Os 43 voluntários tiveram acesso aos testes no ambiente
domiciliar, por meio de uma plataforma on-line
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No protocolo desenvolvido na
UFSCar, cuidadores treinados aplicam testes consagrados da fisioterapia no
ambiente doméstico e são auxiliados virtualmente por profissionais de saúde.
Objetivo é ampliar o acesso dessa população a tratamentos de saúde
Pesquisa conduzida na
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostrou que é possível adaptar
testes de mobilidade funcional e de força muscular para que sejam realizados no
ambiente doméstico, de forma remota. A proposta é atender pessoas idosas com
demência por telessaúde, a partir de um protocolo que envolve o treinamento de
cuidadores e a supervisão on-line de profissionais de saúde.
Testes de mobilidade funcional
e de força muscular são amplamente utilizados por fisioterapeutas e outros
profissionais que atuam na área da gerontologia para avaliar o processo de
envelhecimento, prescrever tratamentos ou exercício físico e avaliar o
resultado de intervenções terapêuticas em pessoas idosas.
“Os resultados obtidos nos
testes de modo remoto foram confiáveis. A grande contribuição deste trabalho
está em conseguir acessar de modo mais amplo a população de idosos com
demência, visto que a telessaúde traz facilidades práticas, tornando o
atendimento mais frequente e o acompanhamento da pessoa idosa mais completo”,
afirma Larissa Pires de Andrade, professora do Departamento de Fisioterapia da UFSCar e coordenadora do
estudo publicado na revista Geriatrics,
Gerontology and Aging.
Na avaliação de Andrade, fazer
testes de mobilidade funcional e de força muscular por telessaúde pode ser uma
alternativa para a avaliação dessa população, facilitando a prestação de
serviço a indivíduos que não têm condições financeiras ou físicas de se
deslocar até uma clínica. Também pode ser útil em situações que impedem as
pessoas de saírem de casas, como ocorreu durante a pandemia de COVID-19.
O estudo, fruto do trabalho de
doutorado de Carolina Tsen, faz parte de um projeto maior, liderado pelo
Laboratório de Pesquisa em Saúde do Idoso (LaPeSI) da UFSCar e financiado pela FAPESP, que visa testar programas de telerreabilitação para
idosos com demência.
“A confirmação de que é
possível fazer esses testes, tão comuns na prática clínica, de maneira remota é
o primeiro passo da nossa pesquisa, que envolve também a adaptação de processos
de reabilitação desses idosos com demência por telessaúde”, explica Andrade.
Metodologia
Durante o estudo
recém-publicado, 43 indivíduos com diagnóstico clínico de demência realizaram
de maneira remota, com o auxílio de cuidadores, testes que avaliam a mobilidade
funcional e a força muscular. Foram usados métodos consagrados da fisioterapia,
entre eles a Short Physical Performance Battery (Bateria Curta
de Desempenho Físico), uma série de avaliações para verificar fatores como
velocidade de marcha, equilíbrio estático e força de membros inferiores.
Os pesquisadores também
adaptaram outros três testes, dentre eles o 30 Seconds Sit to Stand (Sentar-Levantar
30 Segundos), que avalia quantas vezes nesse intervalo de tempo o indivíduo
consegue sentar e levantar de uma cadeira, o que permite aferir a força e a
resistência das pernas. Outros testes adaptados para o modelo remoto foram
o Time Up to Go (TUG, sigla para “Levantar e Ir”), que
consiste em levantar de uma cadeira, caminhar três metros de distância, virar,
caminhar de volta e sentar-se novamente; e o Time Up Dual Task (TUG
Dupla Tarefa), em que o indivíduo realiza a mesma movimentação do Time
Up to Go enquanto responde a perguntas.
Os voluntários tiveram acesso
aos testes no ambiente domiciliar, por meio de uma plataforma on-line. Antes
disso, os cuidadores receberam uma capacitação para aplicá-los. As avaliações
foram feitas com participação on-line e em tempo real de um profissional de
saúde capacitado para esclarecer dúvidas.
Andrade explica que, no caso de
pessoas com demência, a realização desses exames físicos, tanto na forma
presencial quanto remota, pode representar um desafio, visto que os
comprometimentos cognitivos, como prejuízos à memória e à atenção, podem
resultar em dificuldades para entender o que está sendo solicitado.
“Por isso, além de todo o
treinamento com os cuidadores e da preparação do espaço doméstico para as
avaliações, foi preciso adaptar os comandos verbais. Eles ficaram mais simples,
ditos de forma pausada e curta para que as pessoas idosas com demência pudessem
compreender o que estava sendo pedido. Isso foi essencial para que houvesse um
desempenho satisfatório nos testes”, diz.
O artigo Adaptation and
reliability of tests of functional mobility and muscle strength using
telehealth for older people with dementia pode ser lido em: https://ggaging.com/about-the-authors/1830/en-US.
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/metodologia-permite-testar-de-forma-remota-a-mobilidade-e-a-forca-muscular-de-idosos-com-demencia/52528
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