todo o
mundo, prometeu acelerar o lançamento de “uma constelação de satélites” para
2017 e 2018 com o objetivo de atender essa demanda reprimida através destes
equipamentos.
3.
Conectividade
–
Nos anos 1960, computadores eram recursos raros e muito caros para uma única
pessoa possuir. Foi assim que o conceito de compartilhamento surgiu, para que
um grupo de pessoas pudesse acessar um mesmo sistema em turnos. Hoje em dia, o
fácil acesso à computação é representado por dispositivos conectados à internet
e entre si. Assim, diversas empresas conseguirão criar ofertas de interação
entre pessoas e coisas jamais pensadas antes – como hubs de automação doméstica
com reconhecimento de voz que toca música, faz listas de afazeres e informa o
clima, o trânsito e outros dados em tempo real.
4.
Inteligência Artificial –
O acesso quase infinito ao poder da computação tem sido o principal catalisador
para a grande evolução da Inteligência Artificial. Esta combinação de técnicas
e algoritmos, sendo a mais proeminente o Machine Learning e uma de suas
vertentes - o Deep Learning -, visa treinar máquinas para que tenham as mesmas
capacidades que humanos, como raciocínio, planejamento, processamento de
linguagem natural, percepção e inteligência geral. Neste sentido, o ambiente de
trabalho em diversas indústrias verá a IA acontecer de fato em 2017, mas não
para substituir trabalhos feitos pelas pessoas. Neste primeiro estágio, a
máquina terá a função de aumentar as nossas capacidades cognitivas,
principalmente pela tecnologia conseguir processar um volume de dados
extremamente superior ao do ser humano.
5.
Disrupção da Indústria
– Aqui, vou usar a música de exemplo. Há não muito tempo, para ouvir sua música
preferida a qualquer hora você tinha que comprar um CD, com um álbum inteiro –
que tinha por volta de 80 minutos, porque era o que cabia naquela mídia – e também
ter onde reproduzi-lo. Para compartilhar essa música com alguém, você precisava
emprestar a ela o seu CD. Todos os aspectos dessa descrição mudaram. Hoje você
tem serviços de música por demanda e só ouve um álbum inteiro se quiser. E
essas mudanças drásticas não são exclusivas da indústria fonográfica. Avanços
enormes da tecnologia e das aplicações de negócio provocaram a disrupção da
experiência das pessoas. E aqui não estou falando apenas da experiência do
usuário final. Indústrias como um todo deixarão de existir e, cada vez mais,
veremos uma mudança na forma como pensamos e interagimos com produtos e
serviços em praticamente todos os segmentos. O que me leva ao próximo ponto.
6.
Evolução dos modelos de
negócios – O acesso fácil à tecnologia está permitindo que
novos modelos de negócio sejam testados de forma simples e barata. Grandes
inovações acontecem em anos e não mais em décadas – e caminhamos rápido para
meses ou semanas. Negócios de bilhões de dólares já foram criados em poucos
meses. Quando esses novos modelos surgem, a tecnologia se torna parte
fundamental da estratégia e as empresas precisam repensar as competências mais
importantes e se reinventar. As organizações precisam – todas elas –
identificar o valor de seus negócios, como precificá-los e então começar a
promover mudanças na forma como vendem e cobram por seus produtos. Esse
movimento não é fácil e não ocorre da noite para o dia. Mas em 2017 veremos
cada vez mais empresas buscando uma cultura digital.
7.
Experiência Digital –
As pessoas já têm experiências digitais em seu dia-a-dia, ao compartilharem
seus dados com aplicativos como Uber ou Waze, para ter como benefício um
serviço de transporte melhor. No trabalho, aplicativos de mensagens e vídeo,
além de plataformas que permitem gestão de documentos, workflows, entre outros,
possibilitam uma interação interdepartamental muito maior – independentemente
de onde cada time esteja alocado. Dessa maneira, o processo de criar e
compartilhar conhecimento está cada vez mais rápido. Com toda a informação
gerada pela economia do compartilhamento, as empresas devem – e os consumidores
esperam isso delas – identificar comportamentos e utilizar isso para achar
valor em novos lugares. Os chatbots serão muito adotados no próximo ano, exatamente
por serem uma resposta a essa demanda. As pessoas querem sanar suas dúvidas,
procurar informações ou fazer suas reclamações da mesma forma que têm sua
demanda por aquele produto ou serviço atendida: digitalmente.
O principal desafio à frente é adaptar o mindset e o processo de decisão para esse novo mundo em
transformação, já que a inovação e a disrupção podem vir de qualquer lugar, a
qualquer hora. Além de focar em suas competências-chave, as empresas precisam
aprender como usar a tecnologia como um adicional ao conhecimento que já tem em
casa .
Vicente Goetten - diretor executivo do TOTVS Labs