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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Pesquisa da OAB Mulher de Mato Grosso subsidiará ações da ONU





Até o final do ano, a advogada Cláudia Aquino, coordenadora do Projeto OABMT Mulher, entregará à representante da ONU Mulher no Brasil, a médica mexicano-francesa Nadine Gasman, os resultados de pesquisa que mostra as estatísticas, no Estado do Mato Grosso, da violência e crimes contra a população feminina, percentual dos casos denunciados, de instauração de inquérito e processos, julgamento e condenação.
O estudo foi solicitado pela própria Nadine Gasman ao receber, em Brasília, Cláudia Aquino e comissão de advogadas do Mato Grosso, que lhe foram apresentar o projeto OABMT Mulher. Os dados farão parte dos subsídios para as numerosas ações que a ONU está empreendendo em 2015, marco histórico comemorativo ao 20º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres e a adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim. Este é o documento referencial para que os países membros da ONU adotem políticas públicas e se mobilizem para mitigar os problemas graves inerentes à condição feminina.

Plano Nacional
O Projeto OABMT Mulher também está expresso no Plano Nacional de Valorização da Mulher Advogada, conquista história da OAB, que acaba de ser oficialmente instituído e entrará em vigor em 1º de janeiro de 2016. Até o início de 2017, todas as seccionais deverão adequar suas estruturas administrativas ao atendimento das exigências.
Cláudia Aquino explica que o Plano Nacional, dentre outros avanços, prevê: realização de censo destinado à construção do perfil da advogada brasileira; publicação periódica de pesquisas e artigos sobre o tema pela OAB Editora; Conferência Nacional da Mulher Advogada, em cada mandato; valor menor ou isenção na cobrança da anuidade da OAB às mães no ano do parto ou da adoção; presença, em todas as comissões da OAB, de no mínimo 30% e no máximo 70% de membros de cada sexo.
Cláudia Aquino salienta que essa “conquista histórica leva a isonomia do plano teórico para a prática” e ressalta a importância do plano, pois as pesquisas e dados estatísticos mostram a persistência de barreiras impostas pela sociedade, indicando que não se cumpre a determinação legal de que todos os cidadãos têm direitos e deveres iguais.

Prescrição de leitura para crianças: Sociedade Brasileira de Pediatria lança campanha “Receite um livro”





Crianças hospitalizadas por longos períodos, crianças em abrigos e orfanatos, crianças refugiadas também merecem ser beneficiadas com a prescrição da leitura


Durante o 37º Congresso Brasileiro de Pediatria, no Riocentro, evento organizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os pediatras foram convidados a se engajar na campanha “Receite um livro”, uma iniciativa da entidade médica em parceria com outras organizações sociais. O objetivo é estimular o aumento das conexões cerebrais das crianças por meio da leitura, que pode ser feita pelos pais ou por pessoas próximas. Esta recomendação médica já é uma tendência no exterior e começa agora a ser difundida no Brasil.
A SBP fortalecerá a ação dos pediatras nesse sentido, distribuindo a publicação “Receite um livro: fortalecendo o desenvolvimento e o vínculo”, que reunirá conteúdo atualizado e baseado em evidências científicas sobre os impactos da leitura no desenvolvimento infantil, bem como orientações de como incluir o estímulo à leitura na prática clínica. Os pediatras também ganharão um kit de livros infantis.
“A campanha tem o mérito de despertar os pediatras e a sociedade para a importância do tema. Mas, assim como em muitas ações de saúde, precisamos mais do que uma campanha, que tem caráter sazonal e passageiro. Precisamos que a recomendação seja incorporada à prática pediátrica e que todas as crianças possam ter acesso aos benefícios da leitura”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Em junho de 2014, a Academia Americana de Pediatria adotou medida semelhante, destacando que "prestadores de cuidados pediátricos devem promover o desenvolvimento da alfabetização das crianças, pois essa ação é um componente essencial na prática da atenção primária às crianças”. A declaração dessa  política posiciona a leitura para as crianças como elemento relevante  do projeto de alfabetização precoce e das relações que os bebês estabelecem com seus pais e cuidadores.

