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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Especialista FGV elenca dicas para pequenos e médios empresários sobreviveram durante a crise



Inesperada, a crise causada pela Covid-19 vem causando inúmeros e gigantes impactos para a economia. Ainda não é possível afirmar todas as consequências causadas pela crise no país, mas uma coisa é certa, pequenas e médias empresas estão sofrendo um choque na receita.

Por conta da situação de calamidade pública, o governo criou algumas medidas emergenciais na tentativa de minimizar os estragos para as pequenas e médias empresas (PME), que geralmente contam com reservas de caixa menos preparadas. Mesmo com essas medidas, empresários continuam encontrando dificuldades em manter os negócios de portas abertas, honrando com os compromissos com seus funcionários, clientes e fornecedores.

Segundo o professor e coordenador do MBA em Gerenciamento de Projetos da FGV, André Barcaui, por conta dos rumos da economia, esses empresários ainda enfrentarão inúmeros momentos difíceis durante e pós-pandemia, principalmente por conta do medo das pessoas de saírem na rua, somado aos novos hábitos de consumo e receio em exagerar nos gastos.

“O que faz o Brasil crescer é o heroísmo desses empresários, mas hoje, vemos empregador e empregados sofrendo e sendo fortemente impactados por uma crise sem precedentes e expectativas para terminar”, ressalta o especialista.

Segundo o professor, nesse período é essencial que os empresários analisem detalhadamente a estrutura de custos dos negócios, revendo os motivos, necessidades e resultados de todos os investimentos feitos pela empresa. “A crise nos faz olhar todos os aspectos com mais detalhes. Os empresários não podem pensar que os gastos e custos serão os mesmos durante e após a pandemia. É hora de reavaliar”.

Para Barcaui, o isolacionismo deve ficar de fora durante essa crise, sendo necessário que a parceria entre empresas e fornecedores se torne ainda mais forte, gerando flexibilização e colaboração de ambas as partes. “Será muito difícil sair dessa pandemia de maneira isolada, por isso, a dica é que os empresários conversem e negociem com os fornecedores. Com certeza todos sairão ganhando”, indica.

Invista em redes sociais. Segundo o especialista, empresários que ainda ignoram essa prática, devem rever com urgência esse comportamento e ingressar a marca no mundo digital, que tem sido o diferencial neste período de dificuldades. “Não há como ignorar o poder das redes sociais. Comece, mesmo que minimamente, a usar essas ferramentas que podem gerar belos resultados e alcance extraordinários”, ressalta.

implantação ou incremento da modalidade de delivery é outra dica do especialista. “Se a empresa ainda não conta com esse serviço, é hora de acrescentá-lo, se já conta, é hora de incrementar segundo as características de segmentação do seu público-alvo. Por conta do isolamento social, as pessoas querem e precisam que as compras, alimentos e serviços cheguem até elas, sem se expor ao risco”, completa.

Manter o otimismo é a última dica do especialista. Segundo ele, mesmo com as dificuldades, os empresários devem manter, de forma realista, o pensamento que os negócios irão sobreviver, mas para isso é necessário que eles utilizem a criatividade e inovação. “O comportamento dos clientes mudou, por isso, a empresa e funcionários devem testar novas formas de atendimento, apostando e acreditando que essas inovações trarão resultados positivos para os negócios. Inove, permita-se e não tenha medo de errar”, finaliza Barcaui.


Coronavírus: Como cada setor pode se reinventar nesta pandemia?


Em março começaram a aparecer os primeiros casos de Coronavírus no Brasil e todo mundo se assustou! Era restaurante fechando as portas (seja por determinação de autoridades, seja por falta de público nas ruas), shoppings vazios, casamentos e festas canceladas… Ou seja, estava começando uma era de caos para todos os empreendedores.
A triste e dura nova realidade assustou pois nunca passamos por algo assim. Teve gente que acreditou em uma retomada dentro de um mês, mas como todos já perceberam, ainda hoje temos que lidar com máscaras nas ruas e mudanças drásticas nos negócios, que precisaram se adaptar de uma forma ou de outra.
E se a pandemia ainda está aí, qual é a solução? Fechar as portas? Para Ediney Giordani, CCO da KAKOI Comunicação, a palavra de ordem é adaptação:
“Todo mundo foi pego de surpresa, mas o empresário é uma pessoa criativa por natureza. Se antes os aplicativos, as plataformas e as redes sociais eram um luxo ou uma opção para as empresas, agora a tecnologia passou a fazer parte da estrutura de qualquer negócio. Claro, de nada vale ter essa tecnologia sem criatividade, sem adaptação e sem visão.” explica Giordani.
Há algumas iniciativas que estão ajudando os empresários, o SEBRAE mantém comunicação ativa com pequenas empresas incluindo abertura de crédito. O Facebook disponibilizou dicas em sua plataforma, inclusive com opções de acesso ao fundo de anúncios.
Pensando nisso, Ediney, com ajuda de dados divulgados pelo SEBRAE, separou algumas dicas pontuais para inspirar empresas a se adaptarem aos novos tempos - claro, com redes sociais profissionalizadas, anúncios no Google (pois todo mundo está em casa procurando pelos celulares, computadores e tablets da vida) e sites responsivos.

Dicas para se reinventar para os principais segmentos afetados

Pet shops e serviços veterinários

Caiu 55% desde o começo da pandemia. Mas vamos lá, tem saída! Aposte em parcerias com aplicativos de entrega, assim como manutenção de relacionamento com os clientes por meio das redes sociais é essencial. Agendamentos de banho e tosa online e comercialização por meio de plataformas digitais são maneiras de manter seu negócio ativo.

Eventos

O setor teve uma queda expressiva de 86%, com uma avalanche de formaturas e casamentos cancelados. Então uma opção interessante é transformar eventos presenciais em lives (transmissões online) ou fazer distribuição de conteúdo via serviços de streaming. Tem empresas que estão fazendo as serenatas com carro de som, levando balões e tudo mais, para a frente das casas das pessoas - gente que quer “comemorar” o aniversário dos pais ou avós que não podem sair de casa e, no máximo, ficam na janela. Pode ser uma boa ideia. Registrar esses momentos e divulgar como um novo serviço nas redes sociais pode resultar em novos negócios.

