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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Adesão ao tratamento: a principal proteção para evitar a cegueira nos pacientes com doenças de retina no Brasil

- Pesquisa inédita conduzida pelo IPEC mostra que maior intervalo na administração de medicamentos pode contribuir para a continuidade de um tratamento

- Dia Mundial da Visão é nesta quinta-feira (10 de outubro)

 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que regimes de tratamento mais simples e com menos frequências de administração podem aumentar significativamente a adesão dos pacientes¹. Uma pesquisa realizada pelo Ipec, a pedido da farmacêutica multinacional alemã Bayer, reforça esse dado. A pesquisa investigou a percepção da população brasileira sobre doenças da retina, diabetes e outras doenças crônicas, e entendeu a visão médica sobre o tratamento de doenças oftalmológicas. Os dados revelam que 75% dos oftalmologistas acreditam que um maior intervalo entre as doses de medicação incentivaria significativamente os pacientes a aderirem ou continuarem o tratamento de doenças da retina. Entre a população, mais de 40% dos entrevistados sentiram-se incentivados a aderir ou continuar algum tratamento médico com maior intervalo entre as aplicações, com esse número subindo para 50% entre os diabéticos.
 

Globalmente, pelo menos 2,2 bilhões de pessoas têm uma deficiência visual ou cegueira, das quais pelo menos 1 bilhão poderia ter sido evitada ou ainda não foi tratada corretamente, segundo dados do Relatório Mundial sobre Visão da OMS². Entre este número, as principais doenças que causam deficiência visual ou cegueira estão a Degeneração Macular Relacionada a Idade, a DMRI, (8 milhões) e a Retinopatia Diabética (3,9 milhões). A progressão da Retinopatia Diabética pode ocasionar o Edema Macular Diabético (EMD), que atinge 7,5% a 11%, sendo a principal causa de perda de visão nesses pacientes. A combinação de uma população crescente, uma das razões pelo aumento do EMD, e envelhecida, uma das razões para o aumento de DMRI, pode aumentar significativamente o número total de pessoas com condições oculares e deficiência visual.
 

“O tratamento e acompanhamento correto é muito importante para manter a qualidade de vida ao prevenir a progressão da doença e evitar a perda da visão. Infelizmente, na prática clínica vemos que existem diversos fatores que podem comprometer a aderência do paciente ao tratamento, a duração do tratamento com doses frequentes em ambas as doenças consideradas crônicas, consequentemente, a frequência que precisam se deslocar para receber a medicação e exames de acompanhamento da visão, que precisam ser feitas em clínicas ou hospitais; e a melhora já no início do tratamento, que pode criar a falsa percepção no paciente de que não há necessidade de dar continuidade. E o mais controverso, na minha opinião, é que alguns deles não fazem o tratamento por medo de perderem a visão, sendo que é exatamente o contrário, já que ao não se tratar da forma adequada, esse é um risco que pode chegar a 100% em alguns casos.” Dra. Tereza Kanadani, oftalmologista especialista em Retina.
 

Atualmente o tratamento padrão ouro para EMD e DMRI é o anti-VEGF, mas o aflibercepte 2 mg também serve para alguns perfis de pacientes. Além disso, o aflibercepte 2 mg já está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), e, segundo sua bula, tem uma frequência de aplicação média de 8 semanas, podendo estender o tratamento em intervalos de aplicação de até 16 semanas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar no Brasil a versão 8 mg do medicamento, que entre outros benefícios, prolonga o intervalo entre as aplicações, que pode chegar a 20 semanas, com segurança e eficácia semelhante ao do aflibercepte 2mg, proporcionando um controle rápido e sustentado da doença. “O aflibercepte 8mg está sendo comercializado desde agosto deste ano e seu uso já é coberto pelos planos de saúde. Para que todos os pacientes brasileiros possam ter acesso à essa inovação, já estamos trabalhando nos trâmites burocráticos junto ao Ministério da Saúde para que ele possa ser incorporado o mais breve possível ao SUS”, diz Tiago Dias, diretor da área terapêutica de Especialidades da Bayer.
 

Para 65% dos oftalmologistas, os pacientes com doenças da retina abandonam o tratamento recomendado quando observam uma melhora. “Esse é um dado preocupante e que precisa ser discutido, pois a mesma pesquisa mostrou que 97% dos oftalmologistas percebem que os pacientes dão importância ao tratamento, então podemos concluir que já há uma consciência sobre a relevância de tratar, mas ainda há necessidade de reforçar a conscientização sobre a importância manter o tratamento prescrito pelo médico”, reforça Dra. Tereza.


Pacientes podem reconhecer a importância do tratamento, mas têm dificuldade em manter o tratamento prescrito pelo médico 
 

A pesquisa também mostra que a conscientização sobre doenças de retina é crucial para garantir diagnósticos precoces e tratamentos mais eficazes. Os dados revelam que 67% dos pacientes entrevistados nunca ouviram falar sobre a DMRI e 8% consideram a idade avançada como a principal causa de cegueira.
 