Desenvolvimento do cérebro infantil
Há quase meio século, a observação científica dos recém-nascidos e das crianças pequenas levou à conclusão de que o desenvolvimento do cérebro não é apenas rápido e extenso no início da vida, mas que é altamente sensível aos cuidados e estímulos que os pais e outros fornecem. Com o advento posterior da tecnologia da imagem cerebral, esses achados finalmente começaram a atrair a atenção dos formuladores de políticas públicas, em meados dos anos 1990.
“No entanto, apenas começamos a considerar seriamente essas descobertas no desenvolvimento infantil. Ainda pode ser uma surpresa ou uma novidade para alguns que a leitura para bebês, nos primeiros seis meses de vida, contribui para o desenvolvimento do cérebro e do sucesso escolar posterior, diz o pediatra.
Embora a leitura possa ser uma força poderosa para o desenvolvimento inicial do cérebro, a natureza das conversas entre pais e bebês, durante a leitura e durante outras interações importa tanto quanto o próprio ato de ler. Mesmo nas primeiras semanas de vida, pais e crianças, no momento da leitura, estão exercitando características extremamente sutis de vocalizações, gestos e expressões faciais. Estas são as interações que estimulam o desenvolvimento inicial do cérebro.
“Os bebês têm períodos curtos de atenção, são facilmente distraídos, por isso a leitura inicial deve ser de textos curtos. Porque o mais importante é o prazer que eles sentem em ouvir a leitura, observar o contador e suas expressões faciais e apontar para as imagens da página, o que também serve de recompensa para os pais, pois reforça e perpetua este tempo de aprender juntos”, explica Moises Chencinski.

Importância da leitura

A leitura é apenas um exemplo das interações sociais ricas relacionadas à linguagem, que podem começar no início da vida e até durante a gestação. Ela é responsável por grande parte da diferença na velocidade de processamento entre as crianças de 15 meses e o tamanho do vocabulário das crianças de 4 anos. A leitura prepara o cérebro das crianças para a aprendizagem e o sucesso escolar posteriores.
“É por meio dessas interações com os pais e cuidadores que as crianças desenvolvem as funções executivas que precisarão ser utilizadas na escola, como por exemplo, a capacidade de se concentrar e de prolongar a atenção e a motivação para continuar concentrado. E tudo isso começa no colo de pais amorosos. Um livro pode despertar a curiosidade, antes mesmo que uma criança seja capaz de formular perguntas. Uma história compartilhada pode levar a uma vida de amor e de aprendizagem. Os livros são uma ótima ponte para que pais e bebês falem uns com os outros. Além disso, mesmo sem perceber, quando os pais estão lendo para seus bebês, eles estão incutindo habilidades necessárias para a pré-alfabetização, como por exemplo, o entendimento de que o que está escrito numa página ‘representa algo’ e que as páginas de um livro têm uma sequência particular”, explica o médico.


Tempo para leitura

Pais que leem para seus filhos, desde o início da vida, precisam de muito mais do que livros. Eles precisam de tempo para estar com os filhos e de proteção contra o estresse diário para serem capazes de não apenas ler para os filhos, mas como também para conversar intimamente com eles. “Por isso é tão importante ampliarmos as discussões sobre a licença maternidade e paternidade”, diz o médico, que também é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo. A maioria dos pais tem que trabalhar, assim, a maioria dos lactentes e crianças pequenas passam muitas horas sob os cuidados de outros. Os bebês e as crianças pequenas precisam de leitura e de outras interações sociais permeadas pela linguagem durante todo o dia, sempre que eles estiverem prontos, onde quer que estejam.
“Durante as primeiras semanas, meses e anos de vida, não há soluções rápidas ou balas de prata para o desenvolvimento do cérebro. Precisamos investir não apenas em livros, mas também em crianças, em seus pais e naqueles que cuidam deles, enquanto os pais estão no trabalho. Precisamos capacitar os profissionais de saúde que tomam conta das crianças internadas por longos períodos, para que a leitura faça parte de sua formação. Precisamos pensar nas crianças que vivem em abrigos e orfanatos, pois os responsáveis por essas instituições também precisam ser sensibilizados sobre a importância da leitura. Hoje, precisamos pensar nas crianças refugiadas que chegam ao Brasil. A leitura pode ser a ponte para a adaptação e a formação de laços com a nova pátria. Os responsáveis pelos abrigos precisam ser sensibilizados para essa situação. Como pediatras, não podemos excluir nenhuma criança”, defende Moises Chencinski.
                                                                                     
Veja também:                                                                        Leitura para crianças           - https://youtu.be/pKnnO9Q55MA


Moises Chencinski - http://www.drmoises.com.br - Email: fale_comigo@doutormoises.com.br - https://www.youtube.com/user/DoutorMoises - Fanpage: https://www.facebook.com/tudosobrepediatria

“Por que o senhor atirou em mim?”