Artesanato

Outro setor que teve uma queda assombrosa, na casa dos 70%. É hora de repensar expectativas de vendas, evitando compras desnecessárias. Caso trabalhe com encomenda negocie pagamento à vista. Renegocie prazos e pagamentos com fornecedores para evitar prejuízos. Quem trabalha com sistema de entregas pode ampliar esse foco, e quem ainda não iniciou esse processo, pode implantar rapidamente com auxílio de aplicativos, redes sociais e parcerias especializadas.

Oficinas e peças automotivas

Com queda de 55% na procura por serviços (pois muita gente não está saindo de casa), o setor precisa olhar com carinho quem trabalha com delivery, cuja procura de peças de motocicletas aumentou. Fique atento a isso e também aumente a prática da entrega por delivery ou incentive o consumidor a encomendar e buscar no local.

Logística e transporte

O tombo foi de 63%, portanto vale inserir mais restaurantes e bares nas plataformas de venda e entrega. Os motoristas de aplicativos podem passar a fazer entregas para que não tenham que parar de rodar em tempos de quarentena. Lembre-se de que os pedidos onlines estão mais fortes do que nunca, portanto entre de cabeça com pedidos pontuais e pequenos negócios.

Beleza
Com queda de 69%, a beleza é um dos mais afetados. Por isso a melhor saída é intensificar o uso dos canais digitais: TikTok, Instagram, WhatsApp, Facebook, outras plataformas e aplicativos de venda estão bombando. Mantenha o contato com os clientes enviando. Use as redes sociais para dar dicas de beleza e oferecer produtos. Tem gente apostando muito em promoções para vender na modalidade delivery de cosméticos home care, elaborando kits de produtos que atendam às necessidades das clientes.

Construção Civil

Também caiu - na casa dos 58%. Nesse momento em que as pessoas estão em casa, pode ser uma oportunidade que eles observem a necessidade e queiram fazer pequenas reformas ou a troca do mobiliário. Mantenha a comunicação com o cliente para ser lembrado.Crie vídeos com dicas de bricolagem, pequenas reformas e coisas do gênero. Use a criatividade.

Serviços de Alimentação

Os restaurantes observaram uma queda de 67% e talvez seja o setor que melhor respondeu com a pandemia - se bem que antes, os bares e restaurantes já trabalhavam com entregas. O pulo do gato é usar as redes sociais para divulgação o cardápio e ressaltar os cuidados de higiene que estão sendo tomados pelo seu restaurante para evitar o contágio. Criar vouchers com desconto para clientes usarem quando os bares e restaurantes reabrirem é uma forma de fidelização.

Moda

Poucas pessoas circulando, mais gente em casa. É normal que as vendas de roupas despencassem e a queda foi de 80% no varejo de moda e 74% no segmento como um todo. A solução são serviços complementares, como entrega delivery. Ter uma rede social atualizada e ativa, lotada de conteúdo, é fundamental para manter o relacionamento com os clientes e divulgar novos produtos e serviços. Para as confecções, tente renegociar com fornecedores e cliente e buscar construir contratos futuros de produção. Já pensou em fabricar máscaras diferentes? Elas estão em alta e passaram a ser uma “tendência”. Outra dica é criar roupas e acessórios de proteção para os profissionais de saúde. Mas lembre-se que esse tipo de produto tem normas específicas de produção e de tipo de tecido.

Comércio em geral

Dependendo do negócio, a queda está variando entre 42% e 63% sendo que os mercados (-16%) têm a menor queda do segmento. Já passou da hora de adaptar o seu negócio para entrega direta ou utilizando serviço de delivery. Mesmo que você precise fechar sua loja física, deve manter contato com os clientes pelos canais digitais, oferecer serviços e manter a comunicação.









Reforma tributária é uma das soluções ambientais para o Brasil pós-pandemia


Especialista da propõe discussão do princípio poluidor pagador, já aplicado em países desenvolvidos para ampliar a tributação de empresas mais poluentes


A retomada econômica pós-pandemia exigirá que se aprofundem as discussões de reformas estruturais no país, em particular a tributária. Rediscutir o sistema e avançar nas soluções é fundamental para dar segurança para todos os segmentos da sociedade. No caso da preservação do meio ambiente, um debate importante, de acordo com especialistas, é o princípio do poluidor pagador.

“Ainda não incorporamos esse princípio no Brasil, que já está sendo praxe nos países mais desenvolvidos, onde se tributa mais pesadamente empresas que mais poluem”, explica o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Carlos Eduardo Young. “É fundamental que tenhamos, neste momento de crise, a disposição de rediscutir o sistema, e isso passa pela questão tributária”, ressalta.

Em 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) do mundo foi estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em torno de US$ 87 trilhões, o equivalente a cerca de R$ 468 trilhões. A retração econômica global como consequência da pandemia do novo coronavírus deve oscilar entre -3% (FMI) e -9% (OMC - Organização Mundial do Comércio). Isso seria equivalente a uma perda entre R$ 14 e R$ 41 trilhões. É como se, de repente, desaparecesse de dois a seis anos de toda atividade econômica.

Por isso, os especialistas consideram importante evitar que os países caiam na tentação de, sob a justificativa de reativar a economia e gerar empregos, afrouxar legislações ambientais e dar incentivos a setores que causam danos à natureza – justamente a razão que permitiu o surgimento do coronavírus.

Young é professor titular do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da instituição. De acordo com ele, a ideia do poluidor pagador, mais do que incentivar atividades economicamente interessantes, socialmente inclusivas e ambientalmente adequadas, é reprimir as atividades negativas.

“Não adianta imaginar que apenas instrumentos monetários, concessão de crédito, injeção de dinheiro, vai resolver o problema. É preciso ter gasto, mas não qualquer gasto”, avalia.

Ele cita como exemplo o crédito rural, em que existem linhas específicas para ações sustentáveis, mas cujos incentivos são muitos semelhantes aos concedidos às atividades predatórias, que acabam fomentando o processo de desmatamento – a maior causa de emissão de gases do efeito estufa no Brasil.
“Não adianta mais vir com o discurso da fome. Ninguém vai resolver a fome no Brasil aumentando a produção agrícola. O País produz hoje 3,1 quilos de grãos por habitante. Se tem fome, é por má distribuição. Então, temos que mudar o foco de economia baseada em um modelo predatório, ainda do século 19, e levá-la para o século 21.”