Embora 60% reconheçam que o diabetes descontrolado é o principal causador de cegueira, 78% nunca ouviram falar sobre a retinopatia diabética, que causa o EMD. Entre os respondentes com diabetes, que consequentemente têm maior risco de ter a retinopatia, o número chama ainda mais atenção, já que quase metade dos respondentes (46%) nunca ouviram falar sobre a condição. “A falta de conhecimento do paciente, e muitas vezes a minimização dos sintomas iniciais, como um leve desconforto ocular, pode levar a diagnósticos tardios, aumentando a frequência das intervenções necessárias e as chances de perda de visão. Então é importante um trabalho conjunto entre pacientes, cuidadores e médicos para evitar que isso aconteça”, diz Dra. Tereza Kanadani.



Sobre a pesquisa 

Realizada pelo instituto de pesquisa Ipec, a pesquisa ouviu 2.000 pessoas com uma amostra representativa da população internauta para levantar a incidência de diabéticos em cada país. Em um segundo momento, foram feitas entrevistas buscando pacientes diabéticos para alcançar a amostra de 300 pessoas com a doença; homens e mulheres, com faixa etária a partir dos 16 anos de todas as classes sociais. Para amostra total, a margem de erro é de 2 pontos percentuais com nível de confiança de 95% e para amostra de diabéticos, a margem de erro é de 6pp com nível de confiança de 95%. A data de campo da pesquisa no Brasil é abril de 2024.



Sobre o aflibercepte 8 mg e o VEGF 

Aflibercepte 8 mg (solução injetável de 114,3 mg/ml, de nome comercial Eylia 8mg) já foi aprovado em mais de 40 mercados para o tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e do edema macular diabético (EMD). Mais pedidos regulatórios para o aflibercepte 8 mg em outros mercados estão em andamento.
 

Aflibercepte é uma proteína de fusão recombinante que consiste de porções de domínios extracelulares dos receptores 1 e 2 do VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) humanos, ligados à porção Fc da imunoglobulina humana IgG1. O aflibercepte age como um receptor-isca solúvel que se liga ao VEGF-A (fator-A de crescimento endotelial vascular) e ao fator de crescimento placentário (PLGF) com uma afinidade maior que seus receptores naturais e, portanto, pode inibir a ligação e a ativação desses receptores de VEGF.4-6  

O VEGF-A e o PLGF são membros da família VEGF de fatores angiogênicos que podem agir como potentes fatores mitogênicos, quimiotáticos e de permeabilidade vascular para células endoteliais. O VEGF age através de dois receptores tirosina-quinases, VEGFR-1 e VEGFR-2, presentes na superfície das células endoteliais. O PLGF se liga apenas ao VEGFR-1, que está também presente na superfície dos leucócitos. A ativação excessiva de receptores específicos pelos VEGFs, principalmente o VEGF-A, resulta em neovascularização patológica (formação de novos vasos) e permeabilidade vascular excessiva (extravasamento de líquidos), além de aumento do processo inflamatório, por infiltração leucocitária através da ativação do receptor pelo PLGF. 4-6  

 

Sobre DMRI e EMD 

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença ocular que progride rapidamente e, se não tratada, pode levar à perda de visão em poucos meses. A DMRI é uma das principais causas de cegueira irreversível e deficiência visual em todo o mundo e pode afetar as pessoas à medida que envelhecem. Ela ocorre quando vasos sanguíneos anormais crescem e vazam fluido sob a mácula, a parte do olho responsável pela visão central nítida e pela visualização de detalhes finos. Esse fluido pode danificar e cicatrizar a mácula, causando perda de visão. 170 milhões de pessoas no mundo vivem com a DMRI – estima-se que esse número aumentará para 288 milhões até 2040.
  

O edema macular diabético (EMD) é uma complicação comum nos olhos de pessoas com diabetes. O EMD ocorre quando níveis elevados de açúcar no sangue levam a vasos sanguíneos danificados no olho que vazam fluido para a mácula. Isso pode levar à perda de visão e, em alguns casos, à cegueira. Globalmente, 146 milhões de pessoas atualmente vivem com a retinopatia diabética (RD), que pode evoluir para uma condição mais séria, que é o edema macular diabético. O EMD afeta cerca de 27 milhões de pessoas globalmente.

 



Bayer



¹World Health Organization. (2003). Adherence to long-term therapies: evidence for action. World Health Organization. Disponível em: https://iris.who.int/handle/10665/42682.

²World Health Organization. (2019). World Report on Vision. Disponível em:

https://www.who.int/publications/i/item/world-report-on-vision

³Bula de Eylia disponível em: www.anvisa.gov.br

4Stewart MW, Rosenfeld PJ. Predicted biological activity of intravitreal VEGF Trap. Br J Ophthalmol. 2008 May;92(5):667-8.

5Papadopoulos N, Martin J, Ruan Q, et al. Binding and neutralization of vascular endothelial growth factor (VEGF) and related ligands by VEGF Trap, ranibizumab and bevacizumab. Angiogenesis. 2012 Jun;15(2):171-85.

6Tarallo V, De Falco S. The vascular endothelial growth factors and receptors family: Up to now the only target for antiangiogenesis therapy. Int J Biochem Cell Biol. 2015 Jul;64:185-9



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