Nível de desconhecimento é diretamente influenciado pelo grau de escolaridade, raça, renda e sistema de saúde utilizado por cada mulher.
País registra tímido aumento na realização de mamografias em 2023, segundo
Panorama do Câncer de Mama
31% das mulheres brasileiras acima de 18 anos não estão bem-informadas sobre o
Câncer de Mama, é o que indica o Índice inédito de Conscientização do Câncer de
Mama, pesquisa de opinião encomendada pelo Instituto Natura,
que incorporou o Instituto Avon em julho deste ano, e conduzida pela empresa de
pesquisa Somatório Inteligência.
O
estudo, realizado com mulheres entre 18 e 70 anos, mostra os diferentes níveis
de conscientização sobre a saúde das mamas e os direitos relacionados ao tema e
reforça que o conhecimento está associado diretamente ao perfil socioeconômico
das brasileiras, abrangendo recortes de escolaridade, raça, renda e sistema de
saúde utilizado por cada mulher.
“As
desigualdades resultam na carência de informações essenciais sobre a saúde
mamária e nos mostram um quadro crítico no qual o cuidado com as mamas não é um
direito compreendido e acessado para todas as brasileiras. Nesse sentido, é
crucial que as políticas públicas e as campanhas de conscientização sejam
implementadas com foco na equidade, visando diminuir essas disparidades e
garantindo que todas as mulheres tenham acesso à informação e ao atendimento
adequado”, reforça Daniela Grelin, Diretora Executiva de Direitos e Saúde das
Mulheres e Comunicação Institucional do Instituto Natura.
De
acordo com o índice, mulheres que nunca frequentaram a escola ou que possuem
apenas o ensino fundamental incompleto não possuem informações básicas em
relação à saúde das mamas, com índice de 49% de desconhecimento. Já entre as
que têm o ensino superior completo, o índice de desinformação chega a apenas
15%. O mesmo contexto se repete com a renda familiar, quanto mais alta a renda,
maior o nível de conscientização. Entre as classes econômicas mais altas o nível
de informação considerada adequada chega a 34%. Já entre aquelas que possuem
renda mais baixa este número não ultrapassa 15%, ou seja, apenas uma entre 10
mulheres têm acesso à informação adequada quando se trata de autogestão em
saúde das mamas.
Entre
as mulheres que se declaram pretas ou pardas o nível de conhecimento adequado
alcança 24%, enquanto entre as mulheres brancas este número chega a 33%. A
pesquisa também evidencia diferenças relevantes entre usuárias do SUS e do
sistema privado de saúde. 38% das usuárias do sistema privado alcançaram níveis
adequados de conhecimento, ou seja, têm acesso às informações centrais sobre a
doença. Já entre as usuárias do SUS esse número não passa de 25%.
Quando
se trata de diagnósticos, mesmo entre aquelas mulheres que não tenham sido
diretamente acometidas pela doença, é perceptível que se trata de um quadro
clínico muito presente no cotidiano das brasileiras. Segundo o Índice, 7 em
cada 10 entrevistadas já tiveram alguém próximo com um diagnóstico de câncer de
mama. Dessa forma, os níveis de conhecimento alto e muito alto chegam a 32% das
mulheres que conhecem alguém que tem ou teve a doença. Enquanto entre as
mulheres que já tiveram câncer de mama este número chega a 64%.
Conscientização e o impacto na realização de exames preventivos
Novos
dados do Panorama do Câncer de Mama, estudo desenvolvido pelo
Instituto em parceria com o Observatório de Oncologia desde 2020, mostram um
tímido aumento na realização de mamografias em 2023 em relação à importante
queda de exames realizados nos anos de pandemia. Segundo a pesquisa, no ano
passado foi registrado crescimento de 5,7% em comparação a 2019, o que
representa um aumento de 4,2% em relação ao ano anterior. Vale ressaltar que
apenas em 2022, o número de produção de mamografias conseguiu superar a queda
importante que houve na pandemia, aumentando em 1%. As informações foram
coletadas a partir da divulgação anual de informações oficiais do DataSUS, a
base de dados do Sistema Único de Saúde, levando em consideração exames feitos
por mulheres nas faixas etárias de 50 a 69 anos.
Os
dados estão disponíveis no site do Panorama, desenvolvido para apoiar gestores
públicos a acessarem informações de forma clara e qualificada, por meio da
plataforma de integração de dados e analytics da Qlik. “Mais do que ter ricas
informações em mãos, é preciso que os dados tenham uma visualização simples e
atraente para todos. Ficamos felizes em poder contar com essa parceria que
fornece uma gestão de dados inteligente”, comenta Daniela.
“Ao
fornecer análises e descobertas que capacitam gestores, profissionais de saúde
e instituições a atuar com maior precisão no combate ao câncer de mama, a
plataforma de integração de dados e analytics da Qlik contribui diretamente
para a melhoria da saúde pública. A Qlik tem um imenso orgulho em fazer parte
deste projeto tão importante, usando a tecnologia para gerar um impacto
duradouro na vida de milhões de pessoas e suas famílias em todo o país”, afirma
Eduardo Kfouri, Vice-presidente e Gerente Geral da Qlik para a América Latina.
O
levantamento demonstra que, mesmo com os avanços nos últimos anos, o cenário
ainda preocupa. Isto porque, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que
a taxa de cobertura de exames atinja 70% do público-alvo - esse número é
calculado de acordo com o volume de exames realizados em um determinado período
e o número de mulheres na faixa etária alvo do rastreamento, no Brasil o número
é de apenas 23,4%, número que só em 2023 alcança os patamares já baixos em
2019. “Apesar de estarmos observando indícios de avanços no cenário brasileiro,
ainda é preciso estimular a realização da mamografia, que é o meio eficaz e
confiável para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Além disso, é crucial
esclarecermos que o autoconhecimento das mamas, praticada por meio do autoexame
ou toque das mamas, embora importante, não é suficiente para detectar a
doença”, analisa Daniela.
Ao
voltar o olhar para os dados do Índice de Conscientização do Câncer de Mama, 2
em cada 10 mulheres identificaram o autoexame como o principal exame para
investigar a suspeita de câncer de mama. No entanto, embora ele seja importante
para que a mulher esteja atenta aos sinais e possa buscar ajuda, o autoexame
não deve ser considerado o principal método de detecção. Consultas de rotina e
mamografias continuam sendo os meios mais eficazes e confiáveis para o
diagnóstico precoce da doença.
Com
relação ao conhecimento sobre a idade mínima para iniciar a mamografia sem
histórico familiar ou indicação médica, a pesquisa ressalta que 24% das
pesquisadas, seja entre as usuárias do SUS ou do sistema privado de saúde,
declaram não saber a idade correta para iniciar seus exames preventivos. Além
disso, 24% afirmam que a idade adequada seria abaixo dos 40 anos, quando na
verdade o ideal seria acima.
O
Índice de Conscientização também aponta que 64% da população feminina acima dos
18 apresentaram um índice de conhecimento médio ou alto a respeito da doença, o
que demonstra que o empenho dos órgãos públicos e organizações da sociedade
civil em promover campanhas sobre o tema ao longo dos anos tem colaborado para
levar informação para as mulheres.
“Escolhemos
lançar o Índice durante o Outubro Rosa para reforçar a importância da criação
de campanhas e iniciativas que ofereçam informação de qualidade sobre o câncer
de mama e direcionadas para a parcela da população que está menos informada.
Com base em evidências, poderemos criar campanhas mais efetivas e de fato
apoiar as mulheres que enfrentam mais dificuldades para acessar seus direitos à
saúde”, conclui Daniela.
Instituto
Natura
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