Além de incorporar a sustentabilidade na reforma tributária, Young defende, na área de energia, os incentivos às fontes renováveis e à eficiência energética. “Até a América Latina reduziu a quantidade de energia embutida por unidade de valor produzido. No Brasil, é o contrário. Estamos cada vez mais especializados em      produtos intensivos de energia”.

O engenheiro florestal André Ferretti reforça que é preciso investir também em setores como energia, transporte e turismo. “Esse é um momento interessante para a implementação de políticas públicas que incentivem setores mais sustentáveis. No turismo, por exemplo, é possível estimular os destinos domésticos, em especial em ambientes naturais, com iniciativas estruturadas que conectem a preservação da natureza com atividades socioeconômicas que permitam geração de emprego e renda para as pequenas comunidades locais”, avalia Ferretti, que é gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.



Publicada lei que regula as relações jurídicas de direito privado durante a pandemia


No último dia 12 de junho foi publicada a Lei nº 14.010/2020, que dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia do coronavírus (Covid-19).

O objetivo da lei foi criar regras transitórias para suspender, até 30/10/2020, a aplicação de alguns dispositivos legais, sem abordar questões tributárias, administrativas ou de natureza falimentar e recuperacional.

Após sofrer diversas emendas e vetos, a lei federal passou a estabelecer que:
  1. Os prazos prescricionais e decadenciais estão impedidos ou suspensos;
  2. as assembleias gerais poderão ser realizadas por meio eletrônico, mesmo que não haja previsão nos atos constitutivos da pessoa jurídica;
  3. o consumidor não tem direito de arrependimento na hipótese de entrega domiciliar de produtos consumo imediato e de medicamentos;
  4. a contagem de tempo para usucapião fica suspensa;
  5. as assembleias condominiais e as respectivas votações poderão ocorrer por meios virtuais e, se houver impossibilidade, o mandato do síndico será prorrogado;
  6. fica suspensa a eficácia de dispositivos anticoncorrenciais que regulam a venda de mercadoria injustificadamente abaixo do preço de custo; a cessação das atividades da empresa sem justa causa comprovada; e a associação, consórcio ou joint venture de duas ou mais empresas como ato de concentração sujeito à análise do Cade;
  7. a prisão civil por dívida alimentícia deverá ser cumprida sob modalidade domiciliar; (x) o início do prazo de abertura de inventários, nas sucessões abertas a partir de 01/02/20, fica prorrogado; (xi) a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados é postergada para 01/08/21.
Alguns dispositivos foram vetados pela Presidência da República, dentre os quais:
  1. o artigo que previa a irretroatividade dos efeitos jurídicos das consequências decorrentes da pandemia do coronavírus nas execuções dos contratos, para fins de caso fortuito e força maior;
  2. dispositivo que pretendia classificar como previsíveis, para os fins exclusivos dos arts. 317, 478, 479 e 480 do Código Civil, o aumento da inflação, a variação cambial, a desvalorização ou a substituição do padrão monetário;
  3. dispositivo que concedia poderes aos síndicos para restringir a utilização das áreas comuns, a realização de reuniões e festividades e o uso dos abrigos de veículos por terceiros;
  4. dispositivo que vedava a concessão de liminar nas ações de despejo;
  5. dispositivo que reduzia os repasses dos motoristas às empresas de serviços de aplicativos de transporte de individual e dos serviços e outorgas de taxi, bem como às empresas de serviços de entrega (delivery), em ao menos 15% (quinze por cento).
As mensagens de veto foram embasadas, em geral, na proteção do interesse público, na preservação da autonomia privada e da livre iniciativa, e no respeito ao princípio da interdependência e harmonia entre os poderes. Os vetos presidenciais ainda poderão ser rejeitados pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.

O marco inicial de incidência do RJET é o dia 20/03/2020, data da publicação do Decreto Legislativo nº 6. Presume-se que a partir daí as relações de Direito Privado sofreram efeitos decorrentes da pandemia. Para efeitos decorrentes de situações ocorridas antes da referida data, não há presunção, devendo ser aplicadas as normas e princípios gerais do Direito. Frise-se que a Lei nº 14.010/2020 não é retroativa, mas alcança os efeitos futuros de fatos a ela anteriores.

As matérias que não foram reguladas pela Lei nº 14.010/2020 permanecem sujeitas aos dispositivos legais e entendimentos jurisprudenciais já existentes.



Como profissionais da área da saúde podem aplicar o marketing no seu dia a dia



Especialmente na área da saúde, nos últimos tempos, podemos ver o crescimento do uso do marketing como uma maneira de aumentar a gama de clientes e melhorar e consequentemente, aumentar o desempenho nos negócios. Mas antes de chegar a essa etapa, é necessário entender como que essa ferramenta pode fazer com que as empresas tenham um público fiel e que possa ser também promover este local.

Muitos não sabem, mas há uma série de fatores que comprometem a visão de uma pessoa sobre determinado negócio, mas a tudo pode ser aplicado o marketing, visando melhorias para o próprio ambiente e também uma percepção mais positiva.

Confira algumas dicas que eu separei que irão te ajudar neste processo:

 Preço é diferente de valor - As pessoas costumam achar os produtos das clínicas são caros. Para isso, eu faço um comparativo entre preço e valor. Primeiro, pensamos no conceito geral e amplo de marketing e depois disso associamos marketing a resultados financeiros. Quando falo de resultado financeiro os profissionais respondem que os consumidores acham os produtos como consultas, tratamentos odontológicos, clareamentos, lasers, entre outras coisas, caros. É preciso entender que toda vez que alguém confundir algo com caro ou barato, usando esses termos, é provavelmente porque o valor desse produto não é visível para o cliente.


Como mostrar valor aos pacientes – A relação da percepção do cliente, quando ele acha um determinado produto, caro ou barato, é porque o valor não foi demonstrado. Mas como é possível mostrar valor aos pacientes? Primeiro, é fundamental entender quais são as principais necessidades, ou seja, o que ele precisa, sendo que muitas vezes o problema a ser resolvido não está diretamente relacionado a uma determinada especialidade. Às vezes, ele precisa de um estacionamento, para que ele consiga parar o carro com mais facilidade, ou perceber que o ambiente é um local organizado, com uma equipe bem treinada, engajada e envolvida ou até mesmo analisar o marketing digital e para identificar se aquela linguagem  é coerente com o que é apresentado na clínica.


