Pesquisa inédita mostra que, para os mais
jovens, quem passa dos 60 anos vive cansado, usa bengala e gosta de fazer tricô
Vergonha
de ir à praia, de ter rugas, de caminhar devagar. Esses são os principais
temores de crianças e adolescentes quando se imaginam na terceira idade. É o
que mostra a fase qualitativa da pesquisa “Como os brasileiros encaram o
envelhecimento”, realizada pelo Instituto QualiBest, a pedido da Pfizer. A
etapa realizada com os mais jovens ouviu participantes de 10 a 17 anos, por
meio de uma interação digital. Já a fase anterior, de caráter quantitativo,
envolveu 989 adultos, entre 18 anos e 61 anos ou mais, de todas as regiões do
País. Ambos os trabalhos fazem parte da campanha institucional “Envelhecer sem
vergonha – qualidade de vida não tem idade, uma iniciativa da Pfizer que propõe
um novo olhar sobre a maturidade.
Além de
esboçarem preocupações estéticas, os pequenos também demonstram receios
relacionados a possíveis limitações físicas e à perda da autonomia no futuro.
“Sinto receio de que, com 70 anos, eu não consiga mais fazer coisas que fazia
antes”, afirma um menino, na faixa etária de 10 a 13 anos. Algumas crianças
acreditam que esse processo de desgaste físico ocorre já entre os adultos
jovens. “Sinto meu corpo cansado, difícil de me mover, doído”, diz uma criança
de 10 a 13 anos que foi incentivada a se imaginar aos 35. Apesar disso, é senso
comum entre os entrevistados a ideia de que “o envelhecimento é um processo
natural da vida”.
A pesquisa mostra ainda que o imaginário do público
infanto-juvenil está povoado de estereótipos. Para as crianças e jovens
ouvidos, quem passa dos 60 anos é aposentado, vive cansado, usa bengala e gosta
de fazer tricô, jogar baralho, conversar e ouvir música antiga. Além disso, na
visão desse grupo, seria surpreendente encontrar idosos que gostassem de tocar
guitarra, ler livros de suspense, andar de skate e jogar videogame.
“A imagem do idoso como
uma pessoa desocupada, que passa o tempo jogando baralho e fazendo tricô, está
muito ultrapassada”, afirma a psiquiatra Rita Ferreira, responsável pelo
Programa da Terceira Idade, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São
Paulo (USP). A médica atribui essa percepção infantil ao preconceito social
associado ao idoso. “Ele é resultado de um consenso que, embora nem sempre seja
verbalizado, fica subentendido e é absorvido pelas crianças e pelos adolescentes”,
completa a profissional, lembrando que, hoje, muitas pessoas continuam ativas,
inclusive profissionalmente, após os 60 anos.
Visão jovem
Embora vários estigmas permeiem a visão que crianças e
adolescentes têm do envelhecimento, de modo geral esse segmento considera a
velhice um motivo de orgulho e diz que a chegada à terceira idade deve ser
considerada uma conquista. Incentivado a imaginar uma conversa consigo mesmo
aos 70 anos, um adolescente escreveu: “Você conseguiu chegar a essa idade muito
bem, conseguiu tudo o que quis e sua vida foi muito incrível”.
Os entrevistados acreditam que, na vida adulta, terão concluído
os estudos, irão trabalhar, viajar e ter sua própria moradia. Também
chama a atenção o desejo por autonomia. Convidado a se imaginar quando estiver
na faixa etária entre 20 e 30 anos, um adolescente afirmou que nessa etapa da
vida estará “morando sozinho, comendo muita lasanha congelada”.
A importância da tecnologia é outro elemento marcante nas respostas
dos entrevistados. “Com mais de 65 anos vou aproveitar as novas tecnologias
para esticar a vida mais um pouquinho e viver com mais qualidade”, disse um
menino dessa mesma faixa etária entre 10 e 13 anos.
Aparência
Crianças e adolescentes valorizam as pessoas que, ao envelhecer,
se mantêm com boa aparência e saúde. Como principais referências públicas do
envelhecimento inspirador, destacam o apresentador e empresário Sílvio Santos,
por ter um espírito jovem aos 84 anos. O cartunista e empresário Maurício de
Sousa, criador da Turma da Mônica, é citado por levar adiante muitas
realizações aos 80 anos. Os entrevistados também apreciam celebridades que
aparentam ser mais jovens, como a apresentadora Xuxa, o cantor inglês David
Bowie e o ator norte-americano Will Smith.
A figura dos avós é a referência mais próxima que os jovens têm
dos idosos. A eles são associados atributos como ternura, amor e bom humor.
“Pensei nos meus avós. O que tem de legal nessas pessoas é a humildade e o
companheirismo. Acho que são um ótimo exemplo. Eu faria tudo igual a elas”,
declarou uma criança, entre 10 e 13 anos.
Pesquisa
e campanha
O levantamento integra a campanha “Envelhecer sem vergonha –
qualidade de vida não tem idade”, da Pfizer, que tem o propósito de mostrar o envelhecimento
como um processo contínuo, que depende de hábitos adotados ao longo da vida
toda e não se restringe às últimas décadas vividas. Para incentivar uma
reflexão positiva sobre a maturidade, a campanha conta com diversas ações
digitais, como um portal, uma fanpage e vídeos. Além disso, estão previstas
intervenções artísticas nas ruas da capital paulista.
“Realizamos essa
investigação para entender como diferentes gerações enxergam o envelhecimento,
tendo em mente que essa discussão se torna cada vez mais prioritária em uma
sociedade que envelhece em ritmo acelerado. Ao detectar os principais mitos
sobre a longevidade, é possível trazê-los para o debate e contribuir para uma
maior reflexão”, diz Eurico Correia, diretor médico da Pfizer.
A campanha brasileira faz parte de uma iniciativa global da
Pfizer lançada em 2012, nos Estados Unidos. Intitulada Get Old, ela reuniu
especialistas e diversas organizações para compartilhar diferentes abordagens
sobre o envelhecimento, incluindo mudanças no estilo de vida, com o objetivo de
ajudar as pessoas em seu processo de amadurecimento.
PFIZER