Especialista explica como lidar com atitudes de
pessoas que praticam positividade excessiva
Enxergar o lado bom de situações adversas é uma saída para amenizar os danos
emocionais que elas podem gerar. No entanto, exagerar nas atitudes positivas,
como uma espécie de repetição, pode ser uma lente perigosa para observar o
mundo.
A
positividade tóxica, muitas vezes confundida com otimismo, pode ser
extremamente prejudicial para quem pratica e, também, para quem convive com
pessoas que tendem a ter esse comportamento. E infringir ou reprimir todo e
qualquer sentimento negativo pode causar diversos efeitos psicológicos
negativos.
De
acordo com Eliana Santos de Farias, professora doutora coordenadora do curso de
Psicologia do Centro Universitário Braz Cubas, é incerto
afirmar de onde surge esse tipo de comportamento, mas ele está comumente
relacionado com questões psicológicas pessoais. “Seguramente está ali, no lugar de
algum tipo de defesa emocional. Assim, a pessoa não precisa acessar suas
inseguranças, imaturidade, conflitos e conhecimento raso ou inexistente sobre
si e sobre o outro, bem como evitar responsabilidades, sobre si inclusive”,
comenta.
Segundo a especialista,
a prática da positividade tóxica, nos dias atuais, está muito relacionada com o
desenvolvimento das relações entre influenciadores digitais e o público. Por
exemplo, com a disseminação de rotinas altamente produtivas, alimentações regradas,
metas facilmente alcançadas e avanços financeiros contínuos, sem considerar que
esses êxitos não dependem unicamente de iniciativa e empreendedorismo e ignoram
diversos marcadores sociais, como renda, entre outras variáveis.
O
resultado, afora mostrar alguma fragilidade no funcionamento emocional de quem
pratica a positividade excessiva, é o distanciamento do público em relação ao
outro. “Além de não contribuir para o enfrentamento das adversidades
cotidianas”, menciona Eliana.
Para romper com esse
ciclo prejudicial, a professora defende que é necessário posicionamento e
cautela: “É preciso entender que existem desigualdades bem reais em todo o
mundo, seja em condições sociais e econômicas ou em rede de apoio
socioemocional. É preciso se posicionar diante do que não nos faz bem”.
Por isso, a psicoterapia
é bastante recomendada nesses casos, uma vez que trabalha o autoconhecimento e
desenvolvimento de estratégias de enfrentamento assertivo e coeso. O tratamento
profissional pode ter resultados muito positivos, levando a comportamentos
pró-sociais e relações mais humanas e saudáveis consigo e com o próximo.
“É preciso compreender que avançamos não só em situações em que percebemos emoções e sentimentos positivos. De fato, quando me deparo com sensações, emoções ou mesmo sentimentos que nos parecem aversivos, temos aqui uma oportunidade de reconhecer nossos limites e aprender com eles. Quando isso acontece, estamos nos preparando para enfrentar situações semelhantes futuras e, assim, amadurecemos”, conclui.
Centro Universitário Braz Cubas
www.brazcubas.br
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