Entenda o seu cliente – Além dessas questões, é importante focar também na qualificação técnica. Mas infelizmente, a percepção dos clientes para esse fator é muito inferior em relação a do dono do negócio, que conhece o mercado e os produtos. Se o cliente valoriza a água gelada, o estacionamento, o pós-venda, o atendimento excepcional da equipe, a cordialidade, a postura, é preciso entendê-lo e oferecer o que ele quer.


Tenha um investimento consistente – É importante lembrar que esse investimento deve se estabelecer no lugar certo, que é onde o público que deseja alcançar está. E, além disso, é essencial crer no marketing boca a boca, quando os clientes passam a indicação do negócio baseados nas suas visões. É assim que uma informação se torna viral. A partir desse movimento, o marketing é ainda mais efetivo.






Dr. Éber Feltrim - Especialista em gestão de negócios para a área da saúde começou a sua carreira em Assis. Após alguns anos, notou a abertura de um nicho em que as pessoas eram pouco conscientes a respeito, a consultoria de negócios e o marketing para a área da saúde. Com o interesse no assunto, abdicou do trabalho de dentista, sua formação inicial, e fundou a SIS Consultoria, especializada em desenvolvimento e gestão de clínicas. Para saber mais sobre o trabalho do especialista, acesse @eberfeltrim no instagram.



SIS Consultoria
instagram @sis.consultoria

Varejo Inteligente: Como “Brick & Mortar” virou “Brick & Mobile”?


Saiba como a tecnologia, a digitalização e a estratégia correta podem ajudar o varejo a superar a crise imposta pela Covid-19


A tecnologia tem sido o principal impulsionador de negócios e da economia nos últimos anos e será cada vez mais. Em 2010, das cinco maiores empresas nos EUA, três eram tradicionais e duas de tecnologia. Em 2019, as cinco maiores são de tecnologia. Na China, três em cada cinco são de tecnologia, sendo que em 2010 não havia nenhuma do setor entre as dez maiores.

Tecnologia é fundamental, mas não resolve sozinha se não houver uma estratégia contínua, que mostre o caminho das melhores oportunidades para agregar valor. Não podemos deixar de fora um passo crucial: a execução. Extrair os melhores resultados da tecnologia, com a execução e implementação de uma estratégia escolhida, é o verdadeiro desafio da maioria das empresas. Assim, a tríade tecnologia, estratégia e execução devem andar juntas. Caso contrário, são apenas sonhos.

Então, como “brick & mortar” virou “brick & mobile”? Como era inevitável, a tecnologia achou seu lugar ao sol. À medida que nos tornamos cada vez mais dependentes e conectados aos nossos telefones celulares, queremos que eles façam tudo.

Aqui é onde as coisas se complicam um pouco. Como obter o "toque humano" na experiência digital? Como dar o salto para transformar a experiência digital, a experiência do cliente na “jornada do consumidor” em um ecossistema digital?

Às vezes é óbvio fazer uma compra com apenas um clique para realizar o pagamento pelo smartphone. Outras vezes é mais complicado porque requer o acúmulo de muitas informações do cliente, da empresa, do canal, dos processos envolvidos e dos produtos e marcas. Para tornar a “jornada do consumidor” uma experiência agradável, muita tecnologia entra em campo. Primeiro capturar as informações do ambiente e dos produtos/marcas com sensores como RFID, BLE, NFC, por exemplo. Depois os dados do cliente, por meio de vários sistemas que integram experiências anteriores de compras e que, na sequência, usam muitas análises de dados e inteligência artificial para entender tudo isso. A tarefa não é fácil, pois muitas tecnologias, processos e informações devem ser integrados para fazerem sentido, serem confiáveis
​​e agregarem valor ao cliente e aos varejistas.

Muitos varejistas ficam na d
úvida sobre quais tecnologias adotar, afinal elas não são o negócio principal para eles. Se eu tenho uma loja de calçados, vende-los não é o meu negócio? Não deveria ser assim?

É uma pergunta justa. Boas soluções tecnológicas não são baratas e seguir o caminho errado pode sair bem caro e trazer poucos resultados. Um bom caminho é estudar o que existe no mercado, entender bem as propostas de valor e, após escolher sua estratégia digital, implementar em etapas.

O “bom é inimigo do ótimo”: é melhor fazer algo, mesmo que não seja perfeito, do que nada. Comece com um Produto Mínimo Viável (MVP), um piloto. Comece pequeno, teste e corrija, ao longo do caminho, o que não for bom o suficiente. Lembre-se de definir métricas e um cronograma para poder seguir em frente e colher os benefícios de uma implementação em grande escala, assim que estiver confiante. Caso contrário, pilotar é uma perda de tempo e dinheiro.



Mas como fazer tudo isso em tempos de Covid-19?

O CEO de uma grande fabricante/varejista me disse recentemente: “A pandemia não é uma lançadora de eventos, é uma ACELERADORA DE AGENDA”. Mais motivos para avançar.

E quais são os desafios do varejo inteligente ou “smart retail”?

Consultores e especialistas em varejo têm falado muito sobre o omnichannel como “O” caminho a seguir, especialmente para varejistas com muitas lojas físicas (brick & mortar), como estratégia de defesa contra as “Amazons” do mundo digital.  Ou seja, aproveite os dois mundos, físico e virtual, para obter vantagem competitiva sobre os players puros de internet. Eu concordo em parte.



Anywhere-Anyone

“Comércio em qualquer lugar - qualquer pessoa” é mais aderente a um futuro em que o consumidor é novamente o rei e o centro. Nessa linha, a jornada do consumidor deve ser também uma jornada confortável. Cada vez mais, os varejistas serão incentivados a adicionar serviços e não apenas vender um produto. Assim, o foco tende a mudar de Produtos e Marcas para Experiência e Canais.

As lojas físicas sempre podem ajudar com a User Experience (UX), usando lojas conceito, mas os varejistas devem se preocupar não apenas com marketing. Eles devem aproveitar a oportunidade de coletar o maior volume de informações, em tempo real, para antecipar as necessidades do cliente. Novamente são as ferramentas de “analytics” trabalhando em conjunto com sensores de IoT, como RFID, para desempenhar papéis importantes.

