A transição para a
menopausa, período denominado climatério, é um momento de profundas
transformações na vida da mulher. Entre as diversas manifestações desse
período, as alterações na memória e na concentração se destacam por seu impacto
na qualidade de vida e no bem-estar emocional.
Muitas mulheres
relatam lapsos de memória, dificuldade para realizar multitarefas, e atenção
diminuída. Estudos indicam que mais de 60% das mulheres nessa fase têm queixas
relacionadas à cognição.
Embora a
sintomatologia do climatério seja individualizada, há várias alterações que
podem acometer a mulher nesta fase, como fogachos (ondas de calor), secura
vaginal, alterações da pele, irritabilidade, fadiga, depressão, problemas
cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, osteoporose, dislipidemia,
além de situações de estresse, como por exemplo ter de lidar com problemas de
filhos, “síndrome do ninho vazio”, sensação de envelhecimento, problemas
conjugais e profissionais.
A ciência ainda
não explicou totalmente as razões dessas alterações cognitivas, todavia os
sintomas coincidem com a deficiência de estrogênio, hormônio que desempenha
função em circuitos cerebrais relacionados à memória e à atenção, e sua
ausência pode aumentar o risco de doenças neurológicas cognitivas na mulher que
está envelhecendo.
Quando uma mulher
busca orientação médica para essas queixas, o primeiro passo do profissional
deve ser afastar ou tratar três condições prevalentes nessa etapa da vida que
podem piorar os problemas de memória: insônia, ansiedade e depressão. Essas
condições são mais frequentes nas mulheres e requerem atenção adequada.
É fundamental que
ginecologistas, geriatras e clínicos conscientizem suas pacientes de que esses
sintomas são corriqueiros e manejáveis. Embora a terapia de reposição hormonal
(TRH) não seja indicada especificamente para problemas de memória, ela pode ser
usada com critério, dentro da chamada “janela de oportunidade ou terapêutica”,
para aliviar sintomas relacionados ao hipoestrogenismo e melhorar a memória e,
consequentemente, a qualidade de vida.
Além disso, como
em todas as fases da vida, é importante estimular atividades físicas e mentais,
assim como o tratamento das condições já citadas, para redução do risco
cardiovascular, juntamente com alimentação equilibrada, controle do peso e
cessação do tabagismo.
Não há motivo para
pânico, mas é fundamental que as mulheres compreendam a importância de uma boa
avaliação médica. Saber identificar e tratar fatores de risco, ao mesmo tempo
em que se promove um envelhecimento ativo, é o caminho para minimizar o impacto
das alterações na memória e na concentração.
Com as orientações
adequadas, o climatério pode ser enfrentado com serenidade e confiança,
permitindo às mulheres viverem essa fase da vida com plenitude e bem-estar.
*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.
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