Em
parceria com o Centro Universitário São Camilo, o projeto investigará as
barreiras encontradas por pacientes jovens com câncer de mama, com o objetivo
de aprimorar políticas de saúde pública e otimizar o acesso ao tratamento
O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC
Oncologia), em colaboração com o Centro Universitário São Camilo, deu início ao
Estudo DIANA, uma iniciativa inovadora que visa investigar os desafios no
diagnóstico e tratamento do câncer de mama em mulheres jovens que utilizam o
Sistema Único de Saúde (SUS). Este projeto se torna ainda mais relevante diante
da alta incidência da doença entre mulheres no Brasil, refletindo a necessidade
de um olhar atento para essa faixa etária frequentemente negligenciada.
O projeto é liderado pela Dra. Lílian Arruda,
oncologista e gerente médica do IBCC Oncologia, e integra um programa de
iniciação científica desenvolvido por alunos do curso de Medicina do Centro
Universitário São Camilo. Iniciado em 2022, o estudo foca no perfil clínico,
epidemiológico e nos desfechos de pacientes com menos de 50 anos, buscando
entender melhor como essa população específica é afetada pela doença.
Com uma estimativa de 66.280 novos casos de câncer
de mama diagnosticados anualmente no Brasil, essa neoplasia é a mais comum
entre as mulheres no país. Apesar de ser tratável quando diagnosticado
precocemente, o câncer de mama ainda lidera a mortalidade feminina, sendo que
as metástases representam a principal causa de óbito. Mulheres com menos de 50
anos, que representam de 4 a 5% dos casos, frequentemente apresentam
prognósticos piores, já que muitas vezes são diagnosticadas em estágios mais
avançados da doença.
O Estudo DIANA foi criado para enfrentar esses
desafios e oferecer respostas concretas. O projeto investiga o intervalo entre
o surgimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico do câncer de mama, além de
analisar o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento. "O câncer
de mama em mulheres jovens tende a ser mais agressivo, e essas pacientes
frequentemente enfrentam barreiras para o diagnóstico precoce, já que não estão
incluídas nos programas de rastreamento voltados para mulheres acima de 50
anos", explica a Dra. Lílian Arruda.
A mamografia, que é o principal exame de rastreamento
do câncer de mama, é recomendada no Brasil para mulheres a partir dos 50 anos,
de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde. Porém, as jovens estão fora
dessa faixa etária, o que frequentemente resulta em diagnósticos em estágios
mais avançados, comprometendo suas chances de sobrevivência. "Nosso estudo
pretende mapear essas lacunas no atendimento, especialmente no que se refere ao
tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico e ao intervalo entre o
diagnóstico e o tratamento", acrescenta Arruda.
Além disso, o estudo terá como foco compreender a
sobrevida global dessas pacientes. Em muitos casos, o câncer de mama em
mulheres jovens tende a ser mais agressivo, resultando em desfechos geralmente
menos favoráveis do que em pacientes de idade mais avançada.
Um dos grandes diferenciais do Estudo DIANA é seu
foco em mulheres jovens, um grupo frequentemente negligenciado nas discussões
sobre políticas de saúde. Os pesquisadores acreditam que, ao entender os
fatores que atrasam o diagnóstico e o tratamento, será possível criar
protocolos mais eficazes e inclusivos para essas pacientes. "Esperamos que
os dados coletados possam impactar diretamente a formulação de políticas
públicas, especialmente no que diz respeito à criação de diretrizes mais inclusivas
e adequadas para as mulheres mais jovens", acrescenta a Dra. Lílian
Arruda.
O Estudo DIANA foi idealizado em 2021 e é
supervisionado pela Dra. Lílian Arruda. A pesquisa faz parte de um esforço mais
amplo para aumentar a conscientização sobre a importância de melhorar o
atendimento para mulheres jovens com câncer de mama no Brasil. O período de
coleta de dados foi encerrado, e os resultados estão previstos para serem
divulgados no primeiro semestre de 2025.
O câncer de mama continua sendo uma das principais
causas de mortalidade entre as mulheres, e a detecção precoce é essencial para
melhorar as taxas de sobrevivência. No Brasil, programas de rastreamento
começaram a ser implementados na década de 1990, com foco em mulheres a partir
dos 50 anos. Embora essas iniciativas tenham ajudado a reduzir a mortalidade em
algumas faixas etárias, as mulheres mais jovens ainda enfrentam desafios
significativos.
A falta de conscientização sobre o risco de câncer
de mama em mulheres jovens também é uma barreira. Muitas pacientes e, até mesmo
profissionais de saúde, podem subestimar a possibilidade de diagnóstico em
mulheres abaixo de 35 anos, o que contribui para diagnósticos tardios e,
consequentemente, para piores prognósticos. "O estudo não apenas visa
investigar esses atrasos, mas também proporcionar uma base de dados sólida para
criar campanhas de conscientização e programas de rastreamento mais
inclusivos", destaca a Dra. Lílian Arruda.
Os resultados do Estudo DIANA são aguardados com
grande expectativa, especialmente porque poderão impactar diretamente as
práticas clínicas e políticas de saúde pública no Brasil. O estudo pretende
gerar dados valiosos que possam ser utilizados para melhorar o acesso ao
diagnóstico precoce e ao tratamento, contribuindo para a redução das taxas de
mortalidade por câncer de mama, particularmente entre mulheres jovens.
Com a conclusão do estudo e a divulgação dos
resultados previstos para 2025, espera-se que as descobertas possam influenciar
positivamente a maneira como o Brasil enfrenta o câncer de mama entre mulheres
jovens, promovendo avanços na detecção e tratamento da doença e ajudando a
salvar vidas.
IBCC Oncologia
https://ibcc.org.br/
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