Outro desafio é a logística. O coronavírus fez uma longa lista de varejistas sofrer com rupturas de estoque. Uma resposta pode ser um inventário maior, com custos de capital associados, ou uma cadeia de suprimentos mais longa, porém mais inteligente, o que significaria considerar uma integração mais vertical. Cadeias de suprimentos mais longas e integração vertical devem aumentar a necessidade de cadeias de suprimentos inteligentes. Isso significa visibilidade em toda a cadeia.

Alguns fabricantes de vestuário, por exemplo, perceberam que lidar diretamente com os clientes finais é mais lucrativo, já que não dependem de um intermediário (varejista). Mais fabricantes se integrarão verticalmente e lançarão suas próprias lojas e marketplaces. Esse movimento deve aumentar os riscos e, também, os custos, mas os retornos tendem a ser maiores. A tecnologia, por meio da automação e melhoria de processos, deve desempenhar um papel importante para reduzir custos, aumentar o controle e otimizar o desempenho da cadeia de suprimentos. Tecnologias-chave como RFID, IA, Analytics devem ser cada vez mais adotadas, pois o foco deve estar na integração da cadeia de suprimentos e não tratar lojas físicas separadas das on-line, com processos e inventários separados. Sistemas e processos devem ser integrados para otimizar recursos e reduzir custos.



Lógica reversa

Com a expansão do comércio eletrônico, as plataformas de e-commerce e as compras diretas on-line reforçam sua posição dominante adquirida em tempos de distanciamento social. Como consequência, perdemos aquela oportunidade de tocar e sentir os produtos nas mãos.  Uma desvantagem disso é que o varejo de moda, principalmente, pode começar a ter uma taxa de retorno muito mais alta do que nas lojas físicas, especialmente no setor de calçados. A cadeia de suprimentos deve se preparar para esse aumento nas devoluções com otimização/automação de processos e logística reversa aprimorada. Feito com cuidado e respeitando o seu cliente, a experiência (UX) não deveria sofrer. As pessoas podem continuar ter uma ótima experiência de compra, mesmo que precisem devolver um item, desde que estejam bem informadas sobre o processo, que as previsões de entrega não são muito longas e que o retorno do dinheiro está disponível, se desejado.

Em 2020, a Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê uma queda de 10 a 32% no comércio mundial. O PIB deverá encolher em torno de 3 a 5%. Para os EUA: -4%, Brasil: -5%, UE: -7%., China; + 1%. No curto / médio prazo, a Covid-19 sinaliza tempos difíceis à frente; por isso, o foco no fluxo de caixa deve ser prioridade não apenas para o varejo, mas para todas as empresas.

Como sempre “cash is king”, este ano mais do que nunca. No final das contas, os varejistas precisam ter lucro ou não sobrevivem. Por mais interessantes que sejam as novidades tecnológicas do “balcão para a frente”, fornecendo muitas informações, como reconhecimento de padrões do cliente e análises comportamentais para antecipar tendências e manter o cliente interessado, os processos e atividades “atrás do balcão” serão ainda mais cruciais para manter as margens, especialmente em mercados de vendas retraídas.

Nesse sentido, a prioridade será investir em tecnologias de melhoria de desempenho operacional, que garantam visibilidade com redução de custos, mais produtividade, velocidade, precisão e menos trabalho manual.

A cadeia de suprimentos deverá ser ajustada e inteligente para que se tenha visibilidade de toda cadeia de suprimentos. Isso fará toda a diferença e resultará em vantagem competitiva. O Walmart demonstrou, por muito tempo, a importância de operações eficientes. Aliás, nesses tempos de crise, a estratégia de integração on e offline da Walmart tem se provado correta, com suas ações subindo, mesmo no meio da pandemia.

A boa notícia é que as novas tecnologias estão cada vez mais acessíveis. Até pequenos varejistas podem implantar boas soluções como análises de dados com BI e analytics; visibilidade, acurácia, controle com RFID, automação e produtividade com IA.

Neste momento, a dica é se concentrar no aumento da produtividade, melhor performance operacional, fazendo mais com menos. Operações otimizadas e cadeias de suprimentos inteligentes estão entre as estratégias vencedoras para os próximos dois anos.





George Millard - engenheiro mecânico formado pela FEI e MSc pela London Business School – Sloan Programme. Iniciou a carreira como engenheiro e executivo de empresas aeronáuticas e de tecnologia. Após a LBS, passou mais de 10 anos liderando projetos de consultoria estratégica com firmas de consultoria de primeira linha. Depois decidiu aproveitar essas experiências como empreendedor em algumas startups. Hoje é CEO da Mozaiko, uma startup de tecnologia do portfólio da Stefanini Ventures. A Mozaiko Stefanini é uma empresa que desenvolve tecnologias Analytics e IoT/RFID. As soluções integram dados em tempo real e usam inteligência artificial para simplificar processos de varejo e logística, como controle de estoque, otimização e visibilidade da cadeia de suprimentos, gerando mais eficiência, reduzindo custos e melhorando a performance operacional de varejistas, operadores logísticos e indústria.



A hora é a vez da comunicação ética e com propósito



O coronavírus criou um novo cenário de comunicação para as empresas e marcas, alterando a relação das organizações com o público. A pandemia impôs novos desafios e uma situação inesperada de saúde, com desdobramentos sociais, econômicos e políticos.  As empresas tradicionais que não investiram em inovação e tecnologia em seus processos precisaram se adaptar rapidamente à nova realidade para não sucumbir à crise, criando alternativas de trabalho como a adoção de home office e mais canais de vendas como drive-thru e delivery. 

O consumo consciente, pautado em causas claras e de marcas que baseiam seus negócios em propósitos éticos e ecológicos, também ganhou notoriedade, aumentando a popularidade de temas já em alta como vegetarianismo, veganismo, moda sustentável de roupas garimpadas em brechós, estimulando novos hábitos como o apoio a pequenos produtores e estabelecimentos. A busca pelo essencial, resultado das demandas da pandemia, reforça a importância do papel social das empresas na sociedade, em prol de uma causa maior que não seja apenas o lucro.  