Por que vocês continuam atirando em nós?

Repúdio à morte de jovens nas periferias da capital reúne coletivos da Zona Norte de São Paulo em evento, na semana em que a morte do adolescente Douglas Rodrigues completa dois anos

No próximo dia 31 de outubro, inúmeras organizações da sociedade civil participarão de um ato de repúdio à violência policial contra jovens da periferia. Marcado para acontecer no bairro Vila Medeiros, o evento vai reunir a população local em uma caminhada e, depois, na rua Bacurizinho, onde o adolescente Douglas Rodrigues morava, acontecerá a apresentação do espetáculo de teatro fórum EmQuadros: Diálogos para uma juventude viva, além de shows e outras atividades artísticas. A peça busca problematizar as relações entre a polícia e a população jovem em situação de vulnerabilidade social. A pesquisa partiu do caso de Douglas Rodrigues, morto durante uma batida policial em 2013. O Teatro Fórum propõe um diálogo cênico onde o público é incentivado a propor alternativas para transformar o conflito apresentado, como em um exercício de ensaio para a vida real. O evento privilegia o diálogo sobre direitos humanos, prevenção da violência e defende o fim do genocídio nas periferias. O ato é organizado pelo Instituto Mudança de Cena, Casa do Meio do Mundo, Centro Cultural da Juventude, Centro Cultural da Vila Guilherme, Jornalistas livres e Arrua, com a participação das secretarias municipais de Cultura e Direitos Humanos.

Caso Douglas Rodrigues Atingido no peito pelo tiro do policial Luciano Pinheiro, enquanto caminhava pela rua Bacurizinho, na Vila Medeiros (zona norte de São Paulo) num final de tarde de domingo, Douglas, ferido, disse: “Por que o senhor atirou em mim?”. Segundo a advogada Renata Porcel, responsável pelo caso, a partir do Boletim de Ocorrência realizado em 27 de outubro de 2013, foi instaurando um inquérito policial militar e, em 20 março de 2014, aconteceu uma reconstituição dos fatos. A Promotoria de Justiça Militar entendeu que a atuação do PM foi “inadequada”. Assim, considerou que era crime não militar, e o caso foi enviado para a justiça comum, em maio de 2015. Em agosto deste ano, o juiz responsável pelo caso pediu complementação do laudo pericial (com prazo de 60 dias), com perguntas sobre a cena e a arma. O policial Luciano Pinheiro foi exonerado e responde em liberdade. “Se a Justiça Militar diz que não é de sua competência esse julgamento, e envia para a justiça comum, entendemos que não é culposo, mas doloso, e deveria ir a júri popular”, diz a advogada.

A ação movida pela família contra o estado foi julgada procedente, mas o estado recorreu e o julgamento está sendo aguardado. O inquérito (processo crime) que pede a condenação do policial ainda está inconcluso. A busca por informações a respeito dos processos que envolvem a morte do filho Douglas tornou-se rotina na vida de Rossana Martins, 46 anos. “Preciso saber o que acontece, mas ninguém dá qualquer previsão e essa demora é angustiante. Não é só sentimento de mãe, porque vemos isso acontecer todos os dias, vejo essa violência se repetir”, diz.
 

 31 de outubro de 2015
14h Cortejo: concentração: Escola Estadual Victor dos Santos Cunha, Av. João Simão de Castro, 280
16h Teatro Fórum: apresentação de EmQuadros/Mudança de Cena, Rua Bacurizinho
17h Roda de conversa: Rossana (mãe do Douglas), Eduardo Suplicy (SMDHC), Laercio Benko Lopes (advogado do caso Douglas)
18h Shows , Grafitti, Stencil

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