A disponibilidade obstétrica ajuda a manter o planejamento do parto e a controlar a ansiedade da futura mamãe
Karoline Meray Gomes Barbutti estava na trigésima
oitava semana de gestação quando precisou deixar o médico que havia acompanhado
todo o pré-natal do segundo filho dela e procurar outro profissional que
pudesse fazer o parto do hospital que ela havia escolhido. Ela se lembra com
detalhes de quando entrou no consultório da ginecologista e disse que precisava
de ajuda para a reta final da gestação. “Imediatamente, ela me disse que
faríamos um plano de parto e que ela estaria pronta para me ajudar em todos os
momentos. Senti tanta confiança naquela médica e não me arrependi”, conta
Karoline.
Thomas era o segundo filho de Karoline e a data
prevista para o parto era 27 de janeiro de 2022, mas no dia 16, a mãe entrou em
trabalho de parto. A bolsa rompida anunciava a chegada de Thomas e, claro, a
mudança de toda a estratégia traçada com a obstetra. “Eu liguei pra médica
desesperada... ela me tranquilizou e disse que já estava a caminho do
hospital”, relembra Karoline. O fato é que o segundo parto foi mais complicado
do que ela imaginava. A mãe foi diagnosticada com COVID-19 e o hospital não
permitia que o parto fosse normal e tentou transferir a paciente. “Foi um
horror! Eu fiquei em pânico e a minha médica foi quem resolveu tudo. Acionou a
diretoria, brigou pelos meus direitos e eu tive o meu filho no hospital que eu
tinha escolhido. Ela não apenas fez o meu parto, mas também me amparou nesse
momento complexo, relembra a paciente.
O drama de Karoline não parou por aí. Dois dias
depois do nascimento do filho, uma enfermeira alegou que a glicemia da criança
estava baixa e que o bebê precisava ser internado imediatamente. Karoline já
havia recebido alta e, mais uma vez, a médica entrou em ação e garantiu que a
mãe não deixasse o hospital sem o filho. “Ela é o nosso anjo da guarda. Ela fez
muito pela nossa família, conta Karoline emocionada.
A paciente vivenciou momentos de muita tensão desde
quando decidiu trocar o profissional que a acompanhava, mas foi amparada pela
disponibilidade da médica, um serviço oferecido por ginecologistas e obstetras
para garantir que o parto seja tranquilo e seguro mesmo não saindo conforme o
planejado.
No consultório médico, as ginecologistas e
obstetras Ana Carolina Massarotto e Isabela Simionatto sabem que esse é o
momento de estarem mais presentes na rotina das pacientes, para que as futuras
mamães possam ser amparadas e tranquilizadas. “As gestantes têm as mesmas
dúvidas, os mesmos medos e muitas vezes os mesmos gatilhos e quando elas não
são acolhidas, esses sentimentos tomam uma proporção imensa e prejudicam mãe e
bebê”, alerta Isabela. Segundo a ginecologista e obstetra, esse amparo pode
variar de mulher para mulher e, por isso, o médico precisa estar disponível.
“Isso significa que o médico vai precisar readequar a agenda diariamente para
atender aquela paciente sempre que necessário, porque a partir da 36ª semana,
qualquer dia pode ser o dia do parto”, explica Isabela.
Os casos de abandono médico, configurados como
violência obstétrica, são bastante comuns, especialmente na fase inicial da
gestação. No entanto, não são raros os casos de abandono a pacientes que
chegaram na 36ª semana e as justificativas são as mais diversas possíveis, a
começar da falta de entendimento entre médico e paciente sobre o valor a ser
pago pelo parto. Quando a mulher, nessa etapa da gestação, enfrenta uma situação
como essa, é preciso redobrar os cuidados. “A mulher que sofre esse abandono
por parte do profissional em quem ela confiava precisa de acolhimento imediato.
Esse é o primeiro passo. Na sequência, é preciso reorganizar o planejamento do
parto”, explica Ana Carolina.
A disponibilidade obstétrica é um serviço oferecido
pelos médicos que vem se mostrando cada vez mais necessário para evitar
situações de risco para as gestantes e os bebês. Optar por esse serviço,
significa ter o acompanhamento do médico até o momento em que a mulher receber
alta do hospital após ter o bebê. “É uma segurança para as gestantes e uma
programação importante para os médicos. É com base nessa agenda que ele vai
organizar compromissos pessoais e familiares, viagens e tudo mais, porque, naquele
momento, o que importa é a paciente, que pode demorar 1 hora ou 48 horas para
ter o bebê. E você, médico, precisa estar ali”, explica a ginecologista e
obstetra Isabela Simionatto.
O parto é um momento especial para as mulheres e delicado em função da sua complexidade, por mais simples que pareça. Nem todos os partos são fáceis, seguros e rápidos e o que é necessário lembrar é que todos eles têm algo em comum: uma mulher cheia de expectativas e experiências que podem ser gatilhos para insegurança. Por isso, o atendimento personalizado é tão necessário e, segundo as médicas, deveria ser um serviço oferecido a todas as mulheres também no SUS. “A mulher quer olhar pra equipe que está ali, ajudando no dia mais importante da vida dela, e reconhecer aquela escolha. Saber que a equipe estará por lá do começo ao fim. Isso é dignidade! Quando você não tem essa opção, você está à mercê de abordagens diferentes, que podem não refletir o seu desejo inicial, e de interpretações diversas. Isso gera insegurança”, alerta Ana Carolina.
Ana Carolina Massarotto - CRM 140.915, RQE 85.445 - Ginecologista e Obstetra, graduada pela Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, CRM Ginecologista e Obstetra pelo Hospital e Maternidade Celso Pierro da PUC-Campinas, especializada em endoscopia ginecológica pelo Hospital das Clínicas – USP, em Ribeirão Preto. Mestre em Ciências e Saúde pela PUC-Campinas, com a dissertação “Radioterapia parcial e acelerada de mama utilizando braquiterapia de alta taxa de dose para pacientes com estádio inicial de câncer de mama: análise uni-institucional.
@ana.massarotto_go
Isabela Simionatto – CRM 162.975, RQE 76.990 - Ginecologista e Obstetra, graduada pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, CRM 162.975. Ginecologista e Obstetra pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, especializada em Medicina Fetal. É titulada pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
@dra.isabelasimionatto
Nenhum comentário:
Postar um comentário