Segundo o estudo da American Association of Advertising Agencies, realizado em março, 56% dos consumidores se interessam em saber como as marcas estão ajudando pacientes, comunidades e instituições carentes. Para 43% dos consumidores é reconfortante obter informações sobre a COVID19 das marcas que conhecem e confiam, evidenciando que as organizações podem se posicionar em um momento delicado como esse da pandemia, prestando uma comunicação de utilidade pública e com ações de assistência à sociedade. 

A crise do coronavírus está agravando mais as desigualdades sociais, mostrando que é preciso agir e comunicar, com propósito e transparência. Agora, mais do que nunca, é preciso se solidarizar, criando ações que beneficiem a todos e não somente uma parcela da população. Empresas que investiram em realizar ações visando colaborar com o combate à pandemia ganharam em relevância e reputação. Marcas como uma cervejaria, que produziu cerca de 1 milhão de unidades de álcool em gel para doação à rede pública de saúde, e uma empresas de cosméticos, que doou quase 3 milhões de sabonetes em barra e líquido para comunidades carentes no Brasil, se tornaram exemplos de marcas empáticas, comunicando atributos de comprometimento e generosidade.

 A cervejaria se sobressaiu ao aproveitar a tecnologia de sua produção para prestar um serviço social fora do segmento de bebidas. Com isso aumentou visibilidade da marca junto ao público, ao destacar a campanha “Juntos à Distância” que comunicou as iniciativas de combate ao COVID-19.  O conteúdo da ação foi disponibilizado em todos os canais da empresa, desde o site até a assessoria de imprensa, adequando a linguagem de acordo com as particularidades de cada meio e público. 

Com uma divulgação alinhada, priorizou o conteúdo da campanha na homepage do portal institucional. Nas redes sociais criou a hashtag #AlémDosRótulos, que acompanhou todos os posts do Instagram, mostrando todas as etapas da ação desde o anúncio até a entrega do álcool em gel. O sucesso da campanha foi imediato, com repercussão nos principais veículos de imprensa do país. No Instagram, alcançou visibilidade no post de anúncio com 736 mil curtidas e um engajamento alto de 39 mil comentários. 

A pandemia também será lembrada por falhas de comunicação e uso irrefletido das redes sociais, que um bom serviço de assessoria de imprensa resolveria com a orientação adequada e media training. Como declarações de empresários brasileiros mais preocupados com os impactos econômicos causados pela quarentena do que com vidas; a capa de uma famosa revista de moda, abordando o novo normal imposto pela pandemia e usando como personagem uma celebridade sem contato com a realidade, “glamourizando”  o mundo pós-coronavírus; e a festa de uma influenciadora fitness com vários convidados, contrariando as recomendações de distanciamento social, para comemorar a recuperação do Covid-19 – por conta disso, diversas empresas que patrocinavam essa personalidade imediatamente cancelaram o contrato que mantinham com ela, mostrando a necessidade de uma reação imediata que demonstre os valores das empresas. Essas ações equivocadas repercutiram negativamente na imprensa e mídias sociais, mostrando que o serviço de assessoria de imprensa é essencial também fora do âmbito corporativo em atividades teoricamente informais com o público. A lição que ficará pós-pandemia é que o oportunismo não será mais tolerado e que as marcas e os influenciadores digitais precisam ter mais comprometimento com a sociedade, oferecendo não só produtos de qualidade e conteúdo de relevância, mas também atuando ativamente com ações de responsabilidade social, ecológica e econômica, comunicando de forma transparente e ética. 




             
Janaina Cezar - jornalista e consultora de comunicação da Alfapress Comunicações.



Esta não é mais uma história de um Refugiado



          No dia 20 de junho, é celebrado o Dia Mundial do Refugiado. A data é extremamente importante para refletir sobre o tema e homenagear todos os Refugiados. Desde 2001, ano em que o Estatuto dos Refugiados completou 50 anos, a Agência de Refugiados das Nações Unidas (ACNUR) passou a comemorar a data, realizando uma série de eventos, objetivando maior divulgação sobre a situação destas pessoas. Em 2020, o foco destes eventos é a questão dos Refugiados e a Covid-19, o novo coronavírus, que impôs uma pandemia em nosso planeta.

          Os Refugiados que se deslocam em razão de alteração do meio ambiente, são denominados de Refugiados Ambientais, todavia, somente a partir deste ano, estes também são homenageados nesta comemoração tão importante.

          Foi em 1985, que o professor Essam El-Hinnawi apresentou a primeira definição do termo Refugiados Ambientais, como sendo aqueles indivíduos forçados a sair de seus habitats, temporariamente ou permanentemente, por alguma alteração no cenário ambiental, de ação humana ou não que, de maneira necessária, comprometa ou afete gravemente a qualidade de vida do ser humano.

          Aproveitando a ocasião, é importante apresentar a história de Ioane Teitiota, natural de Kiribati. Este país é um arquipélago de 33 ilhas, localizado no Oceano Pacífico e um dos menores do mundo. Ioane relatou que, na ilha em que vive, está ocorrendo o aumento do nível do mar, ocasionando a diminuição do tamanho desta ilha, também tornando as águas, antes cristalinas, agora uma espécie de lama, na medida em que a areia se mistura com a água, dificultando a sua purificação para a ingestão pelos seres humanos, e também afastando os peixes da costa, prejudicando o consumo deste importante alimento pelos habitantes da ilha.

          Após suportar estas condições desfavoráveis, Ioane, em 2007, mudou-se para Nova Zelândia em busca de melhores condições, vivendo legalmente naquele país, até 2010, ano em que seu visto expirou. Apesar disto, ali permaneceu com sua família (mulher e três filhos) sem maiores problemas, até 2013, quando foi identificado pelo governo como um imigrante ilegal, o que levaria à sua repatriação.

          Para evitar isto, Ioane ingressou na Justiça da Nova Zelândia com um pedido de asilo, buscando ser considerado um Refugiado. Porém, pelo fato do Estatuto dos Refugiados contemplar somente aqueles que se deslocam territorialmente, por motivo de guerra, perseguição ou violência de ação humana (não englobando o deslocamento decorrente de alterações ambientais), seu pedido de asilo foi negado em todas as instâncias judiciárias daquele país.

          Diante destas decisões, em 2015, Ioane foi separado de sua família e expulso da Nova Zelândia, devolvido a Kiribati. Ele não foi considerado um Refugiado por conta do motivo de seu deslocamento, que teve origem em uma alteração ambiental. Caso tivesse sido considerado um Refugiado, Ioane também poderia ter recorrido à Organização das Nações Unidas (ONU), insistindo em seu pedido de asilo.

          Apesar da ONU não ter sido provocada para decidir sobre esta questão, este episódio chamou a atenção dos organismos internacionais, inclusive porque Kiribati irá desaparecer, submergindo, num prazo máximo de 15 anos, fazendo com que a ONU estudasse estes fatos e reconhecesse, em 2020, Ioane Teitiota como um Refugiado, qualificando-o como sendo um Refugiado Climático, o primeiro Refugiado Climático do mundo.

          Em decorrência desta decisão a ONU também estabeleceu que os Refugiados Climáticos não podem ser repatriados, abrindo a eles a possibilidade da obtenção do asilo. Nesta esteira, a comunidade internacional deverá se preparar para novos casos de Refugiados Ambientais, que certamente se multiplicarão.

          Por todas estas razões, é que, com propriedade, a partir deste ano de 2020, passam a ser incluídos os Refugiados Ambientais nas comemorações do Dia Mundial do Refugiado. Principalmente para que a humanidade possa identificar e reconhecer este grave problema, amparando os Refugiados Ambientais e conferindo-lhes os mesmos direitos assegurados aos demais Refugiados pelo Estatuto dos Refugiados de 1951.

          Por fim, como se observa, esta não é mais uma história de um Refugiado, mas é a história de Ioane Teitiota, o primeiro Refugiado Climático, um divisor de águas na própria história da humanidade.
 




Luiz Eduardo Filizzola D’Urso - Acadêmico de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (UNIFMU), Membro do Rotaract Club Universidade Mackenzie e da MDIO Rotaract Brasil


Doença atinge territórios com maior precariedade urbana, mostra Pólis


Segundo levantamento realizado pelo Instituto Pólis, isolamento social não é realidade para trabalhadores informais, que são maioria em bairros com mais mortes;

Distritos em que há o maior número de mortes apresentam características sociais e estruturais semelhantes, sendo possível traçar um perfil das vítimas da pandemia na cidade – elas têm gênero, cor, CEP, renda e modelo de trabalho definidos;



O Instituto Pólis realizou um estudo a partir de bases de oito fontes oficiais (lista abaixo) para analisar como a pandemia de Covid-19 está atingindo as regiões e populações da capital paulista. A análise identificou que os distritos em que há o maior número de mortes apresentam características sociais e estruturais semelhantes, sendo possível traçar um perfil das vítimas da pandemia na cidade – elas têm gênero, cor, CEP, renda e modelo de trabalho definidos.

O estudo foi realizado entre 21 de março e 27 de maio, a partir de dados das secretarias de saúde municipal e estadual de São Paulo, assim como índices socioeconômicos do IBGE, Metrô, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), Datasus, Rede Nossa SP e Mapa Digital da Cidade de São Paulo (GeoSampa). O intuito da análise, realizada por uma equipe multiprofissional, é entender quais fatores contribuem para o avanço da doença e como as desigualdades de infraestrutura e de condições socioeconômicas do município deixam algumas regiões mais vulneráveis do que outras.


Mulheres responsáveis pela casa estão mais expostas ao novo coronavírus

Pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) mostra que quatro (39%) em cada dez lares da região metropolitana de São Paulo são comandados por mulheres. Em 46% destas residências elas sustentam filhos e/ou netos, sem a presença de um cônjuge. Segundo o levantamento do Instituto Pólis, considerando a renda de até 1 salário mínimo a capital paulista tem, em média, 12% dos lares mantidos somente por mulheres.
Considerando esse cenário, o cruzamento de dados do Pólis aponta que mulheres de baixa renda e que são responsáveis pelo sustento da família habitam territórios mais vulneráveis ao coronavírus em São Paulo. O estudo mostra que as áreas da cidade com maior número de mortes coincidem com as regiões em que a concentração de famílias de baixa renda chefiadas por mulheres supera a média municipal. Entre os agravantes, está o fato de que a crise econômica tornou o isolamento social quase impossível para essa parcela da população que, em grande parte, atua na informalidade ou trabalha em áreas externas e/ou sem endereço fixo, sem a possibilidade de trabalhar em casa. O fechamento de escolas e creches também agravou a situação dessas mulheres, sobrecarregando suas rotinas nos cuidados com filhos e/ou netos.

Vidas negras são mais vulneráveis

As vítimas do novo coronavírus em São Paulo também estão sendo definidas pela cor da pele. Dados do boletim epidemiológico da Prefeitura de São Paulo, divulgado no final de abril, apontavam ainda que o risco de morte dessa parcela da população era 62% maior em relação ao de pessoas brancas. A análise realizada pelo Instituto Pólis corrobora o boletim municipal, mostrando que a maioria dos óbitos em razão da Covid-19 foi registrada em territórios com maior concentração de população negra.

No levantamento do Pólis, os distritos de Brasilândia e Cachoeirinha por exemplo, que contam com mais de 35% de residentes negros, despontam entre os distritos com mais mortes registradas. Além desses, os bairros Sapopemba, Capão Redondo, Jardim São Luís, Itaquera, Jardim Ângela e Cidade Tiradentes também apresentam cenário semelhante. Outros pontos em comum das localidades é que elas são afastadas das áreas mais consolidadas, ficando longe da maior parte da oferta de leitos hospitalares da capital, sendo eles de administração pública ou privada. Capão Redondo, por exemplo, não conta com nenhum leito de UTI em seu território. 

“Em análise, o instituto mostra que os fatores que ligam a pele negra com o risco de morte por Covid-19 em São Paulo não são biológicos, mas sim ligados à precariedade de infraestrutura à qual negros são submetidos historicamente. Pretos são grande parte da população de baixa renda, residentes de favelas, trabalhadores informais e que dependem exclusivamente do SUS para acesso à saúde”, comenta Danielle Klintowitz, coordenadora do Instituto Pólis.

Outro agravante é o acesso ao saneamento básico – as regiões em que a população preta é mais presente apresenta taxa de domicílios ligados à rede de esgoto municipal abaixo da média da cidade (89%). Alguns chegam a apenas 13%. A taxa de casas com água nesses locais também é menor do que a média de São Paulo (98%). Além disso, mesmo em territórios que contam com abastecimento, a água não é distribuída de maneira constante. “Por conta do controle de pressão realizado pela concessionária responsável, muitas residências em áreas não consolidadas experienciam intermitência no recebimento de água, ficando até 3 dias sem abastecimento, tornando o cumprimento de protocolos de higiene preconizados pela OMS uma tarefa quase impossível”, acrescenta Danielle.


Regiões mais atingidas

Observa-se que as regiões com maior situação de precariedade urbana são as mais castigadas pela doença. Afastados do centro da cidade, os bairros de Brasilândia, Sapopemba, Grajaú, Capão Redondo e Jardim São Luis são os mais afetados pelo novo coronavírus em números de óbitos absolutos. Pela análise, estes distritos apresentam equivalência nas taxas de residentes que são trabalhadores informais, negros, de baixa renda, com acesso limitado à equipamentos de saúde de média e alta complexidade, taxas de saneamento básico abaixo da média municipal, entre outros fatores de vulnerabilidade. 

Em relação às taxas de óbitos a cada 100 mil habitantes, o mapa da doença se afasta das extremidades e se concentra na região central de São Paulo: Pari, Brás, Barra Funda, Limão e Belém. “Por haver mais pessoas morando nas regiões periféricas, o maior número de mortes absoluto pode fazer com que se pense que apenas a periferia está vulnerável, mas há de se analisar o contágio em territórios precários mais centrais para que a situação não fuja do controle”, comenta Danielle Klintowitz, do Instituto Pólis.


Trabalhadores informais não têm direito ao isolamento social

Na capital paulista o distanciamento social nunca chegou à marca de 70%, considerada ideal por autoridades da saúde, ficando sempre na casa dos 50%. Segundo análise do Pólis, a natureza do trabalho dos moradores da capital paulista pode ser um dos principais fatores para esse cenário. O Instituto levantou dados sobre os locais de residência e atuação dos trabalhadores informais, que incluem autônomos, trabalhadores sem carteira assinada, trabalhadores de negócios familiares e trabalhadores de negócios familiares sem remuneração. As regiões que apresentam mais precariedade em questões socioeconômicas, como baixa renda média e altas taxas de densidade demográfica e domiciliar, também aparecem como locais em que o trabalho informal é o mais recorrente entre os moradores.

O distrito de Grajaú, por exemplo, conta com cerca de 70% de trabalhadores informais entre os seus residentes. O bairro também é um dos que mais registraram mortes em razão do novo coronavírus na cidade. Entre os moradores, o local também abriga entre 25% e 37% de trabalhadores que não possuem local fixo de trabalho e até 48% de pessoas que trabalham em ambientes externos, ou seja, precisam sair de casa para exercer a atividade profissional e, portanto, não têm a possibilidade de adotar o modelo home office. O cenário se repete em Pari, que detém a maior taxa de óbitos por 100 mil habitantes e tem 70% de sua população formada por trabalhadores autônomos.

Outro dado aponta o centro e a zona sul do município como as áreas em que grande parte dos trabalhadores informais atuam. Dessa forma, muitos realizam grandes deslocamentos diários pela cidade, principalmente porque é nas regiões mais centrais de São Paulo que estão concentradas as linhas de metrô. Vale ressaltar que por conta da flexibilização da quarentena na capital e região metropolitana, haverá aumento de circulação de pessoas nessas áreas o que contribuirá para altas nas taxas de contágio e óbitos, principalmente nos distritos mencionados.


Atenção básica à saúde tem papel essencial no controle da pandemia

O acesso aos recursos de saúde pela população varia de acordo com o bairro em que se mora, conforme mostra levantamento do Pólis, o que evidencia a falta de políticas públicas municipais que considerem especificidades de cada bairro. A capital conta 468 Unidades Básicas de Saúde (UBS), o que coloca uma média de 0,40 unidade para cada 10 mil habitantes. A maior concentração está justamente nas regiões em que há poucos leitos de hospitais, que são os bairros mais afastados do centro. Há locais em que não há nenhuma disponibilidade de leitos hospitalares, como ocorrem em Capão Redondo e Cidade Ademar.

Já nas regiões centrais o cenário se inverte, com alguns distritos superando a marca preconizada pela Organização Mundial da Saúde de disponibilizar de 10 a 30 vagas para cada 100 mil habitantes. Essa distribuição, em que a disposição de UBS é praticamente um negativo da disposição de leitos hospitalares, chama a atenção para o papel que a atenção básica desempenha no combate ao novo coronavírus.

O atendimento nas UBS pode contribuir para a prevenção da Covid-19 e detecção dos primeiros sintomas, bem como o tratamento dos casos mais brandos da doença. “Esta estratégia está sendo pouco utilizada pela gestão pública, que tem apostado fortemente no reforço dos leitos hospitalares, mas relegado o atendimento básico que poderia evitar que muitos casos chegassem aos hospitais e UTIs”, analisa Danielle.

Vale destacar ainda a atuação dos agentes de saúde na atenção primária. Esses profissionais estão mais próximos da população e conhecem de perto as especificidades de cada bairro pois acompanham os históricos médicos dos pacientes e conseguem identificar os grupos de risco, seja pela idade ou por comorbidades.


Entre os distritos com menor concentração de leitos hospitalares – públicos e privados – por 100 mil habitantes estão muitos dos quais registraram grande número de óbitos por Covid-19. São eles: Brasilândia (10.19 leitos), Sapopemba (81.54), Cachoeirinha (206.94), São Mateus (116.67), Freguesia (115.232), Jardim São Luís (87.73), Tiradentes (84.63), Jardim Ângela (63.64), Cidade Ademar (0) e Capão Redondo (0).

Enquanto isso, bairros que não registraram grande número de mortes concentram altos índices de leitos hospitalares por 100 mil habitantes. São exemplos: Bela Vista (3761.88 leitos), Jardim Paulista (2923.60 leitos), Consolação (2843.20 leitos), Santana (2184.20 leitos), Vila Mariana (1978.79 leitos), Mooca (1624.32 leitos) e Morumbi (1529.06 leitos).

Os gráficos com os dados analisados pelo Instituto Pólis podem ser consultados em www.agenciagalo.com/polis

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